O Covid-19 como "projecto-piloto" do Escritório do Futuro
Há dias, um colega comentou comigo que aprendemos mais nos últimos dois meses do que nos últimos dez anos.
O contexto que temos vivido permitiu-nos concluir que, afinal, as empresas conseguem colocar milhares de profissionais a trabalhar a partir de qualquer lugar, sem perder os níveis de eficiência. Nalguns casos, são reportados até aumentos de produtividade, decorrente do uso "forçado" de tecnologia colaborativa e de um maior equilíbrio entre a vida pessoal e profissional.
As empresas foram obrigadas a adoptar o teletrabalho e, para surpresa de muitos, a experiência tem superado as expectativas, ao ponto de muitos colaboradores estarem a sugerir às chefias um modelo "híbrido", que lhes permita trabalhar parte do tempo fora da sede da empresa.
Se algumas companhias já estavam familizarizadas com o trabalho remoto, outras mantinham-se cépticas e agora percebem que os novos modelos de trabalho podem constituir uma oportunidade de ouro para se reinventarem, racionalizarem custos e serem mais eficientes.
À semelhança de outros líderes, Jes Staley , CEO do Barclays assumiu este mês que o formato tradicional de escritórios com milhares de profissionais poderá ser um cenário que não se irá repetir no futuro. Nas suas palavras: crowded corporate offices with thousands of employees “may be a thing of the past.”
Coworking e Escritórios Virtuais podem ser uma solução?
O período de cofinamento poderá estar a ser um verdadeiro projecto-piloto para o que muitos designam "Escritório do Futuro".
Não tenho dúvidas em afirmar que este contexto veio acelerar processos de reorganização do trabalho que muitas empresas já preconizavam - finalmente têm agora evidências que um modelo que prevê equipas de trabalho deslocalizadas geograficamente traz mais vantagens do que desvantagens, não só do ponto de vista de custos, mas também de adaptação a processos de mudança que se afiguram cada vez mais recorrentes nos próximos anos.
Numa altura em que as pessoas se adaptam a uma "nova normalidade", milhares de empresas ponderam a adopção de um modelo híbrido que poderá passar por manter o escritório-sede e contratar escritórios-satélite que poderão funcionar em espaços de coworking com boas acessibilidades, salas de reunião e serviço de escritório virtual que garanta apoio de backoffice administrativo, contact center, entre outros serviços partilhados que permitem às empresas estarem focadas no seu "core", serem mais eficientes e produtivas.
Agora, mais do que nunca, a reivenção do modelo de organização do trabalho, passará obrigatoriamente pela redefinição do conceito de espaço de trabalho.
Carlos Gonçalves
CEO Avila Spaces