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Porto é o distrito com mais carência de residências para seniores

1 de outubro de 2024

Portugal é um dos países mais envelhecidos do mundo. Entre os cerca de 10 milhões de residentes, há 2,5 milhões que têm já mais de 65 anos, sendo que a perspectiva é de que a proporção de população idosa continue a aumentar, ao longo das próximas décadas. Esta demografia envelhecida traz enormes desafios, com o da assistência aos seniores a ser o maior de todos. Faltam Estruturas Residenciais Para Pessoas Idosas (ERPI) em todo o país, mas é no Distrito do Porto que a carência é maior.

Dos 2,5 milhões de habitantes com mais de 65 anos, mais de um terço reside nos dois Distritos mais populosos do País, Lisboa (20%) e Porto (16%), segundo dados compilados pela Via Senior através do Instituto Nacional de Estatística - INE. Setúbal completa o top dos Distritos com mais residentes seniores, seguida de Braga e Aveiro, com os cinco a representarem, em conjunto, 58% do total da população que se enquadra na terceira idade.

Sendo os Distritos com mais população, mas também com maior número de habitantes seniores, estes concentram também o maior número de ERPI. De Norte a Sul existem pouco mais de 2.500 ERPI, de acordo com os mais recentes dados disponibilizados pelo Gabinete de Estratégia e Planeamento do Ministério do Trabalho e Solidariedade Social e da Carta Social, com Lisboa (24%) e Porto (15%) a contarem com o maior número destas instituições. Mas o Porto apresenta, ainda assim, um défice de oferta.

No total, as ERPI existentes em Portugal apresentam um total 104 mil camas para seniores, distribuídas por quartos individuais, duplos ou triplos. No Distrito do Porto, contabilizam-se 8.946 camas, uma oferta que se revela manifestamente reduzida face à população residente mais envelhecida, que ascende a 409 mil pessoas. Na prática, existem neste Distrito praticamente 46 seniores para cada cama nas ERPI.

“A situação vivida no Distrito do Porto é a mais problemática a nível nacional, demonstrando um claro desencontro entre aquela que é a população mais idosa e a oferta de camas em instituições, públicas ou privadas, que têm a importante função de acolher estes seniores”, salienta Nuno Saraiva de Ponte. “É preciso mais investimento na oferta de residências senior neste Distrito, mas também noutros onde já existe um elevado número de ERPI, mas em que a proporção de população idosa é elevada e está a aumentar rapidamente”, acrescenta o CEO da Via Senior.

No Distrito de Lisboa, onde residem 516 mil seniores, há 32 habitantes para cada cama disponibilizada (16.231). A situação em Lisboa só é superada, além do Porto, pelo Distrito de Setúbal onde há apenas 6.090 camas para acomodar, potencialmente, mais de 210 mil residentes com mais de 65 anos. Aveiro e Faro são os outros dois Distritos no top 5 daqueles em que existe maior desequilíbrio entre residentes e camas disponibilizadas nas ERPI, enquanto Portalegre, Guarda e Beja estão no extremo oposto, com um défice de camas, mas com apenas oito a 11 seniores por cama.

Disponibilidade é quase uma miragem

Há um desencontro de relevo entre a localização da população mais envelhecida e o número de camas disponibilizadas nas áreas de residência dessas pessoas, faltando investimento por parte tanto do sistema público como do privado, embora se registe uma crescente oferta por parte de grandes grupos privados. A parca oferta que existe está praticamente sempre esgotada, com taxas de ocupação médias bastante acima da fasquia dos 90%.

De acordo com os resultados do 2.º Retrato das Residências Sénior em Portugal, realizado pela Via Senior em parceria com a BA&N Research Unit, praticamente dois terços (62,3%) revelam uma taxa de ocupação de 100%. Ou seja, são residências completamente lotadas, sem capacidade para receber novos idosos, enquanto 32,1% aponta para taxas de ocupação que se situam entre 91% e 99%. São pouco representativas as residências que referem apresentar taxas de ocupação baixas.

A escassez na oferta, num contexto de pressão do lado da procura, repercute-se invariavelmente nos valores cobrados mensalmente pela permanência dos seniores nestas instituições. Entre o 1.º Retrato das Residências Sénior em Portugal, divulgado em 2023, e a segunda edição deste Retrato, registou-se um aumento médio em torno dos 5%.

A mensalidade de um quarto duplo, a tipologia que mais residências sénior têm na sua oferta, tem um custo médio entre os 1.250 e os 1.500 euros, acima da média de 1.000 a 1.500 euros no inquérito realizado há um ano. Aliás, 20,8% das camas em quarto duplo têm até um custo superior, entre 1.500 e 1.750 euros, enquanto 18,9% indica valores entre os 1.750 e os 2.000 euros. Só 3,8% das residências inquiridas admite disponibilizar camas abaixo de 750 euros mensais.