Investimento imobiliário continua a ser dos investimentos mais seguros que existem
Para João Sousa, CEO da JPS Group, o luxo acessível para pessoas reais origina o sucesso de vendas dos empreendimentos. Isto, porque existe pouca oferta de construção nova de qualidade a preços acessíveis.
O promotor imobiliário português admite que encontrar novas soluções para agilizar os processos de licenciamento de obras e processos inerentes à obtenção de licenças de utilização, são das medidas mais úteis em termos de aumento de projectos imobiliários. Realçando o bom desempenho do mercado imobiliário em 2021 e face ainda à insistência de novas vagas com novas variantes do coronavírus, refere que todos têm de estar empenhados em fazer com que a máquina não pare.
Como o mercado imobiliário enfrentou 2021 e a pandemia que afectou o mundo e o imobiliário português?
A pandemia teve naturalmente um impacto no mundo e por consequência em todos os mercados. O sector imobiliário também foi afectado directa ou indirectamente, mas apesar de tudo, foi dos mercados mais resilientes. Continuaram a vender-se casas, até porque milhões de pessoas em todo o mundo ficaram, de um dia para o outro, confinados em casa, para tentar conter o avanço do Covid-19, o que fez com que existisse uma consciência global de que as casas tinham um papel muito mais importante na vida de cada um, do que até aí se pensava. Mudou o paradigma da habitação, as pessoas começaram a procurar casas com espaços exteriores, com mais divisões, escritório, mais luz, melhor ventiladas, e sobretudo deixou de ser tão importante viver no centro da cidade e as pessoas começaram a olhar para projetos em zonas menos povoadas e que ofereciam melhores condições de vida a preços mais baixos.
Estas mudanças vieram impulsionar o negócio de venda de imóveis, e Portugal conseguiu manter-se atractivo tanto pela procura das famílias, quer pela dos investidores. Relativamente aos investidores estrangeiros, começou a notar-se uma recuperação em fins de 2020 e durante o ano de 2021.
No geral, o mercado imobiliário português teve um bom desempenho, principalmente o sector residencial, em que a procura de habitação excede a oferta existente. Para isso contam factores como o desenvolvimento de plataformas digitais relacionadas com a procura de casa, assim como as condições atractivas de acesso ao crédito habitação.
O facto de haver pouca oferta de construção nova de qualidade a preços acessíveis, é também um motivo de haver mais procura nesta área do que oferta, e a uma maior dinâmica, por exemplo sempre que a JPS Group lança um empreendimento novo. O luxo acessível para pessoas reais é o que faz de nós líderes de mercado nesta área e é sempre esse o nosso foco enquanto promotores imobiliários.
Quais os pontos positivos e negativos deste ano para o sector?
Entre os pontos positivos destacamos o facto de, apesar de todas as adversidades provocadas pela pandemia, ter continuado a haver procura como referi anteriormente, e ter inclusive aumentado a consciência de que o investimento imobiliário continua a ser dos investimentos mais seguros que existem. O facto de ter retomado a procura por parte dos investidores estrangeiros, foi também um ponto bastante positivo a destacar. As condições de acesso ao crédito à habitação, bastante atractivas com juros e spreads baixos, e as políticas relacionadas com as moratórias, tiveram também um impacto positivo nesta área. Quanto a pontos negativos, temos os atrasos das obras, transversal praticamente a todo o sector, pois tem havido escassez de mão-de-obra e de materiais de construção, e nesta sequência um aumento do custo das mesmas. Continuamos a ter uma burocracia excessiva no que concerne às entidades licenciadoras, o que atrasa muitas vezes não só o início dos projectos, mas também o desenvolvimento dos mesmos, e no fim compromete fortemente a entrega dos imóveis. Todos os processos de licenciamento sofreram ainda maiores atrasos com a pandemia.
Outra questão ainda não debatida o suficiente e não ultrapassada, embora esteja a haver um grande esforço por parte da APPII para dar visibilidade a este tema, é o facto do IVA na construção nova ser de 23% o que faz com que seja muito complicado ter preços baixos quando sofremos esse impacto directo nos materiais da construção.
Com o aumento de preços dos materiais no tempo de pandemia este problema ainda se agravou mais e ainda é maior o impacto no preço final. A JPS Group tem feito um enorme esforço para lançar empreendimentos de qualidade a preços para pessoas reais, mas não nos podemos, nem temos obrigação de nos substituir ao Estado, pelo que é urgente que este tema seja debatido pelas entidades responsáveis.
O que podia ter sido feito e não foi?
Encontrar novas soluções para agilizar os processos de licenciamento de obras e processos inerentes à obtenção de licenças de utilização, são das medidas mais úteis em termos de aumento de projectos imobiliários. Quando um promotor nacional ou estrangeiro, estuda a aquisição, por exemplo, de um terreno por lotear, ou até loteado, mas sem licença de Construção, nunca sabe qual é a realidade quanto ao tempo que vai necessitar para iniciar a construção desse projecto. Regra geral pode demorar anos o que leva a um desinteresse grande por parte dos promotores em lançar mais empreendimentos para o mercado. O tema dos impostos que já referi, é outro dos pontos que não foi feito e que deveria ter sido.
E para 2022? Perante uma nova vaga com uma nova variante do vírus, quais as principais preocupações e as possíveis consequências para o mercado imobiliário?
O mundo está muito mais preparado agora para este vírus do que em 2019 aquando do surgimento da primeira estirpe quando tudo era desconhecido, pelo que penso que vamos ter que nos habituar e conviver com este tipo de situações por muito tempo.
Têm surgido várias mutações do vírus, mas julgo que não podemos nem devemos entrar em alarmismos desnecessários, além de que a ciência tem desenvolvido respostas eficazes a um ritmo muito rápido. A acrescentar a isto, temos que destacar o facto de a taxa de vacinação em Portugal ser até uma das mais elevadas do mundo e isso traduz-se numa mais-valia até na forma como os investidores estrangeiros vêem Portugal em relação à percepção de segurança em questões de saúde pública. Julgo que o mundo tende a normalizar, dentro do possível e com os cuidados necessários, e só assim vamos evitar um possível colapso da economia a nível mundial. Temos que estar todos empenhados em fazer com que a máquina não pare. Dito isto, reitero que o sector imobiliário é dos setores mais seguros em termos de investimento, por isso nada me faz crer que vá existir uma regressão no sector. Quanto a nós JPS Group, estamos já a olhar para um novo projecto, um novo conceito, e vamos ter novidades em 2022.