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Portugal acelera o ritmo da oferta e procura de centros de dados de Janeiro a Setembro

16 de outubro de 2024

O mercado de centros de dados em Espanha e Portugal continua com uma progressão extraordinária, indica o relatório Data Center Snapshot elaborado pela consultoria imobiliária global Colliers.

Data Centers em Portugal

De acordo com o estudo, Lisboa abriga mais de 50% dos centros de dados de Portugal, com actores-chave na região como Equinix, Colt e AtlasEdge. O ano de 2024 trouxe um impulso para o mercado de data centers em Portugal, que estava estagnado desde 2022. As capacidades instaladas e em processo de aprovação até 30 de Setembro de 2024 são de 16 MW IT e 146 MW IT, respectivamente.

Durante os primeiros nove meses do ano, vários novos projectos foram anunciados, incluindo um aumento da capacidade instalada de 495 MW IT para 1,2 GW no Start Campus DC. Por sua vez, a Equinix também revelou planos para investir em Alcochete, uma vila no distrito de Setúbal, localizada a oeste da capital portuguesa. Além disso, a AtlasEdge anunciou a aquisição de dois terrenos adjacentes em Lisboa, onde desenvolverá dois centros de dados que fornecerão 20 MW IT.

“Lisboa acelerou o ritmo da oferta e da procura nos últimos meses, principalmente devido à sua posição estratégica em relação à rede de cabos submarinos e ao crescente interesse de vários operadores. No entanto, essa tendência de crescimento deve manter-se nos próximos semestres para que o verdadeiro potencial da cidade possa ser alcançado”, conclui José Maria Guilleuma, Diretor de Data Centers da Colliers para a região Ibérica.

O mercado de centros de dados em Barcelona

De Janeiro a Setembro, o mercado de centros de dados cresceu 68% em Barcelona em termos de potência de TI instalada, passando de 25 MW IT para 42 MW IT, com a entrada em operação de 13 MW IT no centro de dados da Merlin Properties e a inauguração do segundo centro de dados da Equinix (BA2), com capacidade de cerca de 4 MW IT.

Além disso, Barcelona entrou firmemente no radar dos principais operadores internacionais com a chegada do cabo submarino a Sant Adrià del Besòs, combinada com a actual saturação da capacidade elétrica na província de Madrid. Nesse contexto, Barcelona é vista como uma alternativa para atender à procura desses operadores no Mediterrâneo.

Desde janeiro, ocorreram transações muito relevantes, como a aquisição, por parte da AtlasEdge, de terrenos com potência garantida para o desenvolvimento do seu segundo data center na cidade, que, quando atingir sua capacidade máxima de operação, somará 24 MW IT. Por sua vez, a empresa norte-americana CoreWeave anunciou, em junho de 2024, seu plano para investir 2 mil milhões de dólares para se expandir na Europa e abrir um centro de dados na província, cuja capacidade não foi divulgada.

"Essas transações demonstram que os principais operadores já estão a aplicar estratégias de reserva de terrenos em Barcelona, preparando-se para a chegada da procura a médio prazo", comenta José Maria Guilleuma, Director de Data Centers da Colliers para a região Ibérica.

Os Data Centers em Madrid

A potência instalada na Comunidade de Madrid manteve-se estável em 164 MW IT até ao terceiro trimestre de 2024. Apesar da aparente estagnação, o aumento da procura em relação à revolução da IA, juntamente com a excelente infraestrutura de fibra na zona nordeste de Madrid (eixos A-1 e A-2), levou ao anúncio de projetos de centros de dados que podem multiplicar a capacidade instalada em até 4,8 vezes, passando de 164 MW IT para 792 MW IT em 2030.

O pipeline de projetos confirmados para os próximos 5 anos, denominados RFS (Ready for Service, no jargão do mercado), aumentou 14% em relação ao primeiro semestre de 2023, passando de 551 para 628 MW IT.

“A zona nordeste da província de Madrid continua a ser a principal microlocalização com efeito de cluster, devido à forte presença de operadores 'colo'. Os eixos A-1 e A-2 concentram a maior parte da oferta atual e futura, embora, dada a saturação dessas áreas, as localizações estejam a começar a diversificar-se, com foco também na zona sul de Madrid", continua Guilleuma.

Centros de dados em Aragão

Aragão alcançou uma capacidade instalada em operação de 108 MW IT, graças à entrada em operação da primeira fase dos centros de dados impulsionados pela Amazon (AWS), enquanto o pipeline da região está em torno de 1.800 MW IT, uma vez que Microsoft e AWS terminem os seus projetos de Cloud.

“As grandes parcelas de terreno disponíveis, com fornecimento de eletricidade a curto/médio prazo, sua posição de liderança na produção de energia renovável a nível nacional, com 13% de toda a energia desse tipo gerada na Espanha, e as facilidades que as administrações locais estão a conceder aos principais players do mercado de centros de dados estão a fazer com que Aragão ganhe reconhecimento como a «Virgínia da Europa» e continue a atrair importantes investimentos”, afirma José Maria Guilleuma, Director de Data Centers da Colliers para a região Ibérica.

Entre esses investimentos, destaca-se o anúncio da AWS para um novo projeto em que investirá 15,7 mil milhões de euros nos próximos anos, destinados à construção de uma rede de megacentros de dados em Aragão. Além disso, a Microsoft anunciou o seu terceiro centro de dados em Villamayor de Gállego (Zaragoza), projeto que se soma aos outros dois centros de dados anunciados no Parque Tecnológico de Reciclagem e em La Muela, nos quais planeia investir mais de 6,6 mil milhões de euros. A QTS, empresa do fundo Blackstone, anunciou em junho a construção de um macro data center de 300 MW IT numa área de 200 hectares em Calatorao (Zaragoza), com um investimento estimado em 2 mil milhões de euros, e a Box2bit destinará mil milhões de euros ao primeiro macro data center de autoconsumo renovável da região. O volume agregado de investimentos anunciados até o momento em Aragão supera os 25 mil milhões de euros nos próximos 10 anos.