MSF Engenharia apresenta pedido de insolvência
O Conselho de Administração da MSF Engenharia apresentou um pedido de insolvência da empresa, que diz ter “esgotado todas as vias para evitar este desfecho”.
Em comunicado enviado à Lusa, o Conselho de Administração da MSF Engenharia afirma que a empresa não consegue assegurar recursos financeiros “para fazer face às despesas da sua actividade, em particular os salários vencidos”.
“Esgotadas todas as vias que se afiguravam como possíveis para evitar este desfecho, não resta outra alternativa que não seja a apresentação da MSF Engenharia, S.A. à insolvência”, refere.
A empresa portuguesa, com 49 anos de história e um vasto curriculum de realização de grandes projectos em Portugal e no estrangeiro, encontrava-se em Processo Especial de Revitalização (PER), com a reestruturação do passivo e a contratação de um financiamento sujeito a determinadas condições de desenvolvimento do negócio.
A administração da empresa adianta que “a grave crise que o sector da construção atravessa em Portugal devida à drástica redução de investimento público, especialmente nos últimos seis anos, conjugada com a diminuição dos contratos nos mercados internacionais da empresa, condicionados pelos baixos preços do petróleo sentidos no mesmo período, limitou a actividade da empresa e criou-lhe enormes dificuldades financeiras”.
Depois disso, continua, a “inesperada indisponibilidade, recentemente manifestada, dos financiadores para flexibilizar essas condições [do PER], acrescida pela indisponibilidade, transmitida em simultâneo, para apoiar a emissão de garantias bancárias necessárias à atividade futura da empresa colocaram em causa a viabilidade desse plano”.
De acordo com a MSF, também “os intensos esforços entretanto desenvolvidos, incluindo os efectuados no plano diplomático pelo Governo de Portugal, para obter uma solução para a volumosa dívida do Governo de Angola nos últimos meses, revelaram-se infrutíferos”.
No ano passado, a construtora foi afastada de uma das suas principais obras, um empreendimento imobiliário no Gana, no valor de 90 milhões de dólares (81 milhões de euros) que previa a construção de um pólo de negócios e residencial numa das principais avenidas de Acra.
Conforme avançou na ocasião o jornal Expresso, em processo de viabilização e sem acesso a financiamento, a MSF não terá conseguido dar resposta à urgência das obras do complexo que combina torres residenciais (100 apartamentos) e escritórios, com um hotel da cadeia Radisson, um centro comercial (12.000 m2) e equipamentos desportivos e que se pretendia inaugurar em Julho de 2018 e a obra foi entregue a outra construtora.
Nessa altura, a MSF estava também a braços com problemas numa segunda empreitada no Gana e que visava a concepção e execução do terminal de contentores e edifícios de apoio no porto de Tema, na costa atlântica. A obra portuária, no valor de 68 milhões de euros, estava em modo de suspensão e o estaleiro já esteve bloqueado por operários e fornecedores, reivindicando pagamentos em atraso.
A versão da MSF, citada pelo semanário, era diferente, justificando que o cliente "está com dificuldades pontuais em pagar as facturas vencidas, mas acreditamos que elas sejam passageiras".
Estes conflitos seguiram-se a incidentes que ditaram também o colapso da MSF no Qatar, comprometendo uma carteira de 900 milhões de euros.
A construtora registou um recorde de facturação de 510 milhões de euros (em 2011) que se reduziu para 120 milhões em 2015 (80% no exterior), tendo após isso registado pesados prejuízos (57 milhões, no biénio 2014/15).
LUSA/DI