Portugal é um dos países da Europa onde o preço das casas menos subiu desde 1996 - OCDE
As tendências dos preços das casas na Europa variaram consideravelmente desde a década de 1990, em alguns países a subida foi quase 180% em relação a 1996. Portugal está no grupo onde os preços permaceram relativamente estáveis, indica a OCDE - Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económicos.
A Suécia - há muito um dos mercados imobiliários mais quentes da Europa - mostra o maior aumento, com preços médios a disparar 176% entre 2021 e 1996.
Joakim Lusensky, chefe de análise e comunicações da Associação Sueca de Agentes Imobiliários, referiu à Euronews que o mercado imobiliário tem sido alimentado por "um crescimento forte e constante da população e renda disponível e um longo período de taxas de juro muito baixas". Para agravar as coisas, refere que a produção de casas tem sido bastante baixa, "embora uma parte bastante grande da população esteja na faixa etária em que é mais comum constituir família".
Em Janeiro, especialistas alertaram que um colapso do mercado imobiliário estava a aproximar-se na Suécia, com alguns a preverem uma queda de 20% nos preços, à medida que o país aumentava as taxas de juros e lutava contra o alto endividamento das famílias.
Os dados da OCDE revela ainda que o Reino Unido é o segundo da lista. "A razão clara (por trás disso) é que a compra de casas começou a superar os que arrendam ... havia uma falta de habitação social disponível ... então as pessoas tinham que escolher entre pagar uma renda mais cara ou comprar sua própria casa", adiantou Marc von Grundherr, director da Benham and Reeves, à Euronews. O responsável apontou o legado da primeira-ministra britânica dos anos 1980, Margaret Thatcher, que vendeu grandes áreas de habitação social e alimentou "aspirações" de casa própria. "Com a procura a superar a oferta, levou a um grande aumento nos preços", explicou von Grundherr.
Em 1992, o preço médio das casas em Londres era de £ 78.000 (€ 88.000), de acordo com o Office of National Statistics. Hoje é de £ 524.000 (€ 592.000), verificando-se um aumento de 572% em pouco mais de 30 anos.
No entanto, a história dos preços das casas na Europa não é de crescimento significativo, como na Suécia, Reino Unido, Dinamarca e França, escreve a Euronews. Em outros países, os preços estabilizaram ao longo do período.
A Itália passou por um boom até a crise financeira de 2008, mas desde então tem mostrado um declínio constante.
O valor das casas na Alemanha permaneceu relativamente estável desde 1996, aumentando apenas em 2016.
"Existem vários factores que influenciaram os preços dos imóveis nos últimos trinta anos", avançou Benjamin Benirschke, do Comité Central Imobiliário da Alemanha (ZIA). O responsável apontou os regulamentos, materiais de construção mais caros e "escassez de terrenos para construção, especialmente perto de grandes cidades", bem como "movimentos populacionais e de refugiados após a queda do Muro de Berlim [em 1989] e a crise financeira de 2008".
Portugal tem seguido uma tendência semelhante à da Alemanha, embora com um crescimento ligeiramente superior no final dos anos 90. No entanto, os factores que levaram os preços a disparar nos últimos anos variam consideravelmente. Um porta-voz da Portugal Property Team referiu à Euronews que os preços imobiliários portugueses foram afectados pelo "investimento estrangeiro com o Golden Visa, que contribuiu para um aumento na procura de propriedades de luxo", bem como pelo crescimento económico do país e maior estabilidade. "Portugal também assistiu a um aumento significativo do turismo na última década... Isso também levou a um aumento nas propriedades de arrendamento de curto prazo, como os arrendamentos do Airbnb", acrescentou.