O impacto dos atrasos e da subida dos preços na construção civil
Vivemos momentos de incerteza e de imprevisibilidade em relação ao futuro, mas o mercado imobiliário em Portugal tem demonstrado, ao longo dos anos, ser resiliente, consistente e soube adaptar-se a ciclos económicos diferentes. Desde a pandemia que as empresas do setor da construção civil têm sofrido vários constrangimentos, situação que se agravou com a guerra na Ucrânia e agora, com a conjuntura económica (aumento da inflação e subida das taxas de juro), tiveram um impacto relevante no desenvolvimento de projetos imobiliários, afetando a atividade dos construtores e promotores imobiliários.
O setor da construção civil tem sido penalizado com a subida dos preços de materiais de construção, das matérias-primas, da energia, o aumento do custo da mão de obra, mas também com os atrasos nos processos de licenciamento e nas entregas de materiais de construção com ruturas de stock. Estas contrariedades têm um impacto incalculável e afeta a atividade das obras de uma forma geral e, que se reflete no atraso de projetos em construção, bem como o desenvolvimento de novos, aumentando o desequilíbrio entre a elevada procura e a fraca oferta para suprir as necessidades atuais. É este desequilíbrio que contribui para a subida contínua dos preços das casas.
Para os promotores imobiliários, como a JPS GROUP, os atrasos nos processos de licenciamento de obras são um dos principais obstáculos para a nossa atividade e, logo a seguir, os elevados custos da construção (materiais e mão de obra), sendo que continuamos a pagar 23% do IVA em obra nova, ao contrário do que se passa na reabilitação de uma forma geral e até na de luxo. Os atrasos nos licenciamentos de obras podem demorar entre 3 a 4 anos, dificultando a entrada de novas casas no mercado. A excessiva burocracia na submissão e a morosidade na apreciação dos processos de licenciamento, são problemas transversais a nível nacional nas autarquias, levando também a um aumento de preço das casas, pois o custo dos projetos e o impacto negativo da espera, leva a aumentos de preço, numa tentativa dos promotores recuperarem esses prejuízos de empate de capital e de anos seguidos sem retorno do investimento.
A JPS GROUP está direcionada sobretudo para o mercado português e tem como objetivo manter os preços das casas competitivos. Mas, face à conjuntura atual, faz um enorme esforço, para que este impacto não seja totalmente suportado pelo comprador final. Isto só é possível de fazer, porque temos uma construtora própria e compramos os materiais em escala e com antecedência, para conseguir minimizar o impacto da subida de preços e contrariar os atrasos sofridos no setor de uma forma geral que têm sido muito penalizadores. Atualmente, temos em construção simultânea mais de 700 unidades, pelo que o fecho destes projetos constitui por si só um desafio presente e futuro para o nosso grupo.
Apesar destas contrariedades e da conjuntura atual, é urgente resolver os atrasos nos licenciamentos, fomentado a agilidade na submissão, com respostas mais céleres na aprovação dos processos, respeitando os prazos legais, caso contrário continuaremos com um défice de casas no mercado face a tanta procura e aumentos dos preços de venda em prejuízo das famílias portuguesas. Apesar de tudo isto, o imobiliário, foi e continuará a ser um investimento seguro, seja para habitação própria ou para rentabilizar, e quando falamos de venda em planta, esse investimento consegue ser rentabilizado de uma forma mais expressiva. Por um lado, o cliente quando compra em planta, usufrui de um preço de venda muito mais apelativo e abaixo do preço de mercado, por outro, existe a valorização que naturalmente vai acontecer pelo próprio tempo decorrido. A procura de casas novas continua em alta.
João Sousa
CEO da JPS GROUP
*Texto escrito com novo Acordo Ortográfico