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Opinião

 

O que falta para tornar Portugal um destino (ainda) mais atrativo para o setor industrial

19 de outubro de 2022

O crescimento dos mercados e a necessidade permanente de melhorar a competitividade das empresas obrigam a uma procura crescente por parte de investidores nacionais e internacionais da melhor localização para as suas unidades de produção.

Neste campo, Portugal preenche um conjunto de pré-requisitos que o tornam especialmente atrativo no momento da decisão. A sua localização charneira entre Continentes, a sua estabilidade social, a existência de mão-de-obra qualificada e altamente profissional e ainda a capacidade de construir esses projetos segundo os mais elevados padrões de qualidade, assegurando o cumprimento de prazos, são os principais fatores que nos projetam como destino para o investimento em novos projetos neste setor.

Contudo, temos ainda alguns desafios pela frente para fazer crescer a atratividade de Portugal, sobretudo quando estamos a ganhar balanço após anos em que este setor esteve quase paralisado. Desde logo, a necessidade de consolidação dos diversos clusters, que devem “trabalhar” para serem competitivos a nível mundial no seu setor, com uma estratégia sólida a curto, médio e longo prazo a vários níveis. Tendo cada região as suas potencialidades únicas e diferenciadas, as mesmas devem ser cada vez mais claras e inequívocas aos olhos do investidor que procura a localização perfeita.


“Portugal deve dar continuidade ao seu processo de modernização e simplificação administrativa em todos os setores”


Por outro lado, Portugal deve dar continuidade ao seu processo de modernização e simplificação administrativa em todos os setores, que no caso da indústria é fundamental ao nível dos licenciamentos, tantas vezes determinantes logo na primeira análise de viabilidade de um novo projeto industrial. O nosso país deve assegurar aos investidores expetativas sólidas e compromissos estáveis e duradouros, sobretudo no que diz respeito à regulamentação aplicável na elaboração dos projetos, no regime fiscal e no fator energético, determinante na produção industrial.

Destaco igualmente a questão da mão-de-obra, cada vez mais escassa, e a sua distribuição territorial, uma vez que a maioria das zonas industriais fica longe dos principais agregados populacionais, devendo ser operacionalizados alguns dos planos já anunciados. É preciso criar condições para uma efetiva redução dos custos da interioridade para a população a fixar em novas localizações e continuar a investir na formação técnica cada vez mais especializada dos jovens que saem das universidades, politécnicos e escolas de formação técnico profissional. A necessária captação de mão-de-obra vinda de outros países, cada vez mais tida como hipótese, será tão mais bem-sucedida quão mais interessantes e apelativos forem os fatores de capacitação técnica e de integração social.

De igual forma, a introdução de novas tecnologias, como por exemplo o BIM, e a integração de parâmetros de sustentabilidade em todo o ciclo do projeto podem fazer a diferença no setor industrial e não é por acaso que a Engexpor tem vindo a acrescentar estas áreas ao seu currículo para atender a novas necessidades do mercado, potenciando o know-how adquirido ao longo de mais de 35 anos.


“É preciso criar condições para uma efetiva redução dos custos da interioridade”


Apesar dos desafios enumerados, há uma evidente modernização e uma diversificação dos tipos de indústria. É essa a principal tendência a que assistimos nos últimos anos, após o “quase” abandono de alguns setores históricos do nosso país que foram perdendo competitividade. Os diversos projetos industriais que atualmente são geridos pela Engexpor demonstram isso mesmo, nomeadamente na indústria química e farmacêutica, produção medicinal, hyper data centres, mas também na indústria da moda, calçado e acessórios, nos setores automóvel e alimentar ou na produção de materiais para construção, onde já acompanhámos projetos recentes.

Os requisitos são cada vez mais complexos em todas as áreas da indústria, exigindo uma elevada capacidade técnica das nossas equipas e de todos os agentes envolvidos neste setor, desde aqueles que participam no estudo de viabilidade ou no desenvolvimento conceptual, até à gestão do projeto e da construção, passando, obviamente, por todos os que executam a obra.

A compreensão profunda do processo industrial de cada projeto que os nossos clientes pretendem desenvolver e um significativo contributo das nossas equipas na identificação das melhores soluções técnicas, em conjunto com outros participantes no projeto, será crucial para o sucesso deste setor em Portugal e para a crescente captação de investimento para o nosso país.

Nuno Alves

Diretor Portugal na Engexpor

(o autor escreve sob as normas do novo Acordo Ortográfico)