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CCDR do Algarve defende continuação da alta velocidade espanhola até Faro

3 de novembro de 2022

O presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve, gostava que na próxima Cimeira Ibérica, em Viana do Castelo, houvesse avanços no projecto para continuar a linha ferroviária de alta velocidade Madrid-Sevilha até Huelva e Faro.

As questões de mobilidade entre o Algarve e a Andaluzia, no sul de Espanha, são a matéria que José Apolinário, em entrevista à agência Lusa, considera mais importante para a região sul do país e que gostaria de ver discutida na reunião entre os governos de Portugal e Espanha que se realiza em 4 de Novembro.

“A continuação do corredor ferroviário Mediterrânico até Faro faz todo o sentido do ponto de vista europeu”, disse José Apolinário à agência Lusa.

A construção da nova linha de alta velocidade tem sido defendida pelas autoridades regionais e tecido empresarial do Algarve e da Andaluzia e o Governo português tem mostrado abertura para falar sobre a questão, mas do lado do executivo socialista, em Madrid, tem havido pouca recetividade para se abordar a matéria.

José Apolinário gostaria que fosse aprovado o “quadro institucional” para assegurar o acompanhamento da construção da ponte entre Alcoutim e Sanlúcar de Guadiana

José Apolinário também gostaria que na Cimeira Ibérica fosse aprovado o “quadro institucional” para assegurar o acompanhamento da construção da ponte entre Alcoutim e Sanlúcar de Guadiana, uma infraestrutura de caráter internacional financiada no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) de Portugal.

Sendo uma ligação internacional, as duas capitais têm competências próprias, mas do lado de Espanha há outras mais repartidas, como por exemplo questões ligadas a construção de acessos em zonas protegidas, que são competência das autoridades regionais.

O presidente da CCDR do Algarve defendeu ainda o “desenvolvimento da cooperação” no quadro da ‘economia azul’ que tem sido abordado no projeto de natureza estratégica Atlazul.

O projecto, que tem 18 entidades parceiras (11 espanholas e sete portuguesas) oriundas do Alentejo, Algarve, Andaluzia e Galiza, pretende viabilizar “novas oportunidades de investimento empresarial e melhoria da competitividade, a aquisição de conhecimentos na área da informação marinha ou a identificação do potencial de ‘crescimento azul’ em cada região no quadro de uma Aliança Marítima Atlântica”.

Entre esses projetos estão a “valorização” do Rio Guadiana através da promoção da navegação de recreio marítimo-fluvial, assegurando a navegabilidade entre Vila Real de Santo António e Mértola, no distrito de Beja, e também o desenvolvimento de rotas de cruzeiros entre o Algarve e a Andaluzia.

As alterações climáticas e o combate aos incêndios florestais são outra área de interesse para o Algarve e Andaluzia

As alterações climáticas e o combate aos incêndios florestais são outra área de interesse para o Algarve e Andaluzia, nomeadamente, através do apoio ao projeto Cilifo, com o objetivo de melhorar a capacidade de resposta para enfrentar o flagelo por parte das entidades e autoridades implicadas no seu combate nas três regiões participantes: Algarve, Alentejo e Andaluzia.

O presidente da CCDR do Algarve também gostaria de ver dinamizada a difusão do património cultural em rede entre as regiões do Algarve, do Alentejo e da Andaluzia, com as entidades de Cultura e Turismo e com os municípios, incluindo também a mobilização de agentes culturais.

José Apolinário recordou que “um dos grandes desafios” para o Algarve e para Portugal é a execução de uma “gestão inteligente da água”, sendo necessário “salvaguardar os princípios e os equilíbrios” da Convenção de Albufeira, um acordo internacional que, referiu, “tem de ser atualizado”.

A Convenção de Albufeira, assinada em 1998, substituiu vários instrumentos anteriores, reforçando a cooperação entre os dois Estados ibéricos para a gestão de bacias hidrográficas partilhadas.

Finalmente, o dirigente lamentou que os governos de Portugal e de Espanha não tenham, até agora, conseguido que “numa parte ou nalguma parte” da Cimeira Ibérica possam também participar as autoridades regionais dos dois países (as CCDR portuguesas, comunidades autónomas espanholas e associações nacionais de município).