Número de ultramilionários aumentou 4,2% a nível mundial em 2023
A população global de UHNWIs (indivíduos com um património líquido de 30 milhões de dólares ou mais, incluindo a residência principal) aumentou 4,2%, a nível mundial em 2023, invertendo o declínio registado em 2022.
Os dados são retirados do The Wealth Report, um estudo anualmente concebido pela Knight Frank que reúne as mais importantes tendências e perspectivas globais do mercado imobiliário – desde 2021 que a imobiliária com sede em Londres está associada à portuguesa Quintela e Penalva.
Segundo este relatório, no final de 2023 contabilizavam-se 626 mil UHNWIs, enquanto no final de 2022 o número era de 601 mil. Também em Portugal o número de ultramilionários aumentou no último ano, passando dos 777 indivíduos para os 800, o que representa um crescimento de 3%. Até 2028 este número, segundo o relatório da Knight Frank, deverá aumentar para os 1000, o que representará um crescimento de 25%.
Segundo Francisco Quintela, CEO da Quintela e Penalva, parceiro em Portugal da Knight Frank, “estes valores confirmam a tendência que temos vindo a sentir nos últimos anos, nomeadamente em Lisboa, Cascais e Comporta, onde a procura por imóveis de luxo tem aumentado significativamente”. Acrescenta ainda que esta realidade “é maioritariamente corroborada pelo interesse e concretização de negócios por investidores estrangeiros, com elevada capacidade de investimento”.
Por região do globo, a América do Norte lidera este crescimento com um aumento de 7,2% de novos UHNWIs, com o Médio Oriente a vir em segundo lugar (6,2%) e o continente africano a ocupar a terceira posição, com um aumento de 3,8%. Já a América Latina é a única região que viu a sua população de indivíduos ultramilionários diminuir (-3,6%).
No caso da análise por país, verifica-se que a Turquia lidera a classificação da Knight Frank com um aumento de 9,7% no número de UHNWIs, seguida dos EUA (7,9%), da Índia (6,1%), da Coreia do Sul (5,6%) e da Suíça (5,2%). Segundo Liam Bailey, diretor mundial dos estudos da Knight Frank, "a melhoria das perspetivas das taxas de juros, o desempenho robusto da economia dos EUA e um forte aumento nos mercados de ações ajudaram à criação de riqueza em todo o mundo”. Assim, no final de 2023, havia 4,2% mais UHNWIs do que no ano anterior, com quase 70 indivíduos muito ricos criados todos os dias, elevando o total global para pouco mais de 626,619 pessoas ultramilionárias.
Resultados de investimento em imobiliário, ouro e Bitcoins justificam os novos ultramilinoários
A recuperação da criação de riqueza foi apoiada pelo crescimento económico mundial e pela melhoria da rentabilidade dos principais sectores de investimento. No primeiro semestre de 2023, apesar da atual contração das taxas de juro e do aumento das taxas de rendibilidade das obrigações, as ações subiram devido ao entusiasmo em torno da Inteligência Artificial. Mesmo com esta tendência a esmorecer na segunda metade do ano, a descida da inflação e a antecipação de cortes mais rápidos e substanciais nas taxas de juro deram um novo impulso aos mercados acionistas.
Enquanto alguns sectores se debatiam com o impacto persistente dos elevados custos da dívida, em particular o imobiliário comercial e o capital privado, os valores do imobiliário residencial surpreenderam pela positiva. Para os investidores, a rentabilidade do mercado residencial foi crucial para estes resultados, com a rentabilidade no investimento do mercado residencial a crescer 3,1%. Houve ainda outros setores a apresentar resultados positivos a nível global, como o ouro, que subiu 15%, e as Bitcoin, que subiram 155%, invertendo grande parte das perdas sofridas em 2022.
Ásia com maior previsão de crescimento
De acordo com o The Wealth Report da Knight Frank, o número de indivíduos ricos a nível mundial deverá aumentar 28,1% nos próximos cinco anos, até 2028. Embora positiva, esta taxa de expansão é visivelmente mais lenta do que o aumento de 44% registado no período de cinco anos até 2023.
O relatório aponta a Ásia como a região com maior crescimento previsto, nomeadamente a Índia (50%), a China continental (47%), a Malásia (35%) e a Indonésia (34%).
Para além da Ásia, o forte crescimento estará concentrado no Médio Oriente, na Australásia e na América do Norte, com a Europa a ficar para trás e a África e a América Latina a serem provavelmente as regiões com o crescimento do número de UHNWIs mais fraco.
Segundo o relatório da Knight Frank, “o grupo de indivíduos ricos, que está a aumentar, vê com bons olhos o sector imobiliário. Quase um quinto (19%) dos UHNWIs planeia investir em imóveis comerciais este ano, enquanto mais de um quinto (22%) pretende comprar imóveis residenciais. O crescimento durante o período de previsão oferece várias oportunidades para os investidores, especialmente para os promotores capazes de oferecer propriedades que se adaptem aos gostos em constante mudança dos recém-formados".