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Habitação by century 21

Foto Prostooleh em Freepik

Plataforma internacional de arrendamento alerta para a falta de colaboração entre fornecedores de soluções

19 de fevereiro de 2024

A HousingAnywhere, a maior plataforma de arrendamento de médio prazo da Europa, acaba de publicar o seu segundo Public Policy Digest anual, e apela a uma mudança da abordagem dos problemas de habitação, passando para a procura de soluções. O actual relatório destaca três aspectos principais que sublinham uma questão profundamente enraizada: a escassez estrutural da oferta de habitação.

Por forma a superar essa escassez estrutural, a plataforma aponta condicionantes efectivas no mercado: “a falta de uma regulamentação reactiva e flexível, a falta de uma abordagem global da vida das pessoas e a falta de colaboração entre os potenciais fornecedores de soluções”.


Flexibilização das habitações

A necessidade de um quadro político que promova uma vida flexível e colectiva deriva da “propensão da Geração Z para a mobilidade internacional e a evolução das necessidades da população sénior (+65). Essas duas realidades “tornam imperativo avançar para habitações residenciais flexíveis”.

Refere a HousingAnywhere:

“Os investidores imobiliários começam a compreender esta mudança na procura perante um crescimento consolidado, com países como Portugal a experimentarem novas políticas e conceitos de habitação, como o co-living e cooperativas. Ainda assim, em toda a Europa,  os decisores políticos não estão frequentemente a apoiar novas tipologias de habitação. Com o aumento dos preços das rendas nas principais cidades europeias, devido ao desequilíbrio entre uma procura crescente e uma escassez de oferta, é crucial a necessidade de políticas que incentivem estes novos desenvolvimentos. Para tal, os decisores políticos devem reconhecer o equilíbrio certo entre incentivos e restrições para alcançar um pleno de disponibilidade, preço acessível e acessibilidade da habitação para arrendamento”.

Djordy Seelmann, CEO da HousingAnywhere, adianta: "À medida que as necessidades e desejos de habitação das pessoas mudam, surgem novas tipologias de habitação. As inovações induzidas pela tecnologia aceleram as mudanças. Todos sabemos isto e todos falamos sobre o assunto. No entanto, muitas vezes, as mudanças reais não se reflectem nos debates políticos. Ao não se adaptarem à evolução das necessidades da sociedade, as políticas acabam inadvertidamente por regular uma realidade obsoleta, perdendo assim a sua principal eficácia e relevância."


Ilustração Freepik


Colaboração para um mercado de arrendamento diversificado

Outra das condicionantes para que a plataforma de arrandamento alerta é “a ligação entre a habitação e as possibilidades de vida”.

A habitação influencia significativamente as escolhas que os indivíduos podem fazer na sua busca de sucesso na vida, e está especialmente interligada com a educação e o trabalho. A HousingAnywhere destaca os casos desafiantes dos Países Baixos e da Alemanha como um apelo para que os países coloquem a habitação no centro das suas políticas de internacionalização, se quiserem atrair e reter talentos de forma sustentável. Uma abordagem holística com objectivos partilhados em matéria de habitação entre áreas políticas interligadas pode evitar o pensamento isolado - sentencia.

Outras das necessidades imperativas que aponta é a “Colaboração para um mercado de arrendamento diversificado que satisfaça todas as necessidades de habitação”

“Abraçando a diversidade,  - refere a plataforma de arrendamento - as políticas devem ser elaboradas em colaboração para promover a coexistência de várias opções de habitação, optimizando a provisão para diversas necessidades e desejos. A habitação privada e pública para arrendamento, bem como a habitação própria, desempenham um papel complementar. Entre outros, o Public Policy Digest destaca os esforços italianos: numa altura em que o país enfrenta protestos de estudantes contra o aumento das rendas, o governo está a mostrar uma intenção política de expandir a oferta de alojamento para estudantes e está a incentivar os investidores privados, bem como as parcerias público-privadas.

No caso português, o Public Policy Digest destaca a proactividade do país em receber os nómadas digitais (nomeadamente através da criação de um visto para estes casos) e estudantes estrangeiros, numa altura em que o cenário de internacionalização das grandes cidades portuguesas ocupa cada vez mais espaço nos debates sobre a crise habitacional. Para além disso, salienta também a importância de programas de apoio a jovens, como o Porta 65, bem como medidas cruciais como a limitação do número de alojamentos locais em zonas urbanas, com o objectivo de resolver os problemas de escassez de oferta para fins residenciais nas zonas centrais das cidades portuguesas, próximas de universidades ou outros locais de ensino.