O mercado imobiliário e o seu futuro
A pandemia provocada pelo coronavírus trouxe novas tendências, desafios e alterou hábitos a vários níveis, nomeadamente no mercado imobiliário. Deixou uma marca profunda em cada um de nós que possivelmente perdurará no tempo.
Já é notável o impacto no processo de procura de casa, quer nas preferências, gostos e necessidades de cada família. Acredito mesmo que as casas, enquanto local seguro onde vivemos, tenham assumido um papel muito importante na vida das pessoas, que atualmente optam por espaços mais amplos, dão valor a áreas de home office, a terraços e jardins.
A Covid-19, e não esquecendo tudo o que trouxe de negativo enquanto pandemia, promoveu uma maior vivência das nossas casas, em muitos casos até um maior convívio familiar, e tal despoletou uma maior necessidade de olharmos com mais atenção para a nossa qualidade de vida de uma forma geral. Temos relatos de vários clientes que nesta fase complicada, tinham que estar com os filhos e respectivos cônjuges, a trocar à vez de quarto, para poderem cumprir com as suas obrigações laborais, como por exemplo as reuniões por videoconferência, a telescola dos filhos, etc, o que naturalmente é muito stressante e complicado. Situações de clientes que vivem em apartamentos pequenos e sem qualquer tipo de espaço exterior, por mínimo que seja, e que tiveram que se reinventar para ocupar o tempo dos filhos pequenos, já que não os podiam ter no exterior. Já os clientes que viviam em moradias ou apartamentos com espaços exteriores, passaram esta fase de uma forma muito mais tranquila e menos stressada. Não é por acaso, que a procura por moradias e apartamentos com áreas superiores à média, subiu significativamente durante o confinamento.
Outro comportamento, que também verificámos, é a “fuga” dos centros urbanos para zonas mais tranquilas e com menor densidade populacional, onde possa existir a possibilidade de distanciamento social e um maior contacto com a natureza. Nos nossos projectos JPS Group, sempre tivemos muita atenção à qualidade de vida que as casas podem proporcionar, sempre valorizámos muito as áreas verdes e os espaços exteriores, daí que talvez não seja de admirar que, por exemplo, só no mês de maio, tenhamos tido mais de 800 novos clientes a contactar a nossa empresa para comprar as nossas casas. Números verdadeiramente fantásticos, e que sabemos serem poucas as empresas com estes resultados. Por exemplo, com o lançamento do nosso projecto de moradias e apartamentos, o “Terraços de São Francisco”, em Alcochete, e com apenas um mês de lançamento, já temos cerca de 30% de vendas realizadas. São números muito bons atendendo à fase que atravessamos.
Com base nos nossos números e olhando também para os números que outros promotores têm anunciado, creio que já é possível afirmar que a esperada quebra do mercado imobiliário não se tenha verificado de forma tão “dramática” como muito se especulou, aliás sempre defendi que não iria acontecer, mesmo podendo ser considerado “demasiado optimista” como me chegaram a dizer.
Houve, naturalmente, uma redução na procura de produtos mais direccionados para os clientes estrangeiros, relativamente a períodos homólogos, mas que é totalmente compreensível, pois a maioria das fronteiras, assim como os voos aéreos estavam fechados, e houve compreensivelmente menor procura. Contudo, acredito que esta será uma recuperação à qual vamos assistir muito em breve.
De uma forma geral, prevejo a continuação de uma boa recuperação para o sector imobiliário. O mercado está activo e regista uma procura muito elevada. No que concerne ao mercado dito interno, as famílias estão a querer comprar, as instituições bancárias continuam a conceder crédito à habitação com boas condições, e estes factores conjugados indiciam uma boa recuperação no imobiliário. Relativamente aos clientes estrangeiros, temos vindo a ter uma maior procura nos últimos dois meses, pelo que acredito que vá ter nos próximos meses um muito melhor desempenho.
A pandemia pode ter infelizmente abalado muitos sectores, e esperamos todos que recuperem muito em breve, mas mais uma vez a história veio demonstrar que não há melhor investimento, nem mais seguro, do que o investimento no sector imobiliário, é nisso em que acredito, e é isso que tenho constatado ao longo do meu percurso neste sector.
João Sousa
CEO do JPS Group