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Presidente Executivo da Repsol, Josu Jon Imaz e Presidente Repsol, Antonio Brufau- Asse2023

Transformação e transição energética é uma "enorme oportunidade" - Repsol

29 de maio de 2023

O Presidente da Repsol, Antonio Brufau, na sua intervenção na assembleia-geral de accionistas, salientou a "enorme oportunidade" que a transição energética representa para a empresa, 'que está empenhada numa transformação baseada nas suas capacidades humanas, tecnológicas e industriais, para assegurar um futuro mais rentável e sustentável'. 

Durante a assembleia-geral de acionistas, reviu as chaves da transição energética, nomeadamente na Europa, e o caminho até às zero emissões líquidas até 2050. Antonio Brufau destacou os planos de transformação dos complexos industriais, para produzir combustíveis renováveis, com os convencionais, o negócio de geração renovável – com um objetivo de capacidade instalada de 6 GW em 2025 e de 20 GW em 2030−, a eficiência energética e a implementação de projetos de hidrogénio renovável. "Faremos da Repsol uma empresa cada vez melhor, adaptada às exigências da sociedade, mais rentável, na vanguarda da inovação, e ambiciosa nos seus objectivos", assinalou.

O Presidente da Repsol acrescentou que "como sociedade, o nosso objetivo é transformar a nossa forma de crescer, a nossa economia e a nossa indústria, para alcançar a neutralidade climática até 2050, contudo sem perder a liderança tecnológico-industrial." Segundo Brufau, a Europa está focada na sustentabilidade da transição energética: "A descarbonização exige bases tecnológicas e industriais sólidas, isentas de ideologias e dogmatismos, e um quadro regulamentar estável que incentive os investimentos,  para não perder a competitividade."

Antonio Brufau: "a descarbonização exige bases tecnológicas e industriais sólidas e um quadro regulamentar claro e estável para não perder competitividade"

Na sua intervenção, enumerou as "luzes e sombras" da reação europeia à guerra na Ucrânica. Pelo lado positivo, destacou a coesão e solidariedade da Europa e a política de sanções à Rússia. Por outro lado, destacou que a estratégia  regulatória da Europa carece de planificação, o que compromete a segurança do abastecimento e da acessibilidade de energia.

Neste ponto, considerou que a regulação europeia fomenta a redução de emissões à custa da perda de tecido industrial e de competitividade, já que uma parte da redução das emissões na União Europeia são exportadas a outros países que assumem esta produção industrial. "É imprescindível que a Europa mude a forma de construir as  cadeias de valor e abastecimento para não depender ainda mais da China ou da Rússia, no que diz respeito à transição energética", sublinhou o responsável.  Ainda, recordou que a União Europeia importa 55% da energia que consome, enquanto os Estados Unidos são um exportador líquido.

De acordo com Antonio Brufau, a transição energética exigirá custos mais elevados, mas o fomento da tecnologia e da inovação terão um papel decisivo na sua redução. Defensor da neutralidade tecnológica, reiterou que se deve abrir a porta a todas a opções que garantam uma transição justa em termos económicos e sociais, incentivar-se e facilitar-se a produção de investimento privado em I&D+i à escala industrial, com o objetivo único de descarbonizar.

De acordo com o presidente da Repsol, o debate energético deve ter em conta o cidadão, que exige segurança energética, energia acessível e sustentável.

O Presidente de Repsol defendeu o acompanhamento da eletricidade renovável e do veículo elétrico, que qualifica como importantes para a transição energética, com combustíveis neutros em carbono e a captura de CO2, para que a transição seja mais rápida e com menor custo para o cidadão. "Num mundo novamente bipolar, a tecnologia vai determinar o papel da Europa", reforçou.

Da mesma forma, assegurou que os combustíveis renováveis são uma oportunidade para reforçar o tecido industrial, dinamizar as cadeiras de valor e abastecimento e fortalecer a autonomia estratégica. "A Europa não pode renunciar à sua indústria, motor de riqueza, bem-estar e emprego de qualidade."

Adicionalmente, defendeu regras de jogo claras para fomentar a inovação tecnológica e o investimento privado necessário para desenvolver tecnologias imaturas e não ficar para trás. "A transição tem de servir para fortalecer o nosso sistema tecnológico e o tecido industrial", insistiu, para que não se converta "numa plataforma extrativa de recursos públicos que alimentam as bases tecno-industriais de outras regiões".

Brufau referiu-se ainda à ao facto de os cidadãos não poderem ser esquecidos no debate sobre a energia: "Os cidadãos têm o direito a decidir o que consomem e como o fazem, sempre com o objetivo da descarbonização, mas cobrindo as suas necessidades energéticas a preços acessíveis". "A regulamentação deve ter em conta as exigências da sociedade, que está a exigir um equilíbrio no trilema da energia", ou seja, energia segura, sustentável e acessível.

