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Habitação - comprar casa - Freepik

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Comprar casa em Portugal custou mais 20% em 2025 face a 2024

29 de dezembro de 2025

Comprar casa em Portugal custou, em média, 420.000 euros em 2025, mais 20% do que em 2024. No arrendamento, valores médios sobem para 1.300 euros, com aumentos mais expressivos em distritos tradicionalmente mais acessíveis, revela o barómetro do Imovirtual.

Nos seus mais recentes resultados, o portal imobiliário indica que ao longo de 2025, o mercado imobiliário português manteve uma trajectória de valorização, embora com comportamentos distintos entre os segmentos de compra e arrendamento. Comprar casa tornou-se substancialmente mais caro, enquanto o arrendamento cresceu de forma mais moderada à escala nacional, mas com aumentos significativos em vários territórios fora dos principais centros urbanos.

No segmento da venda, o preço médio anunciado passou de 350.000 euros em 2024 para 420.000 euros em 2025, o que representa um crescimento anual de +20%, correspondente a um acréscimo de cerca de 70.000 euros. Esta subida foi transversal a grande parte do país e reflecte a combinação entre escassez de oferta, procura persistente e valorização estrutural de vários mercados regionais.

Já no arrendamento, o valor médio nacional subiu de 1.250 euros para 1.300euros, traduzindo-se num aumento mais contido de +4% (+50 euros face a 2024). Apesar desta variação moderada no agregado nacional, os dados revelam deslocações relevantes da pressão do mercado, com aumentos mais acentuados em distritos que, historicamente, apresentavam rendas mais acessíveis.

Em 2025, o crescimento do arrendamento foi menos concentrado nos grandes centros e mais visível em mercados intermédios e periféricos 

A Guarda destacou-se como o distrito com maior subida anual, com o valor médio a aumentar 31%, passando de 400 euros para 525 euros. Também São Miguel, nos Açores, registou um aumento expressivo de 25%, subindo de 800 euros para 1.000 euros.

No Norte, Vila Real apresentou uma das maiores valorizações do país, com um crescimento de 22%, passando de 490 euros para 600 euros, enquanto Bragança subiu 15%, para 550 euros. Aveiro manteve uma trajectória de crescimento mais moderada (+6%, para 900 euros), ao passo que o Porto foi um dos poucos distritos a registar uma descida anual, passando de 1.200 euros para 1.150 euros.

No Centro, além da Guarda, Santarém valorizou 7%, fixando-se nos 800 euros, e Leiria subiu para 827,5 euros (+3%). Lisboa, apesar de continuar a ser o distrito mais caro do país para arrendar, apresentou uma evolução praticamente estável, com uma variação residual de +0,3%, fixando-se nos 1.655 euros, sinalizando uma estabilização em níveis elevados.

No Sul, a pressão no arrendamento manteve-se particularmente visível em Faro, onde o valor médio subiu 14%, de 1.100 euros para 1.250 euros, e em Évora, que registou um aumento de 13,5%, para 965 euros. Em sentido inverso, Beja apresentou uma ligeira descida anual (-3%), enquanto Setúbal e Portalegre permaneceram estáveis.

Nas Ilhas, a Madeira reforçou a sua posição entre os mercados mais caros do país, com o valor médio de arrendamento a subir 10%, para 1.650 euros, enquanto várias ilhas mantiveram valores estáveis ao longo do ano.

No mercado de compra, a valorização foi mais intensa e generalizada

Lisboa manteve-se como o distrito mais caro do continente, com o preço médio anunciado a subir 30%, de 499.000 euros para 650.000 euros, representando um acréscimo absoluto de 151.000 euros.

Ainda no Centro, Santarém destacou-se com uma valorização de 30%, passando de 185.000 euros para 240.000 euros, enquanto Coimbra subiu 24%, para 260.000 euros. Leiria e Viseu também registaram aumentos relevantes, reforçando a tendência de valorização fora dos grandes polos metropolitanos.

No Sul, o crescimento manteve-se sólido. Beja registou uma das maiores subidas do país (+30%), passando de 145.000 euros para 189.000 euros, enquanto Portalegre subiu 21%, para 120.000 euros. Faro consolidou-se entre os mercados mais caros, com o preço médio a atingir 530.000 euros (+19%), e Setúbal valorizou 20%, fixando-se nos 460.000 euros.

No Norte, Braga (+17%) e Aveiro (+16%) lideraram as valorizações regionais, enquanto o Porto subiu 13%, para 404.250 euros, mantendo-se como o distrito mais caro da região. Bragançafoi o único distrito do país a registar uma descida anual no preço médio de venda (-5%), fixando-se nos 115.000 euros.

Nas regiões autónomas, a evolução dos preços médios foi marcada por subidas significativas nos mercados com maior peso e dinâmica. A Ilha da Madeira registou um aumento de +19%, passando de 485.000 euros para 575.000 euros, enquanto Porto Santo apresentou uma valorização de +37%, fixando-se nos 480.000 euros. Já São Migueldestacou-se com uma subida de +35%, alcançando os 390.000 euros. Estes resultados refletem a combinação entre procura consistente, atratividade turística e limitações estruturais da oferta, que continuam a pressionar os preços médios anunciados nos principais mercados insulares.

“O que os dados de 2025 nos mostram é um mercado cada vez mais fragmentado e desigual, onde a pressão sobre a compra se mantém elevada e obriga a procura a redistribuir-se por outros territórios. A valorização já não é um fenómeno exclusivo dos grandes centros urbanos e começa a refletir uma mudança estrutural na forma como os portugueses procuram casa, seja por necessidade, seja por adaptação às limitações da oferta”, sublinha Tiago Ferreira, Head of Operations Real Estate Portugal, Imovirtual & OLX.

O barómetro anual de 2025 confirma um mercado imobiliário fortemente pressionado no segmento da compra, com uma valorização média de +20%, e um arrendamento que cresce de forma mais contida, mas com sinais claros de deslocação da procura para territórios tradicionalmente mais acessíveis. A leitura global aponta para um mercado cada vez mais heterogéneo, onde a valorização já não se limita aos distritos habituais e onde as assimetrias regionais continuam a marcar a evolução dos preços.