Programa Veredas: Reflorestar Lisboa, preparar a cidade para as Alterações Climáticas
A câmara de Lisboa aprovou por unanimidade o programa Veredas, apresentado por Rui Tavares do partido Livre, que visa a requalificação das vias públicas “para que sejam mais verdes, abertas, polivalentes, seguras e acessíveis, tornando-as eixos locais de ligação com os corredores verdes, parques e jardins existentes na cidade”.
As directrizes do programa visam “transformar vias públicas em espaços renaturalizados paisagisticamente por meio do aumento da cobertura vegetal e da densidade arbórea, cujo desenho privilegia a implantação e melhoria contínua da rede pedonal e ciclável”, assim como do mobiliário urbano para usufruto pela população local.
Além de tornar as “vias preferencialmente pedonais ou excepcionalmente de condicionamento do trânsito rodoviário local”, a proposta prevê ainda “recursos materiais e humanos necessários para promover, na via pública a ser requalificada, o arrefecimento microclimático, a redução da poluição atmosférica e sonora, a mitigação dos efeitos das enchentes” e actividades de recreio e educação ambiental.”
Recorde-se que, de acordo com a Agência Europeia do Ambiente, em Lisboa há apenas 17% de cobertura arbórea e escassos 2% de espaços urbanos verdes em relação à superfície total do município.
Por outro lado, um estudo conduzido pelo Barcelona Institute for Global Health em 93 cidades europeias demonstra como as vagas de calor têm impacto significativo na saúde pública e como o plantio de mais árvores pode diminuir as temperaturas e ajudar a salvar vidas. De acordo com os investigadores responsáveis pelo estudo, aumentar o nível de cobertura arbórea da média europeia de 14,9% para 30% pode reduzir a temperatura nas cidades em 0,4°C, resultando num decréscimo de 39,5% das mortes relacionadas com o calor.
A Câmara Municipal de Lisboa, por meio do projecto “Cartografia da Vulnerabilidade Térmica – Mapeamento dos Efeitos das Ondas de Calor em Lisboa Face às Projecções Climáticas”, alertava já há tempos que a cidade irá enfrentar um “aumento significativo do número, duração e severidade de episódios de onda de calor, com correspondentes impactos, tais como aumento das necessidades de arrefecimento de Verão, ou os riscos para a saúde decorrentes da exposição ao calor extremo”. Destacava, ainda, a importância dos espaços verdes como “ilhas de frescura”, que ajudam a arrefecer e dar maior conforto térmico na sua área de influência.
Tendo no seu cerne tais preocupações, o programa “Veredas de Lisboa” apresentado pelo Livre e agora aprovado pela autarquia da capital, visa o investimento e reforço na renaturalização das vias públicas aumentando a cobertura vegetal e a densidade arbórea em toda a cidade; Dando prioridade à criação de veredas junto dos Equipamentos de Proximidade, nos eixos com défice de arborização e nas áreas identificadas como ilhas de calor urbano;
E simultaneamente, que a população seja envolvida na escolha e projecto das “Veredas”, criando um processo participativo e acompanhamento pelas pessoas da evolução e implementação do programa.