
Rita Fernandes, diretora comercial ADDSOLID
Nova era do mercado imobiliário: Porque a Flexibilidade Vence a Metragem
Casas compactas e flexíveis! A forma como vivemos está a mudar, e isso começa nas casas que escolhemos habitar. Durante décadas, o mercado imobiliário português foi marcado por uma valorização quase automática da área: quanto maior a metragem de um apartamento ou moradia, maior a perceção de valor. No entanto, uma nova geração de compradores, investidores e arrendatários está a redefinir prioridades e a provocar uma transformação silenciosa, mas profunda: a ascensão das casas compactas e flexíveis.
Este fenómeno não é exclusivo de Portugal. Em várias capitais europeias, o crescimento da mobilidade profissional, a redução do tamanho médio das famílias e a pressão sobre o preço por metro quadrado têm conduzido a soluções residenciais mais inteligentes e adaptáveis. Mas por cá, há um fator adicional que torna esta tendência especialmente relevante: a necessidade de conciliar qualidade de vida com centralidade e acessibilidade financeira.
Numa época em que o teletrabalho passou a integrar a rotina de muitos, e em que a fronteira entre casa e escritório se tornou difusa, o conceito de flexibilidade deixou de ser um extra e passou a ser essencial. Hoje, mais do que uma planta tradicional, muitos procuram apartamentos com zonas de uso polivalente — salas que podem transformar-se em espaços de trabalho, varandas que são extensão da área social, cozinhas abertas que maximizam o espaço útil e criam novas formas de convivência.
Ao mesmo tempo, as casas compactas respondem a um desafio ambiental e económico cada vez mais urgente: a eficiência energética. Imóveis de menor dimensão, bem desenhados e com bons índices de desempenho térmico, são mais sustentáveis e mais fáceis de manter. Para os compradores mais jovens, este equilíbrio entre responsabilidade ambiental, conforto e custo total de propriedade é um fator decisivo.
Há também uma componente cultural nesta mudança. O paradigma de habitação que definia sucesso pela área e pelo número de divisões está a ser substituído por uma visão mais contemporânea, que valoriza o design, a luz natural, o aproveitamento inteligente de cada metro quadrado e a localização próxima de serviços e transportes. Em zonas urbanas consolidadas ou em bairros em regeneração, esta abordagem torna possível viver no centro sem comprometer o orçamento familiar.
Por outro lado, a procura por casas compactas e flexíveis não se limita ao mercado da primeira habitação. Investidores atentos têm reconhecido o potencial deste segmento, tanto pelo seu dinamismo no mercado de arrendamento como pelo perfil crescente de pessoas que preferem qualidade e conveniência a dimensão excessiva. Apartamentos funcionais, bem localizados e preparados para responder a várias fases da vida têm maior liquidez e capacidade de valorização no longo prazo.
Esta tendência não significa abdicar de qualidade ou conforto. Pelo contrário, obriga a repensar o que realmente importa num imóvel: a experiência quotidiana de quem o habita. A luz, a funcionalidade, a ergonomia dos espaços e a ligação com o exterior tornam-se fatores tão ou mais relevantes do que a área formal.
Assistimos, assim, a um momento em que o mercado imobiliário evolui em direção a soluções mais versáteis, conscientes e adaptadas ao presente. As casas compactas e flexíveis são o reflexo de um consumidor mais informado e de um setor que percebe que viver bem não é uma questão de metros quadrados, mas de propósito e equilíbrio.
Rita Fernandes
Directora comercial ADDSOLID
*Texto escrito com novo Acordo Ortográfico