O que os lisboetas querem para a Praça do Martim Moniz
Entre as mil propostas que a Câmara de Lisboa recebeu no âmbito do processo participativo para a requalificação da Praça do Martim Moniz, as ideias mais repetidas estão relacionadas com “jardim”, além da cultura e da segurança.
De acordo com uma nota do gabinete do vereador com os pelouros do Planeamento, Urbanismo, Relação com o Munícipe e Participação, Ricardo Veludo, da análise estatística efetuada às 1.009 propostas apresentadas na primeira fase do processo participativo “no topo das preocupações para a futura requalificação da praça” estão uma “requalificação verde (jardim e/ou zonas ajardinadas)” e a existência de equipamentos colectivos, como quiosques/esplanadas, parque infantil e equipamentos desportivos.
Cultura e multiculturalidade
Na lista das “ideias mais frequentes” para a requalificação do Martim Moniz estão ainda a cultura e multiculturalidade, a mobilidade (circulação rodoviária e acesso pedonal) e “melhorias na vivência”, em particular segurança e higiene urbana.
“Quando questionados sobre ‘as primeiras palavras que lhe vêm à cabeça quando imagina o que deveria ser a futura Praça Martim Moniz’, as cinco palavras mais destacadas e repetidas foram: jardim (257), verde (212), cultura (150), espaço (126) e segurança (124)”, indica o gabinete de Ricardo Veludo.
Segundo os dados recolhidos num inquérito realizado aos cidadãos que apresentaram as suas propostas, para eles a Praça Martim Moniz é, sobretudo, um sítio de passagem, mas também um local para ir a lojas, cafés e restaurantes e um sítio de encontro com amigos.
“Ao inquérito responderam 1.009 cidadãos, dos quais mais de 80% reside em Lisboa, com participações de todas as freguesias da cidade, embora a maioria resida nas freguesias de Arroios, Santa Maria Maior e Penha de França. De destacar ainda que 76% dos participantes afirma que costuma passar semanalmente ou de vez em quando na Praça, privilegiando o horário da tarde (35%) para deslocações a pé (26%)”, lê-se na nota.
Ainda no âmbito do processo participativo para a requalificação do Martim Moniz, 74 pessoas participaram nas 11 sessões dos grupos de discussão (‘focus groups’), das quais sete com entidades locais ou cuja actividade é desenvolvida na freguesia de Santa Maria Maior.
Foram ainda desenvolvidas outras iniciativas complementares, nomeadamente uma sessão de trabalho com o movimento e autores da petição “Por um Jardim no Martim Moniz”.
A Junta de Freguesia desafiou também os jardins de infância e as escolas primárias para que as crianças desenhassem livremente sobre o que gostariam de ter na Praça Martim Moniz.
Depois das opiniões, há que passar agora à fase de projecto...
“O objectivo desta primeira fase foi ouvir as opiniões das pessoas para permitir que se passe à concepção de um futuro projecto mais adequado às necessidades, desejos e preocupações de quem mora, trabalha ou simplesmente usufrui daquela praça”, afirma o vereador do Urbanismo, citado na nota.
O relatório dos resultados da primeira fase do processo participativo — que pode ser consultado no ‘site’ lisboaparticipa.pt — “apresenta os resultados estatísticos que servirão de suporte ao relatório de ponderação da 1.ª fase da participação, onde se apresentará a análise e interpretação desta informação, bem como as recomendações a levar em consideração nos objetivos e programa funcional da futura Praça do Martim Moniz, a submeter a aprovação em reunião de câmara”, segundo o gabinete de Ricardo Veludo.
Ainda segundo o gabinete do autarca, posteriormente será promovida “a fase da participação técnica e especializada, aberta e plural, para o desenvolvimento de propostas espaciais [desenho de propostas que concretizem e traduzam os resultados dos contributos da participação pública]”.
Por fim, será aprovado em reunião de Câmara o programa base para o concurso público internacional do projecto de execução da Praça do Martim Moniz.
Recorde-se que, em Julho de 2019, o presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina (PS), anunciou que o projecto para o Martim Moniz, que previa a construção de estabelecimentos comerciais em contentores, não iria avançar e que seria iniciado um processo de concurso de ideias.
A obra inicialmente prevista foi muito criticada por moradores e autarcas da capital, tendo sido inclusivamente criado um movimento que exigia um jardim para aquele espaço.
Lusa/DI