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Desfasamento entre oferta e procura na compra de casa, só em Lisboa ultrapassa os 100%

13 de novembro de 2025

A nível nacional, o preço médio das casas anunciadas situa-se nos 436,667€, enquanto o valor médio procurado pelos utilizadores ronda os 198.061euros (€), o que representa um desfasamento de 82%. Em Lisboa ultrapassa os 100%, revela o mais recente relatório do Imovirtual.

De acordo com o portal imobiliário, os resultados mostram que, apesar de alguma estabilização em certas regiões, o mercado imobiliário português continua a revelar um fosso significativo entre os preços de oferta e as expectativas dos compradores, especialmente nas zonas mais dinâmicas do país.

Os resultados confirmam que os preços continuam muito acima da média nacional e do que os portugueses estão dispostos a pagar, reflectindo um desajuste estrutural entre o poder de compra e a valorização do imobiliário. Em Lisboa, esta diferença é particularmente acentuada: os imóveis são colocados no mercado por uma média de 671.667€, face aos 316.853€ procurados — mais do que o dobro. Segue-se Leiria, com casas anunciadas a 399.206€ e uma procura média de 205.605€. Também Faro (552.017€ vs. 311.193€), Setúbal (480.333€ vs. 284.660€), Coimbra (273.333€ vs. 161.272€), Aveiro (384.933€ vs. 228.554€) e Porto (434.113€ vs. 263.671€) mantêm desequilíbrios expressivos, demonstrando que o litoral continua a concentrar os maiores contrastes entre a oferta e a procura.

De forma geral, os dados apontam para um cenário de desalinhamento persistente entre a valorização do mercado e o orçamento das famílias, com o preço médio nacional da oferta ainda muito distante dos valores que os utilizadores pesquisam no portal.

Por outro lado, há distritos onde o equilíbrio é mais evidente. Em Bragança, os imóveis são anunciados a 103.333€ e procurados a 99.026€; na Guarda, a oferta média é de 107.500€ face a uma procura de 102.557€; e em Portalegre, os valores situam-se nos 127.000€ e 108.192€, respectivamente. Estes distritos registam as menores diferenças entre os preços anunciados e procurados, refletindo mercados mais estáveis e ajustados ao poder de compra local. Estas regiões, tradicionalmente menos pressionadas pela procura externa e turística, evidenciam uma maior coerência entre o preço real de mercado e as expectativas dos compradores.

O interior do país, no seu conjunto, apresenta uma dinâmica mais equilibrada, sugerindo que as oportunidades de aquisição de habitação acessível permanecem fora dos grandes centros urbanos. Em contrapartida, Lisboa, Porto e Faro continuam a concentrar as discrepâncias mais elevadas, em linha com o seu peso demográfico, económico e turístico, o que contribui para sustentar valores de oferta que se afastam cada vez mais do orçamento médio das famílias portuguesas.

Segundo o estudo do Imovirtual, este cenário confirma a continuidade do desajuste entre oferta e procura. O desfasamento nacional atinge agora cerca de 82%, um aumento face aos 67% registados no primeiro trimestre, evidenciando que o mercado permanece distante de um ponto de equilíbrio entre o preço pedido e o valor que o comprador médio está disposto — ou consegue — pagar. A valorização dos imóveis continua a ser impulsionada pela escassez de oferta em determinadas zonas, pela pressão da procura internacional e pela percepção de que o imobiliário é um investimento seguro, o que tem travado uma descida mais expressiva dos preços médios anunciados.

Ainda assim, verifica-se uma maior racionalidade na procura, com os compradores a ajustarem as suas expectativas de preço e localização, privilegiando cada vez mais zonas periféricas ou cidades médias, onde é possível conciliar espaço, acessibilidade e valor.