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Sector privado representa mais de metade da oferta hospitalar em Portugal - diz estudo da CBRE

10 de janeiro de 2025

Segundo o estudo “Portuguese Healthcare and Senior Living” sobre o sector das residências sénior e cuidados de saúde, divulgado pela CBRE Portugal, o mercado português tem vindo a registar um dinamismo crescente oferecendo diversas oportunidades de investimento.

Dados oficiais mostram que, ano após ano, o montante gasto pelos portugueses em cuidados de saúde tem vindo a aumentar atingindo 26,5 mil milhões de euros em 2023, o que representa 10% do PIB português, tendo crescido 50% em relação a 2016. O montante alocado a cuidados em ambulatório (sem internamento dos pacientes) representou 46% do valor gasto pelas famílias, totalizando 1.074€ per capita.



Hospital CUF Tejo, em Lisboa



Oferta hospitalar

Em Portugal existem 243 hospitais que em conjunto somam mais de 36.000 camas e o peso do sector privado é altamente significativo representando 54% da oferta hospitalar, ou seja, 131 hospitais com cerca de 11.700 camas. Entre 2014 e 2017 o número de hospitais manteve-se estável porém, desde então, aumentou 8% com a abertura de 18 novas unidades, sendo que apenas uma delas foi desenvolvida pelo sector público.



Hospitais e clínicas dos principais operadores privados.



Número de camas por região



No âmbito da operação por privados, 35% do total das camas estão nas mãos de 5 principais operadores: Trofa Saúde, Luz Saúde, José de Mello, Lusíadas e Grupo HPA Saúde. Um dos motivos pelos quais se apresenta tão atractivo investir no sector dos cuidados de saúde prende-se com o rácio de cama por habitante pois se na Europa este rácio é de 5,3 camas por cada 1.000 habitantes, em Portugal situa-se nas 3,5 camas por 1.000 habitantes.

José Moutinho, responsável pela área de research na CBRE Portugal refere que "a falta de camas no serviço nacional de saúde é bastante severa, particularmente nos distritos de Lisboa e Porto. Em 2023 existiam mais de 1.800 pessoas a aguardar por uma cama em cuidados continuados e é previsível que este número venha a aumentar, o que obrigará também a um incremento significativo na oferta".



Imagem Freepik



Lares e/ou Residências Sénior

“No âmbito das residências sénior, comumente designadas por lares, verificam-se 2.632 unidades em Portugal, sendo que 25% das mesmas são operadas por empresas privadas” - refere o estudo. A taxa de ocupação dos lares em Portugal é de 91,8% e 70% dos utilizadores esteve nestas unidades por um máximo de 5 anos, enquanto 10% esteve numa destas estruturas durante 10 anos ou mais.



Evolução do nº de pessoas com seguro de saúde.



Residências Sénior e principais operadores.



Os cinco principais operadores de residências sénior em Portugal totalizam mais de 3.800 camas sendo eles: as Residências Montepio, o Grupo EMEIS, a DomusVi, a PSHC e Naturidade.

Segundo Igor Borrego, Head of Capital Markets da CBRE,  “Em Portugal, nos anos de 2020 e 2021, transaccionaram-se três importantes portefólios e apesar de desde então não se terem registado transacções nestes sectores, existem algumas operações em pipeline que ultrapassam os 50 milhões de euros. Acredito que o investimento venha a crescer significativamente no futuro e este sector assista à entrada de novos investidores e operadores internacionais atraídos pela oportunidade que Portugal representa como país”.

A consultora aponta nove principais factores que privilegiam o investimento neste sector. São eles:

1. Aumento significativo do número de idosos e pessoas dependentes

2. Elevado desequilíbrio entre oferta e procura;

3. Falta de oferta de cuidados especializados;

4. Elevada faixa populacional com cobertura de seguro de saúde (1/3 da população);

5. Sector polarizado com enorme potencial de expansão e consolidação dos operadores;

6. Diversas oportunidades de investimento uma vez que o sector é ainda marcado por proprietários também responsáveis pela operação;

7. Pensionistas com poder de compra gerados pela propriedade de imóveis ou poupanças;

8. Atractividade de Portugal junto de reformados estrangeiros;

9 residências sénior ou clínicas de cuidados especializados representam um investimento estável no longo termo.