Sector privado representa mais de metade da oferta hospitalar em Portugal - diz estudo da CBRE
Segundo o estudo “Portuguese Healthcare and Senior Living” sobre o sector das residências sénior e cuidados de saúde, divulgado pela CBRE Portugal, o mercado português tem vindo a registar um dinamismo crescente oferecendo diversas oportunidades de investimento.
Dados oficiais mostram que, ano após ano, o montante gasto pelos portugueses em cuidados de saúde tem vindo a aumentar atingindo 26,5 mil milhões de euros em 2023, o que representa 10% do PIB português, tendo crescido 50% em relação a 2016. O montante alocado a cuidados em ambulatório (sem internamento dos pacientes) representou 46% do valor gasto pelas famílias, totalizando 1.074€ per capita.
Oferta hospitalar
Em Portugal existem 243 hospitais que em conjunto somam mais de 36.000 camas e o peso do sector privado é altamente significativo representando 54% da oferta hospitalar, ou seja, 131 hospitais com cerca de 11.700 camas. Entre 2014 e 2017 o número de hospitais manteve-se estável porém, desde então, aumentou 8% com a abertura de 18 novas unidades, sendo que apenas uma delas foi desenvolvida pelo sector público.
No âmbito da operação por privados, 35% do total das camas estão nas mãos de 5 principais operadores: Trofa Saúde, Luz Saúde, José de Mello, Lusíadas e Grupo HPA Saúde. Um dos motivos pelos quais se apresenta tão atractivo investir no sector dos cuidados de saúde prende-se com o rácio de cama por habitante pois se na Europa este rácio é de 5,3 camas por cada 1.000 habitantes, em Portugal situa-se nas 3,5 camas por 1.000 habitantes.
José Moutinho, responsável pela área de research na CBRE Portugal refere que "a falta de camas no serviço nacional de saúde é bastante severa, particularmente nos distritos de Lisboa e Porto. Em 2023 existiam mais de 1.800 pessoas a aguardar por uma cama em cuidados continuados e é previsível que este número venha a aumentar, o que obrigará também a um incremento significativo na oferta".
Lares e/ou Residências Sénior
“No âmbito das residências sénior, comumente designadas por lares, verificam-se 2.632 unidades em Portugal, sendo que 25% das mesmas são operadas por empresas privadas” - refere o estudo. A taxa de ocupação dos lares em Portugal é de 91,8% e 70% dos utilizadores esteve nestas unidades por um máximo de 5 anos, enquanto 10% esteve numa destas estruturas durante 10 anos ou mais.
Os cinco principais operadores de residências sénior em Portugal totalizam mais de 3.800 camas sendo eles: as Residências Montepio, o Grupo EMEIS, a DomusVi, a PSHC e Naturidade.
Segundo Igor Borrego, Head of Capital Markets da CBRE, “Em Portugal, nos anos de 2020 e 2021, transaccionaram-se três importantes portefólios e apesar de desde então não se terem registado transacções nestes sectores, existem algumas operações em pipeline que ultrapassam os 50 milhões de euros. Acredito que o investimento venha a crescer significativamente no futuro e este sector assista à entrada de novos investidores e operadores internacionais atraídos pela oportunidade que Portugal representa como país”.
A consultora aponta nove principais factores que privilegiam o investimento neste sector. São eles:
1. Aumento significativo do número de idosos e pessoas dependentes
2. Elevado desequilíbrio entre oferta e procura;
3. Falta de oferta de cuidados especializados;
4. Elevada faixa populacional com cobertura de seguro de saúde (1/3 da população);
5. Sector polarizado com enorme potencial de expansão e consolidação dos operadores;
6. Diversas oportunidades de investimento uma vez que o sector é ainda marcado por proprietários também responsáveis pela operação;
7. Pensionistas com poder de compra gerados pela propriedade de imóveis ou poupanças;
8. Atractividade de Portugal junto de reformados estrangeiros;
9 residências sénior ou clínicas de cuidados especializados representam um investimento estável no longo termo.