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É de lamentar que se tenha desinvestido na reabilitação com tanto património construído por reabilitar

5 de janeiro de 2022

José Cardoso Botelho, CEO da Vanguard Properties, admite que para 2022 os principais focos de preocupação face ao prolongamento da pandemia, mantém-se o tema da falta de mão-de-obra, manutenção de alguma disrupção das cadeias logísticas e consequentemente dos preços, e o tema do licenciamento urbanístico.

Para o maior promotor imobiliário do país, em 2021, o sector da construção a par da promoção mostraram ser os mais resilientes da economia nacional, o que deverá ser motivo de evidente orgulho e relevância tendo em consideração a importância no PIB nacional.

Como o mercado imobiliário enfrentou 2021 e a pandemia que afetou o mundo e o imobiliário português?

A Vanguard Properties e vários dos nossos colegas do setor, enfrentámos 2021 com elevada confiança, dedicando máxima energia e recursos para que o ano fosse de crescimento do sector. E, com efeito, alcançámos não apenas nós, mas também o setor, resultados muito positivos a todos os níveis, desde logo, no crescimento das vendas a clientes nacionais e estrangeiros. Contribuiu para este resultado, um acréscimo da equipa de vendas e maior presença no on-line.

Apraz-nos registar que o sector da construção a par da promoção mostraram ser os mais resilientes da economia nacional, o que deverá ser motivo de evidente orgulho e relevância tendo em consideração a importância no PIB nacional.

Quais os pontos positivos e negativos para o sector?

Os pontos positivos foram claramente o acréscimo da procura nacional e estrangeira e maior disponibilidade dos bancos para financiar novas operações de investimento em condições quase iguais à fase pré-pandémica. Os negativos, entre outros, foram as sucessivas vagas da pandemia gerando incertezas e dificuldade de viajar, crescente escassez de mão-de-obra, variação inaudita nos preços da construção, atrasos nalgumas entregas de matérias-primas e,  atrasos adicionais nos processos de licenciamento e de emissão de licenças. Por fim, deverá ser ressaltado o contributo negativo das alterações ao programa dos ARI’s (Golden Visa).

O que podia ter sido feito e não foi? 

Claramente, a flexibilização dos processos de concessão de vistos de trabalho por parte do SEF, bem como agilização dos processos de residência. No primeiro caso, é uma necessidade premente para a nossa economia, considerando a falta de mão-de-obra. No segundo, é uma questão de ética e de responsabilidade, especialmente para quem já investiu e cumpriu as obrigações assumidas para com o Estado Português.

Terminar com o AIMI e clarificar o tema da taxa de IVA aplicável à reabilitação dentro das ARU são outras das situações que podiam ter sido revistas e não foram. Refira-se ainda a necessidade de reforço nas principais edilidades (departamentos urbanísticos), visando a agilização do licenciamento.

Por fim, considerando os atrasos no licenciamento e nas obras, aumentar o prazo para conclusão das obras e recuperação do IMT. 

E para 2022? Perante uma nova vaga com uma nova variante do vírus, quais as principais preocupações e as possíveis consequências para o mercado imobiliário?

Os principais focos de preocupação face ao prolongamento da pandemia, mantém-se o tema da falta de mão-de-obra, manutenção de alguma disrupção das cadeias logísticas e consequentemente dos preços, e o tema do licenciamento urbanístico.

É de lamentar que, havendo tanto património construído por reabilitar, nos últimos anos tenha decrescido o investimento nesta área, o que não faz o menor sentido, nem será a melhor forma de atingirmos os objectivos enunciados no “Green Deal”.

Por fim, a introdução de novos requisitos ao nível de sustentabilidade, acumulados com os enormes aumentos do custo de produção, poderá inviabilizar a construção para determinados segmentos. 

https://www.diarioimobiliario.pt/Actualidade/Resiliencia-e-a-palavra-que-define-o-mercado-imobiliario-portugues-em-2021