Crescimento e diversificação

No seu discurso aos accionistas, o CEO da Repsol, Josu Jon Imaz, destacou o bom desempenho da empresa em 2022, num contexto marcado pela guerra na Ucrânia, perturbações nas cadeias de abastecimento, incerteza, volatilidade e dinâmicas de mercado complexas.

Josu Jon Imaz explicou que a Repsol está a avançar na sua ambição de liderar a transição energética e cumprir os objetivos de crescimento, diversificação e aposta nas multienergias, garantindo a rentabilidade e o máximo valor para o acionista, com uma política financeira prudente e num contexto volátil. "A Repsol está preparada para o futuro, com um negócio industrial de referência mundial, pioneiro na transformação dos seus ativos, comprometida com o desenvolvimento de um tecido industrial sustentável, com a promoção da eficiência energética, com a manutenção e geração de emprego e com a contribuição de valor para a sociedade", afirmou.

Recordou ainda que, em 2023, a Repsol prevê investir 5.000 milhões de euros, sendo a maior parte destinado à transformação das suas empresas e 35% dos quais estarão ligados a projectos de baixo carbono.

O executivo dedicou parte da sua intervenção à remuneração dos accionistas, que se encontra "entre as mais atractivas da bolsa espanhola e do sector", e sublinhou que, em 2022, foi aportado o máximo valor aos acionistas com um dividendo efectivo de 0,63 euros por ação e uma redução do capital social de 200 milhões de ações. "Vamos continuar a oferecer um retorno competitivo e atrativo, acima dos compromissos estabelecidos no Plano Estratégico, aumentando assim o valor para o accionista", afirmou.

Em 2023, o dividendo efetivo aumentará 11%, para 0,70 euros por ação, antecipando em um ano o objetivo fixado na estratégia da empresa para 2025. Além disso, esta remuneração será complementada por programas de recompra de ações, atribuindo 30% do fluxo de caixa operacional gerado aos acionistas.

O presidente executivo salientou que a empresa tem a "oportunidade e a responsabilidade", numa altura em que o mundo precisa de mais energia a um preço competitivo, de manter "um compromisso claro, produzindo o que a sociedade exige". "Temos de descarbonizar. Temos um compromisso firme nesse sentido. Mas não é, nem pode ser, o único objetivo. Temos também de apostar na segurança do abastecimento, o que significa energia para todos, bem como energia acessível a preços competitivos. É esse o nosso compromisso", explicou.

Imaz fez um balanço do desempenho dos negócios durante o ano passado, no qual destacou a incorporação de parceiros estratégicos nos negócios de Exploração e Produção e Renováveis, com 25% do capital, respetivamente; a rotação de ativos renováveis dando entrada a investidores minoritários; e a aliança com a Ørsted para o desenvolvimento de projetos eólicos offshore flutuantes.

"O ano de 2022 foi muito importante para a área Industrial e de Economia Circular porque começámos a lançar as bases para os negócios futuros", Afirmou. Entre os principais marcos para 2023, destacou o arranque da primeira fábrica de biocombustíveis avançados em Espanha, que iniciará a sua produção em Cartagena no final do ano, e gerará mais de 1.000 empregos e produzirá 2 milhões de toneladas de combustíveis com baixo teor de carbono. Para além disso, também mencionou a fábrica de combustíveis sintéticos em Bilbau e a Ecoplanta em Tarragona, o primeiro projeto no país para recuperar resíduos sólidos urbanos não recicláveis e produzir novos materiais e biocombustíveis avançados.

No negócio comercial, destacou o facto de os clientes de eletricidade e gás terem atingido os 2 milhões, após a aquisição de 50,01% da CHC Energía, o que consolida o posicionamento da empresa como o quarto maior operador do mercado eléctrico em Espanha. Referiu-se também aos 6 milhões de clientes digitais alcançados e ao compromisso de reforçar o perfil multienergia da Repsol, lançando uma oferta de valor que posiciona a empresa como um fornecedor único para satisfazer as necessidades de combustível, electricidade, aquecimento, energia solar e mobilidade elétrica.

Neste seguimento, também definiu o negócio das renováveis como um dos pilares fundamentais da transição energética, com o objetivo de ter uma capacidade de geração renovável de 6.000 MW em 2025 e 20.000 MW em 2030. "Somos uma empresa comprometida que trabalha para dar oportunidades às pessoas e que aspira liderar o futuro energético, propondo novos modelos de negócio cada vez mais rentáveis, socialmente responsáveis e que estão na vanguarda da inovação", concluiu Imaz.