O mercado de escritórios em Lisboa está mais dinâmico que nunca!
A procura por espaços para arrendamento tem-se tornado muito ativa nos últimos anos. O setor dos Centros de Serviços Partilhados tem impulsionado bastante o mercado, observando-se com grande frequência que novas empresas como a Google e a Amazon surgiram nos últimos meses em Portugal com procuras relevantes.
A primeira questão que surge é “O que oferece Portugal para captar tanto interesse destas empresas?”
Desde 2007/2008, Portugal começou a ser procurado pelas empresas do setor dos serviços partilhados devido ao valor por m² reduzido (abaixo dos 10€/m²). Hoje em dia, as exigências mudaram e dificilmente se encontra em Lisboa um espaço de qualidade e bem localizado por menos de 14€/m², no entanto a procura tem vindo a aumentar.
Portugal não se limita apenas a ser um país com um clima favorável e que oferece mão-de-obra e produto imobiliário de baixo custo. O nosso país tem vindo a destacar-se através de outras valências distintas como a localização geográfica estratégica (proximidade a diversas cidades europeias e fuso horário compatível com a maior parte dos mercados relevantes europeus), as acessibilidades bem desenvolvidas (rodoviárias e ferroviárias), os recursos humanos de qualidade e, um fator cada vez mais valorizado nos dias de hoje, uma consistente estabilidade social e política. Estes parâmetros, que são criteriosamente analisados pelas empresas, colocam Portugal numa posição de destaque face a outros países como Polónia, República Checa e Irlanda.
Historicamente, estas empresas têm a tendência de preferirem instalar os Centros de Serviços Partilhados na capital, um comportamento nada surpreendente não fosse Lisboa a cidade com o mercado de escritórios mais consolidado e com melhor oferta de espaços empresariais do País.
No período subsequente à crise económica que afetou Portugal nos mais diversos setores de atividade económica, nomeadamente o imobiliário, as procuras para a instalação destes centros de alguma dimensão contribuíram, e muito, para a recuperação e crescimento do mercado de escritórios.
Já decorrida mais de uma década com este fenómeno, o mercado de Lisboa confronta-se agora com uma nova situação que aparenta ser um entrave à evolução deste setor na cidade: a falta de espaços de escritórios disponíveis para satisfazer estas procuras. Com as frequentes necessidades para a instalação de Centros de Serviços Partilhados, que raramente são para áreas inferiores a 1.000m²-1.500m² e com Lisboa a registar uma vacancy de escritórios de 8,58%, a capacidade de oferecer espaços adequados é limitada.
Com todos os requisitos que estes centros solicitam, tais como a centralidade do edifício e os bons serviços a nível de transportes públicos, tem-se tornado bastante difícil responder a estes pedidos apenas no círculo de oferta do mercado de Lisboa.
As perspetivas a curto prazo não se apresentam mais animadoras, visto que o pipeline de novos escritórios para os próximos 2 anos é reduzido (cerca de 30.000 m²) e por estar, na sua maioria, já pré-arrendado.
Perante esta nova realidade, outra questão se coloca “Como está Portugal a posicionar-se face a estas procuras?”
Apesar de já existirem há alguns anos centros fora de Lisboa, como no Porto e Braga, tem sido nos últimos 3 a 4 anos que temos assistido ao alargamento da instalação de novos Centros de Serviços para zonas além de Lisboa. O caso das regiões da Covilhã, Leiria, Guimarães, são exemplos de localidades que têm vindo a registar um acréscimo do dinamismo nesta área de atividade.
Evolução do Nº Centros de Serviços em Portugal (ver imagem)
A dispersão para outras regiões do país tem acontecido, não só devido à dificuldade em encontrar espaços em Lisboa, mas também muito por força das autarquias municipais que têm vindo a promover e a trabalhar na criação de condições e incentivos para receber estas empresas. Existem atualmente zonas mais dinâmicas e ativas que outras, no entanto observa-se que a sua maioria já reconhece a importância do setor e vai criando algumas medidas para atrair as empresas a instalarem-se no seu território. As medidas passam muito pela promoção comercial das regiões, incentivos fiscais (isenção de IMI, redução da derrama), bem como cedência de terrenos ou disponibilização de espaços para instalação das empresas.
Autora:
Teresa Cachada
Analista do Departamento de Consultoria da Savills Aguirre Newman
(Texto escrito segundo o Acordo Ortográfico)