Setor da construção - a pandemia já acabou?
A pandemia COVID-19 teve, e continua a ter, um gigante impacto na atividade económica mundial em todos os setores, com a sua suspensão ou restrição de atividade. No entanto, existem setores que sofreram mais do que outros. No setor da construção civil houve várias implicações e o principal problema que impactou as empresas deste setor foi a subida dos preços de materiais de construção, que naturalmente afetam todas as obras em curso e encareceram os preços das casas.
Esta subida de preços de materiais de construção deve-se a duas razões. A primeira, ao facto de a pandemia e do confinamento terem provocado uma paragem de alguns setores produtivos, o que fez com que alguns materiais e equipamentos escasseassem, o que levou a uma maior procura e menor oferta, e como tal a elevados constrangimentos na cadeia abastecedora. Os fornecedores deixaram de ter stocks, e quase tudo o que é encomendando tem que ser produzido em tempo real, o que naturalmente agrava os atrasos no setor. A segunda, temos a falta de mão-de-obra qualificada. Era já um problema na construção antes da pandemia, mas com os problemas que atravessamos e com os aumentos de custo de vida agravou-se esta situação.
O setor da construção e do imobiliário português, tem dado inúmeras provas de resiliência, mas a situação agravou-se com a guerra da Ucrânia. O desequilíbrio excessivo entre a procura (elevada) e a oferta (reduzida) e, por consequência, uma subida dos preços dos bens e serviços (inflação), atingiu máximos de 9% em Portugal e na zona euro. Este novo aumento dos custos da construção, das matérias-primas, da energia e falta de mão de obra reflete-se no aumento do preço final da construção nova e, inevitavelmente, atrasa a colocação de casas novas no mercado. É esta realidade que tem feito disparar os custos da construção nova em Portugal e que continua a subir há já vários meses consecutivos, assim como os atrasos na conclusão das mesmas.
Segundo o INE, os custos da construção nova aumentaram 13,4% em julho, mais 0,9% em relação ao mês anterior. Em relação aos preços dos materiais, aumentaram 17,5%, mais 0,9% face ao mês anterior e o custo da mão de obra aumentou 7,7% (6,8% em junho). Entre os materiais de construção que contribuíram para esta evolução estão: os produtos cerâmicos com aumentos de cerca de 70%; o gasóleo acima dos 30%; as madeiras e os seus derivados, o cimento, os aglomerados e ladrilhos de cortiça e as obras de carpintaria e os tubos de PVC tiveram aumentos superiores a 20%. Em junho deste ano, os custos de construção de habitação nova estavam mais caros, 12,9% do que há um ano.
Face a estas adversidades na JPS GROUP, enquanto promotora direcionada sobretudo para o mercado português, fazemos um enorme esforço, para que este impacto não seja totalmente suportado pelo comprador final.
Em relação ao mercado imobiliário propriamente dito, continua a verificar-se uma procura de habitação que excede a oferta, e existe uma consciência de que o investimento imobiliário continua a ser dos investimentos mais seguros que existem. O mercado imobiliário português continua a ser um ativo bastante atrativo, tanto pela procura das famílias como pela procura dos investidores.
Outra das consequências que se sente ainda hoje da pandemia, foi a mudança de mentalidade que se deu, e hoje em dia morar longe dos centros urbanos tem sido a escolha de muitas pessoas que desejam fugir do stress das grandes cidades para ter, e proporcionar à sua família, uma vida mais saudável.
João Sousa
CEO da JPS GROUP
*Texto escrito com novo Acordo Ortográfico