Logo Diário Imobiliário
CONSTRUÍMOS
NOTÍCIA
JPS Group 2024Porta da Frente
Opinião
João Barros, VP Expansión da Properstar

João Barros, VP Expansión da Properstar

Afinal, quem precisa de consultores imobiliários na Era da IA?

12 de dezembro de 2025

Durante décadas, a mediação imobiliária foi um negócio local, baseado em relações pessoais processos manuais e conhecimento exclusivo. Era um setor onde a confiança se construía cara a cara e onde a informação era um privilégio de poucos. Mas será que os Millenials ainda conhecem essa realidade? A geração Z certamente já não conhecerá.

Hoje é a tecnologia que sustenta um mercado global, digital e orientado por dados. Plataformas, inteligência artificial e automação estão a redefinir papéis, expectativas e modelos de negócio. A pergunta que muitos fazem é: será o consultor imobiliário substituível? A resposta é clara: não. Mas o seu papel nunca mais será o mesmo.

1. De mercado local para ecossistema global

O imobiliário deixou de ser um negócio local para se tornar um ecossistema global. Plataformas como a Properstar, presente em mais de 35 países, conectam milhões de anúncios a milhões de compradores em todo o mundo, posicionando-se também como um motor de visibilidade internacional para imóveis em Portugal. Esta integração não é apenas tecnológica; é estratégica. Tours virtuais, realidade aumentada e visitas 3D permitem que um comprador em Nova Iorque explore um apartamento em Lisboa sem sair de casa. Isto não é apenas conveniência: é inclusão. Pessoas com mobilidade reduzida, agendas apertadas ou que vivem longe podem agora participar no mercado com a mesma facilidade que um comprador local. Portugal destaca-se neste cenário como um dos mercados mais preparados para a era digital, combinando tradição imobiliária com inovação tecnológica.

2. IA: menos burocracia, mais inteligência

Tal como em tantos outros setores, a Inteligência Artificial não veio para substituir mediadores, mas para eliminar tarefas repetitivas e acelerar processos. Hoje, chatbotsrespondem a dúvidas 24/7, sistemas automatizam agendamentos e ferramentas preditivas ajudam a definir preços e prever tendências de mercado.

Para o consumidor, isso significa respostas rápidas, menos erros e decisões mais informadas. Para o consultor, significa evoluir para um papel mais estratégico: interpretar dados, antecipar necessidades e oferecer soluções personalizadas.

Estudos indicam que a IA pode reduzir significativamente o tempo médio de venda e aumentar a taxa de conversão, tornando processos mais eficientes e rentáveis. Mas atenção: tecnologia sem interpretação é apenas ruído. É aqui que o consultor se torna indispensável.

3. Informação sem barreiras: a era da transparência

Durante muito tempo, o conhecimento sobre preços, tendências e oportunidades estava concentrado nas mãos dos profissionais. Hoje, essa barreira caiu. O acesso à informação tornou-se democrático. Com apenas alguns cliques, qualquer pessoa pode comparar imóveis, analisar histórico de preços, verificar taxas de juro e até simular cenários de investimento.

Plataformas digitais eliminaram a assimetria de informação e colocaram o poder nas mãos do consumidor, que agora, mais do que nunca exige transparência total. Esta mudança não é apenas tecnológica, é cultural. Compradores entram em negociações mais preparados, arrendatários evitam abusos e investidores tomam decisões baseadas em dados, não em palpites.

E é aqui que entram os consultores, com a interpretação de dados e decisões estratégicas que criam valor real.

4. Confiança digital: além da transparência

Comprar ou arrendar casa é uma decisão emocional. A tecnologia não substitui a empatia, mas complementa-a com processos simples e seguros. Hoje, é possível assinar contratos digitalmente, acompanhar cada etapa da transação online e garantir segurança reforçada por blockchain.

A confiança, que sempre foi a base da mediação, agora constrói-se também através da experiência digital: respostas rápidas, informação validada e processos intuitivos. O cliente moderno não quer apenas dados, quer sentir que está protegido e que cada passo é transparente.

Num futuro (já tão atual), a mediação imobiliária não será 100% digital nem exclusivamente humana. Será uma fusão: algoritmos para eficiência, pessoas para empatia. O consultor deixa de ser um gestor de processos para se tornar um curador de negócios e consultor estratégico.

Este novo papel exige competências digitais, capacidade analítica e, acima de tudo, inteligência emocional. Quem abraçar esta transformação terá vantagem. Quem resistir, será ultrapassado pela velocidade do mercado.

João Barros

VP Expansión da Properstar

*Texto escrito com novo Acordo Ortográfico