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Opinião

Francisco Mota Ferreira

O perfil do consultor imobiliário

24 de outubro de 2022

Quem tem a oportunidade (e paciência) de me ir acompanhando por aqui sabe que eu acabo, muitas vezes, por ter uma visão muito própria do imobiliário e dos seus profissionais.

Também reconheço que esta minha liberdade de expressão decorre (e muito) da opção de ter deixado de trabalhar ao serviço de uma marca em concreto – e, como calculam, convites é algo que qualquer consultor acaba sempre por ter – e ser reconhecido pelos meus pares pela minha isenção e independência. Porque consigo afastar-me e criticar ou apoiar o sector acabo por ter uma liberdade que, se tivesse preso a qualquer tipo de amarra (uma marca, por exemplo), seria francamente mais complicado. Como eu costumo dizer, sei que tenho entre os meus leitores pessoas que de bom grado me deixariam a boiar no rio Tejo. Mas, felizmente, também sei que tenho muitas outras que com igual vigor iriam a correr tirar-me do rio. E enquanto esse rácio se mantiver assim, entre haterse lovers, considero que possivelmente estarei a fazer um bom trabalho.

Talvez por ter trabalhado com marcas e ter conhecido o sector por dentro consigo hoje em dia com alguma segurança definir um perfil tipo do consultor imobiliário. Não apenas aquilo que se espera deste, mas, seguramente, as qualidades que terá de ter (ou adquirir) para ter sucesso nesta vida imobiliária. Embora existam seguramente muitas mais – e, como sabermos, cada caso é um caso – deixo aqui o que, na minha opinião, deveria ser o top 10 do consultor imobiliário.

Comecemos por aquelas que determinam a nossa vontade e podem contribuir para o nosso sucesso: a resiliência, ambição e determinação. Termos a capacidade de ouvir não, saber lutar e resistir às adversidades. Para uma venda de sucesso ocorrer, há todo um caminho de pedras a trilhar onde o fracasso e o insucesso estarão sempre à espreita.

Prossigamos pelas qualidades morais: a ética, a confiança, a integridade e honestidade. Todos nós sabemos que este mundo é pequeno, certo? No imobiliário então é mínimo. E, se acham que as boas notícias se sabem depressa, fiquem desde já cientes que as más se espalham à velocidade da luz. Ninguém gosta ou tolera uma pessoa desonesta, pelo que sermos éticos, verdadeiros e íntegros gera relações de confiança, vitais e essenciais para que possamos ter sucesso neste sector.

Termino com três características que, se quiserem, serão de carácter mais “lúdico”, mas que farão toda a diferença: boa-disposição, felicidade e companheirismo. Não há uma segunda oportunidade em causar uma primeira boa impressão. Um sorriso, uma atitude positiva perante a vida e o perceber que o nosso interlocutor (seja um colega ou um potencial cliente) está a gostar da nossa companhia é meio caminho andado para sermos lembrados e que gostem de nós.

O importante é deixar uma marca positiva no ambiente que nos rodeia. Acredito que tudo o resto que desejamos virá por acréscimo.

Francisco Mota Ferreira

Trabalha com Fundos de Private Equity e Investidores e escreve semanalmente no Diário Imobiliário sobre o sector. Os seus artigos deram origem ao livro “O Mundo Imobiliário” (Editora Caleidoscópio).