CONSTRUÍMOS
NOTÍCIA
Opinião

 

O Estado da Arquitectura

20 de setembro de 2022

Com muita oportunidade, a ORDEM DOS ARQUITECTOS acaba de lançar um inquérito à Classe para saber o que pensam os seus Associados sobre o estado e futuro da sua profissão.

Muitas são as questões que exigem urgente clarificação e debate, num tempo de acelerada transformação como o que vivemos, dominado pelo digital e pela divulgação explosiva de imagens nas redes sociais, em que se diluem referências e conceitos, numa obsessiva afirmação da imagem como valor fundamental.

Questões que exigem prioridades de atenção e se sobrepõem num imenso turbilhão NOVOS TEMAS que aos Arquitectos caberá conhecer e encontrar soluções adequadas, desde o desenho do NOVO HABITAT e QUADRO URBANO próximo, adaptado às rápidas transformações climáticas que agora vivemos em resultado do aquecimento global, às questões do desenho mais alargado de todo o território físico.

Questões que não podem apenas apoiar-se em abstracções definidas no quadro da URBANISTICA e na extensa NORMATIVA LEGAL que os enquadra, mas também no melhor entendimento e organização do Espaço Privado e Público, no diálogo estreito entre os diferentes profissionais que desenham Edificios e Cidade, com particular relevância para o Ambiente Biofísico e Paisagístico e do profundo conhecimento de técnicas construtivas de garantida sustentabilidade Ambiental.

Em contraponto com este quadro cada vez mais exigente e complexo, que seria expectável ser o território dominante da prática profissional, não parece ter sido conseguida esta intervenção na sua grande maioria, numa prática cada vez mais competitiva e desregulada.

Se por um lado o acesso ao Ensino da Arquitectura pelo maior número, pela grande proliferação de Escolas Superiores e Universidades que a integram nos seus curricula, foi um fator muito positivo para as recentes gerações, seria necessário um acrescido rigor na componente formativa e nos tempos de estágio e treino profissional no preâmbulo com a prática quotidiana, minimizando os efeitos negativos do excesso da oferta, e uma acelerada proletarização da profissão daí decorrente!

O recurso a concursos públicos para novas zonas urbanas que agora está a ser implementado por muitas autarquias, sendo uma oportunidade de acesso ao mercado de trabalho para as novas gerações, envolve no entanto um esforço financeiro que muitos gabinetes não podem suportar.

O recurso a procedimentos de CONCEPÇÃO/CONSTRUÇÃO para muita da designada Obra Pública, tem sido Tema recente que a ORDEM DOS ARQUITECTOS procura mitigar com os Poderes Públicos.

O acesso à Habitação é um direito primordial de cada Cidadão e as classes economicamente mais frágeis continuam a ter sérias dificuldades para viver condignamente pelo que seria importante recuperar o sector cooperativo e encontrar modos económicos de recuperar edifícios, para os que não podem aceder ao mercado de habitação do mercado imobiliário dominante.

A ARQUITECTURA como disciplina e como profissão, tem que saber recuperar a sua Utilidade para o Bem Público através da qualidade das suas propostas, explicando com clareza o porquê dessa qualidade, reforçando os valores deontológicos que a designada Livre Concorrência não pode excluir, mas sim definir regras claras para uma justa remuneração do valor do seu trabalho em consonância com a inerente responsabilidade da sua actuação profissional.


JOÃO PACIÊNCIA

arquitecto