Logo Diário Imobiliário
CONSTRUÍMOS
NOTÍCIA
JPS Group 2024Porta da Frente
Arquitectura
“Siza, Câmara Barroca" reúne 18 obras do arquitecto no Museu Soares dos Reis

 

“Siza, Câmara Barroca" reúne 18 obras do arquitecto no Museu Soares dos Reis

9 de setembro de 2024

O Museu Nacional de Soares dos Reis, no Porto, inaugura na próxima quinta-feira, 12 de Setembro, "Siza, Câmara Barroca", uma exposição que reúne 18 obras do arquitecto e que resulta de uma investigação que procurou “a cidade barroca” na sua obra.

“Num certo sentido, estes trabalhos [do arquitecto Álvaro Siza] todos juntos constituiriam uma potencial cidade barroca à escala planetária. Aliás, o projecto de investigação trabalhou nessa possibilidade de representação cartográfica que evidencia que estes projectos colocados lado a lado ganham um sentido especial e uma espécie de racionalidade própria, que parece incompatível com o barroco, mas não é, do tempo comum e do tempo festivo, próprio da poesia, mas também da resposta técnica ao problema das pessoas”, explicou um dos curadores da exposição “Siza, Câmara Barroca” José Miguel Rodrigues, antecipando a sua inauguração.

Patente ao público até 31 de Dezembro, a mostra resulta do projecto “Siza Barroco” e encerra a investigação desenvolvida ao longo dos últimos três anos no Centro de Estudos de Arquitectura e Urbanismo da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (CEAU/FAUP).

“Siza, Câmara Barroca” reúne 18 obras de Álvaro Siza, atravessando diferentes períodos do seu trabalho, estudado por uma equipa coordenada por José Miguel Rodrigues e Joana Couceiro, ambos curadores da exposição com Constança Pupo Cardoso.



Conjunto de obras onde a ideia do barroco “é recorrente”

Para José Miguel Rodrigues, as obras seleccionadas para a exposição expõem a ligação que as composições do autor estabelecem com a ideia do barroco, desafiando o espartilho daquele estilo artístico que floresceu entre o final do século XVI e meados do século XVIII.

“Evidentemente que o arquitecto Siza não viveu nos séculos que são próprios do barroco, mas se esta tese tivesse algum fundamento, algumas ideias reapareciam no modo como encara alguns valores da arquitectura e a investigação procurou indagar isso”, explicou o investigador.

A exposição retrata precisamente um conjunto de obras onde a ideia do barroco “é recorrente”, incidindo “em trabalhos iniciados nos anos 70, ainda antes do 25 de abril de 74, prolongando-se pelos anos 90, até ao seu reconhecimento maior com a atribuição do prémio Pritzker”.

Para encontrar a dimensão barroca na obra de Siza são colocadas em paralelo ideias e expressões artísticas, como pinturas, que em confronto com fotografias e esquissos dos trabalhos do arquitecto, evidenciam características atribuídas àquele estilo.

No conjunto das 18 obras em exposição apenas quatro são trabalhos realizados fora de Portugal, como o Museu Iberê Camargo, no Brasil e a torre residencial em Nova Iorque desenhada pelo autor, “impressionante enquanto exemplo, porque ela é simultaneamente um marco na paisagem de Nova Iorque e ao mesmo tempo é um exemplo de integração urbana”, assumindo, a dupla condição de função residencial e monumental, assinala José Miguel Rodrigues.

Na viagem pela obra do arquitecto, os visitantes são convidados a revistar os projectos da FAUP, do Bairro das Caxinas (Vila do Conde) ou dos Muros do conjunto da Boa Nova (Matosinhos), entre outros, com especial destaque para a Casa Beires (Póvoa de Varzim) - conhecida por “Casa Bomba” devido ao seu formato – e que é um elemento central na exposição.

Na exposição, que pretende contribuir para redescobrir Siza a partir desta nova lente de leitura, os visitantes são ainda convidados a viajar através de anotações, transcritas em partituras, da autoria do arquitecto ou sobre o próprio.

A expectativa, confessa o investigador, é a da que a investigação realizada, agora transposta para exposição, “possa salvar uma linha de arquitectura de que o arquitecto Siza é o arquiteto mais importante dos últimos séculos”.

Lusa/DI