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Algarve

Procura de casas no Algarve é sete vezes superior à nova oferta

10 de julho de 2023

No acumulado de 10 anos, e de acordo com informação disponibilizada pelo INE, foram vendidas 35.400 casas no Triângulo Dourado, por um valor aproximado de 8.000 milhões de euros, ao passo que se concluíram apenas 4.300 casas novas. No mesmo período, no Barlavento, a procura absorveu 47.450 casas e a nova oferta somou apenas 7.500 casas, num mercado que transacionou 7.026 milhões de euros. O Sotavento é o mercado de menor dimensão de transações, com 36.100 casas vendidas no valor de 4.444 milhões de euros, mas com maior volume de nova oferta criada, somando 7.600 novos fogos construídos.

De acordo com a JLL - durante a sua participação na conferência Why Algarve, na Quinta do Lago, apresentou os principais indicadores do mercado imobiliário da região, bem como os seus factores de atractividade -, ao longo dos últimos dez anos, por cada casa nova concluída na região, foram vendidas sete casas, numa média anual de 1.500 habitações concluídas para 10.300 transacionadas. O Triângulo Dourado, que abrange os concelhos de Loulé e Albufeira, é o eixo geográfico onde esta diferença é mais acentuada, com oito fogos vendidos para cada novo fogo concluído no mesmo período. No Barlavento, a procura mostrou-se capaz de absorver seis casas por cada casa nova que ficou concluída, e no Sotavento a diferença foi menor, de cinco casas vendidas para cada casa concluída.

Joana Fonseca, Head of Strategic Consultancy & Research da JLL, sublinha que “esta excelente dinâmica da procura imobiliária no Algarve é impulsionada não só pelo investimento para segunda habitação e turismo residencial, mas também pela expansão das necessidades de primeira habitação e o crescimento da população estrangeira. No contexto de perda de população que o país teve na última década, o Algarve não só foi uma das únicas regiões a registar crescimento da população como foi aquela onde esse aumento foi maior”.

De acordo com os Censos 2021, ao longo da última década, a população aumentou 4% no Algarve para 467.500 residentes, em contraste com a quebra de 2% registada a nível nacional, sendo que a maioria desta população reside em Faro (14,5%), Loulé (15,5%) e Portimão (12,8%). Um dos motores deste aumento populacional foram os residentes estrangeiros, que cresceram 31% nos últimos dez anos, totalizando atualmente 67.900 pessoas, ou seja, 14% de toda a população sediada na região. Entre estes, destaca-se a comunidade de residentes naturais do Reino Unido e Irlanda (20% do total dos estrangeiros a residir no Algarve).

Além deste reforço dos estrangeiros na estrutura populacional da região, com impacto nas compras para primeira habitação, é também visível a dinâmica da procura internacional para segunda habitação e/ou investimento, já que 26% das casas compradas no Algarve em 2022 foram adquiridas por não residentes, os quais geraram 38% do valor movimento em habitação na região.

Além do bom desempenho de vendas, o mercado imobiliário do Algarve tem sido alvo de uma forte valorização, com o preço médio de venda das casas a situar-se atualmente em 307.500 euros, atingindo os 395.100 euros na habitação nova e os 286.600 euros na usada. Em 2009, os preços rondavam os 166.000 euros, variando entre os 202.000 euros para as casas novas e os 152.000 euros para as usadas.

Patrícia Barão, Head of Residential da JLL, destaca a valorização deste mercado como resultado da conjugação do fortalecimento do Algarve como destino internacional de investimento e da qualificação do produto que surge no mercado. “Embora o ritmo de reposição de nova oferta seja bastante inferior à capacidade da procura, como nos mostram os números, o produto novo que surge no mercado é de elevada qualidade, com uma forte componente de moradias e de habitações de várias tipologias inseridas em resorts integrados”. Relativamente ao reforço do Algarve como destino de investimento internacional, “os britânicos continuam a ser predominantes entre os estrangeiros, mas há uma crescente diversificação de nacionalidades ativas na compra, bem como o alargamento dos seus alvos de interesse. Vemos compradores de cada vez mais países a comprar casas no Algarve, com destaque para brasileiros, franceses e norte-americanos, além de haver uma procura crescente por cidades menos conhecidas internacionalmente, especialmente no Sotavento”.

Para Joana Fonseca, “esta capacidade de atracção renovada do Algarve deve-se aos seus atributos naturais, arquitectónicos, culturais e gastronómicos, claro, mas também ao facto de ser uma região que tem apostado no desenvolvimento e num posicionamento cada vez mais diferenciado. Temos atualmente vários Algarves, entre praias, campo e serra, cidades mais tradicionais e outras mais cosmopolitas, numa região bem servida em termos de estruturas de ensino e de saúde, além de vários campos de golfe e outros equipamentos de lazer que sempre colocaram o Algarve nas principais rotas de turismo internacional”.

Na conferência, Joana Fonseca relembrou os atributos de uma região que possui 200 quilómetros de linha de costa, 300 dias de sol por ano e 18ºC de temperatura média ao longo do ano, e que foi várias vezes distinguida como o principal destino de praia da Europa. Seis marinas internacionais e 46 campos de golfe, a par de uma oferta de conveniência que abrange 10 estruturas de saúde, cinco escolas internacionais e uma universidade, entre outras valências, fazem do Algarve uma região cuja oferta vai muito além do produto turístico sol e praia.

“Não temos a menor dúvida de que o Algarve vai continuar a sua trajetória de consolidação enquanto destino para morar e para trabalhar, além de ser um incontornável ponto turístico. E que o imobiliário será uma das principais bases para sustentar este percurso. Por isso, além de ser um mercado que está a crescer entre os compradores e ocupantes finais, o Algarve deve ser cada vez mais uma oportunidade a ter em conta para promotores e investidores imobiliários, nomeadamente para a criação de nova oferta. Da parte da JLL, temos esse sentimento bem presente, pois recebemos cada vez mais solicitações para identificação de oportunidades de investimento junto da nossa equipa presente na região. É uma aposta ganha”, termina Pedro Lancastre, CEO da consultora, também presente nesta conferência.