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Habitação

O Barreiro vai acolher o primeiro projecto de escala da Divine Lavender. Foto GualdimG em Wikimedia

Projecto “Divine Lavender”: dar esperança a famílias vulneráveis de uma habitação digna e acessível

21 de abril de 2025

Fundado por Tom Archer e Tamara Curtis Archer, que residem em Portugal há cinco anos, o projecto “Divine Lavender” pretende contribuir para a solução de um problema que parece irresolúvel: a Habitação. Unindo a experiência de Tom no sector empresarial e a experiência de Tamara no trabalho social, o casal iniciou, em 2023, um esforço para contribuir com soluções para este problema.

Na primeira fase do projecto, foi possível proporcionar habitação digna e acessível a várias pessoas em mercados habitacionais vulneráveis, com rendas entre 60% e 70% do valor atual de mercado, não ultrapassando 33% do rendimento dos inquilinos. Este modelo de habitação acessível pretende ser uma base para a integração destas pessoas na sociedade portuguesa, possibilitando o seu progresso e estabilidade.



A falta de acesso a habitação digna e a preços acessíveis em Portugal é uma realidade enfrentada por milhões de pessoas. A crise imobiliária no país caracteriza-se por um mercado de arrendamento acessível em constante diminuição e pelos desafios sociais e consequências que daí decorrem. Em muitas comunidades, famílias em situações vulneráveis vivem em condições precárias, enfrentando dificuldades que comprometem a sua qualidade de vida, saúde e segurança.



Ao projecto idealizado por Tom Archer e Tamara Curtis Archer, juntouse-depois, Tiago Matos Alves, que assumiu a responsabilidade pelas operações diárias e pela criação de uma rede de «stakeholders» essenciais ao seu desenvolvimento.

"Sabemos que estamos longe de ser os únicos a querer ajudar nesta situação, pelo que procuramos alinhar o nosso projecto, sustentado em iniciativas privadas, com o programa nacional 'Mais Habitação', complementando o que já foi feito até agora. Pretendemos oferecer aos investidores de impacto uma oportunidade para ajudar a aumentar a oferta de habitação acessível tanto para refugiados/migrantes como para cidadãos portugueses na área de Lisboa. Acreditamos que todos têm direito a uma casa segura e adequada onde possam construir uma vida melhor e mais estável", afirma Tamara Curtis Archer.

Sucintamente, o Projecto Divide-se em Fases de Teste e Expansão:

1.Parceria e Primeiras Locações: Para iniciar as locações, foi estabelecida uma parceria com organizações de apoio a refugiados e migrantes na área da habitação, especificamente a JRS Portugal – Serviço Jesuíta aos Refugiados. Esta parceria visou testar a viabilidade do projecto e a estabilidade das relações com estas instituições. Um 'teste piloto' foi realizado com a aquisição de dois apartamentos no Município da Grande Lisboa, que foram alugados a preços acessíveis (30% e 60% do valor real de mercado). Os inquilinos, refugiados/migrantes, foram seleccionados entre os beneficiários da JRS Portugal, com base nas suas necessidades, compromisso com o emprego e estabelecimento de um rendimento estável.

2.Expansão e Compra de Novo Prédio: Com a fase de teste aprovada, o projecto avançou para o Barreiro para ser replicado em maior escala. Foi adquirido um edifício de dois andares, com um apartamento T5 em cada piso e um jardim com aproximadamente 100 m². As obras de renovação começaram em novembro de 2024, estando os arrendamentos previstos para a segunda metade de 2025. Estas renovações estão a ser realizadas por uma empresa local do Barreiro, com todos os materiais e serviços adquiridos na cidade, promovendo assim a economia local.

Está planeado que 50% dos quartos sejam destinados a residentes migrantes apoiados pela JRS e os outros 50% a residentes locais, aplicando os mesmos critérios de acessibilidade. O jardim tem potencial para se tornar um espaço de integração entre a comunidade local e as comunidades de migrantes/refugiados, servindo como um ponto significativo para futuras colaborações. Além de envolver outros parceiros locais e especializados, a equipa está empenhada em manter o foco na construção de comunidades, aproveitando a experiência e o conhecimento da Lisbon Project, onde Tamara faz parte da equipa de liderança e Tom é membro do conselho de administração.

3.Prova de Conceito e Desenvolvimento: Após a primeira fase de divulgação do projecto, e uma vez que o novo edifício esteja em funcionamento, o objectivo é começar a atrair investidores até ao final de 2025, para expandir o modelo e, assim, oferecer habitação acessível a mais famílias.

Tom Archer, fundador do projecto, sublinha: "Estamos à procura de imóveis ou edifícios desocupados para renovar e aumentar a oferta habitacional na Região da Grande Lisboa. Pretendemos criar e manter um modelo financeiro que assegure um retorno seguro para os investidores, ao mesmo tempo que nos comprometemos a fornecer arrendamento acessível a longo prazo a uma comunidade de inquilinos composta por 50% portugueses e 50% migrantes/refugiados."

Utópico?

Não tanto. Tom e Tamara referem que o “mercado britânico de fundos de habitação social e a preços acessíveis cresceu substancialmente, passando de praticamente zero em 2012 para 3,8 mil milhões de libras (4,431 mil milhões de euros) até ao final de 2021”. A adiantam: “Existem também vários fundos de habitação social em funcionamento noutros países europeus, como a França e a Itália. Até à data, não existe em Portugal nenhum fundo de habitação a preços acessíveis apoiado por particulares. O nosso objectivo é que isso aconteça...”


Tamara Curtis Archer

Tamara Curtis Archer é natural de Birmingham, no Reino Unido, e estudou Árabe e Antropologia Social na Universidade de Edimburgo (e Damasco), antes de se qualificar como assistente social através de um programa de liderança do Reino Unido chamado Frontline. Desde que se mudou para Portugal, integrou a equipa de liderança da Lisbon Project Association, cuja missão é construir uma comunidade que integre e capacite refugiados e migrantes.


Tom Archer

Tom Archer: nasceu em Londres, estudou história islâmica na Universidade de Edimburgo e mudou-se para Portugal em 2019. Após se formar, fundou a ALTIDO, que atualmente gere mais de 3.000 propriedades em toda a Europa. Em 2022, vendeu o seu negócio e começou a trabalhar na construção de um eco-resort na Ericeira, numa nova plataforma de aprendizagem chamada HandsOn, e neste portefólio de habitação acessível em Lisboa.


Tiago Matos

Tiago Matos Alves: Nascido e criado em Lisboa, com uma vasta rede de contactos e um conhecimento considerável dos mercados imobiliários de Lisboa e de Portugal. Trabalhou em consultoria e mercados financeiros e estudou análise de dados, gestão, riscos e mercados financeiros.

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