Riken Yamamoto é o Prémio Pritzker 2024
O arquitecto japonês Riken Yamamoto, de 79 anos, ganhou o Prémio Pritzker, a distinção de maior prestígio da arquitectura a nível mundial, tornando-se o nono arquitecto japonês a receber tal homenagem.
Riken Yamamoto nasceu em Pequim, na República Popular da China, e mudou-se para o Japão, logo após o fim da Segunda Guerra Mundial. Com a morte do seu pai, quando tinha apenas cinco anos, mudou-se para Yokhoama, terra da sua mãe. Aí viveu numa casa inspirada numa machiya tradicional japonesa , com a farmácia de sua mãe na frente e a área de estar nos fundos. “O limiar de um lado era para a família e do outro para a comunidade. Eu sentei no meio” - dizia.
Aos 17 anos, visitou o Templo Kôfuku-ji, em Nara, Japão, originalmente construído em 730 e finalmente reconstruído em 1426, e ficou cativado pelo Pagode de Cinco Andares, simbolizando os cinco elementos budistas da terra, água, fogo, ar e espaço. “Estava muito escuro, mas pude ver a torre de madeira iluminada pela luz da lua e o que encontrei naquele momento foi minha primeira experiência com arquitectura.”
Formou-se na Universidade Nihon, Departamento de Arquitectura da Faculdade de Ciência e Tecnologia em 1968 e recebeu um Mestrado em Arquitectura pela Universidade de Artes de Tóquio, Faculdade de Arquitectura em 1971. Fundou o seu escritório, Riken Yamamoto & Field Shop em 1973 .
Durante os primeiros anos de sua carreira, o arquitecto viajou espontaneamente por países e continentes de carro com seu mentor, o arquitecto Hiroshi Hara, passando meses seguidos em busca de compreensão de comunidades, culturas e civilizações. Em 1972, cruzou num automóvel a costa do Mar Mediterrâneo, visitando França, Espanha, Marrocos, Argélia, Tunísia, Itália, Grécia e Turquia. Dois anos depois, viajou de Los Angeles para o México, Guatemala, Costa Rica e Colômbia antes de chegar ao Peru. Também embarcaria numa expedição semelhante ao Iraque, Índia e Nepal, e concluiu que a ideia de um “limiar” entre espaços públicos e privados era universal. “Reconheço que o sistema de arquitectura do passado serve para que possamos encontrar a nossa cultura... As aldeias eram diferentes na sua aparência, mas os seus mundos [eram] muito semelhantes.”
Riken Yamamoto foi nomeado Académico pela Academia Internacional de Arquitectura (2013) e recebeu inúmeras distinções ao longo de sua carreira, incluindo o Prémio do Instituto de Arquitectos do Japão pelo Museu de Arte de Yokosuka (2010), Prémio de Edifícios Públicos (2004 e 2006), Good Design Gold Prémio (2004 e 2005), Prémio do Instituto de Arquitectura do Japão (1988 e 2002), Prémio da Academia de Artes do Japão (2001) e Mainichi Art Awards (1998).
Yamamoto continua a trabalhar e a residir em Yokohama, em comunidade com seus vizinhos. Suas obras construídas podem ser encontradas em todo o Japão, República Popular da China, República da Coreia e Suíça.
Yamamoto é professor visitante recém-nomeado na Universidade de Kanagawa (Yokohama, Japão). Foi professor visitante na Universidade de Artes de Tóquio (Tóquio, Japão 2022-2024) e já leccionou na Universidade Nihon, Escola de Pós-Graduação em Engenharia (Tóquio, Japão 2011-2013); Universidade Nacional de Yokohama, Escola de Pós-Graduação em Arquitetura (Yokohama, Japão 2007-2011); Universidade Kogakuin, Departamento de Arquitectura (Tóquio, Japão 2002-2007); e foi presidente da Universidade de Arte e Design Nagoya Zokei (Nagoya, Japão 2018-2022).
O que disse o júri do Pritzker sobre ele
”...Na sua longa, coerente e rigorosa carreira, Riken Yamamoto conseguiu produzir uma arquitectura que é simultaneamente pano de fundo e primeiro plano da vida quotidiana, esbatendo as fronteiras entre as suas dimensões pública e privada e multiplicando as oportunidades de encontro espontâneo entre as pessoas, através de estratégias de concepção precisas e racionais”.
“Através da qualidade forte e consistente dos seus edifícios, pretende dignificar, valorizar e enriquecer a vida das pessoas - das crianças aos idosos - e os seus laços sociais. E fá-lo através de uma arquitectura auto-explicativa, mas modesta e pertinente, com honestidade estrutural e escalas precisas, com uma atenção cuidada à paisagem do meio envolvente”.
“A sua arquitetura exprime claramente as suas convicções através da estrutura modular e da simplicidade da sua forma. No entanto, não dita actividades, antes permite que as pessoas moldem as suas próprias”.
“Riken Yamamoto envolve-se deliberadamente com a mais ampla gama de tipos de edifícios, bem como de escalas, nos projectos que escolhe. Quer projecte casas particulares ou infra-estruturas públicas, escolas ou quartéis de bombeiros, câmaras municipais ou museus, a dimensão comum e de convívio está sempre presente. A sua atenção constante, cuidadosa e substancial à comunidade gerou sistemas de espaços públicos de interfuncionamento que incentivam as pessoas a reunirem-se de diferentes formas (...).
Concluindo o Juri:
“Por sensibilizar a comunidade para a responsabilidade da exigência social, por questionar a disciplina da arquitectura para calibrar cada resposta arquitectónica individual e, sobretudo, por nos lembrar que na arquitectura, tal como na democracia, os espaços devem ser criados pela vontade das pessoas, Riken Yamamoto é nomeado Laureado do Prémio Pritzker 2024”.