Ainda e sempre a formação

Sei que não é propriamente uma estreia de tema nos meus artigos que vou escrevendo por aqui, mas continuo a achar importante afirmar e reafirmar a importância da formação certificada para os consultores imobiliários e, igualmente importante, para quem a ministra. Deixem-me por favor, voltar a repetir para que fique bem claro: enchemos a boca a falar da importância dos consultores imobiliários terem formação adequada, que possa dar-lhes as ferramentas essenciais para o desempenho da profissão. Mas, quantas vezes, nos esquecemos que é igualmente importante que, quem dá a formação, seja o profissional mais adequado para o fazer? E, já agora, que tenha certificações que o atestem e não seja apenas o pobre coitado do diretor comercial a quem o broker “pediu” que desse uns bitaites aos novos consultores que chegam? Ou mesmo, aquele amigalhaço da outra agência e da outra marca que, numa manhã, vai lá dizer de sua justiça sobre as maravilhas da profissão?

Está bem de ver que não pode ser assim. E, é por isso, que, cada vez mais, a formação certificada é essencial para valorizar a profissão, credibilizando e impulsionando este sector. Felizmente, há marcas que há muito perceberam que quanto mais apostarem na formação dos seus consultores e dos seus quadros, mais benéfico é. Essas marcas já compreenderam que, nos dias de hoje, a formação certificada emerge como um pilar fundamental para o sucesso e a valorização de todo os profissionais e, em particular, dos consultores imobiliários. E é também por isso que acredito que uma formação exigente, com acompanhamento permanente e atualizações periódicas, pode moldar o presente e o futuro da profissão e do sector como um todo. Um caminho que, pelo que vou vendo, não estou sozinho.

A formação certificada proporciona aos consultores imobiliários um conhecimento aprofundado das práticas, regulamentações e tendências do mercado. Isso não apenas melhora as suas competências técnicas, mas também os capacita para oferecer um serviço de qualidade e excelência aos seus clientes. A expertiseadquirida contribui para a tomada de decisões informadas e a resolução eficaz de desafios, estabelecendo-se assim um padrão elevado de competência profissional.

Se o que descrevi no parágrafo anterior acontecer, de forma permanente e regular, isso traduz-se num benefício para o próprio, mas também para os seus clientes, nomeadamente os novos que possam surgir. Um profissional certificado é um profissional cuja credibilidade é mais dificilmente colocada em causa. E, como sabemos, neste mercado competitivo, o consultor que se equipa com as melhores armas é visto pelos clientes como um profissional mais qualificado e confiável do que aquele que não as tem. Numa decisão que tantas vezes é emocional como é a compra ou venda de uma casa, todos os que aqui andam já perceberam bem que a escolha do profissional que pode orientar os clientes nesta decisão é tudo menos emocional, mas sim racional. Os clientes, muitas vezes, procuram profissionais qualificados e confiáveis para orientá-los em negócios significativos, e a presença de certificações reforça esta confiança. E, voltamos sempre a mesmo: como sabemos, a confiança é vital para estabelecer relações duradouras e positivas, favorecendo a fidelização do cliente e referências futuras.

Acredito também por isso que, num mercado cada vez mais competitivo (e 2024 vai, seguramente, exigir o melhor de nós próprios), o caminho para procurar formação certificada, dada por quem percebe do que está a falar, será, sempre, um diferencial estratégico para os consultores que querem prosperar a longo prazo, contribuindo, obviamente, para a sustentabilidade (e credibilidade) desta profissão.

Se ainda não ficaram convencidos da importância da formação, deixo mais esta acha para a fogueira: a formação certificada não beneficia apenas os consultores individualmente, mas também desempenha um papel crucial no desenvolvimento do sector imobiliário como um todo. Como? Não tenho quaisquer dúvidas que profissionais de excelência contribuem para a profissionalização do mercado, promovendo práticas éticas, transparência e padrões elevados de serviço. Essa contribuição coletiva eleva a reputação coletiva do sector e fortalece a confiança do público, contribuindo significativamente para a criação de um sector mais robusto, ético e adaptável às exigências do mercado contemporâneo. Então porque é tão difícil fazemos esse caminho? Uma resposta que pretendo dar num dos próximos artigos.

Francisco Mota Ferreira

francisco.mota.ferreira@gmail.com

Coluna semanal à segunda-feira. Autor dos livros “O Mundo Imobiliário” (2021), “Sobreviver no Imobiliário” (2022) e “Crónicas do Universo Imobiliário” (2023) (Editora Caleidoscópio)

*Texto escrito com novo Acordo Ortográfico