Mercado global de branded residences deverá crescer tal como a procura
O número de projectos de branded residences aumentou mais de 160% na última década, com novas marcas, novas localizações e uma mudança nas comodidades destinadas a impulsionar ainda mais o setor. Com mais de 690 projetos concluídos em todo o mundo, espera-se que mais 600 sejam entregues até 2030, afirma a Savills no seu mais recente Branded Residences Report.
“As branded residences diversificaram-se, deixando de ser exclusivamente orientadas para a hotelaria de luxo e passando a oferecer produtos em todas as escalas de cadeias hoteleiras. Assistimos igualmente a uma entrada de marcas não hoteleiras de uma vasta gama de setores, incluindo os espaços de moda, design e automóvel. As novas marcas que irão entrar no setor incluem a Dolce & Gabbana, a De Grisogono, a Mama Shelter e a Rare Finds”, afirma Rico Picenoni, Head of Savills Global Residential Development Consultancy.
A partir de um cenário dominado pelos hotéis, a Savills estima que as marcas não hoteleiras representarão 20% da oferta total até 2030 – um aumento de cerca de 40% em relação aos níveis atuais.
No que respeita às marcas de hotelaria, embora as cadeias de luxo ainda representem dois terços dos projetos concluídos, as marcas de gama alta e de gama alta estão a aumentar a sua presença, prevendo-se que aumentem a sua quota de mercado em 50% e 70%, respetivamente.
Quanto aos líderes de mercado, a Marriott International continua em primeiro lugar, posição que ocupa desde 2002, seguida da Accor e da Four Seasons. Em termos de marcas de hotelaria propriamente ditas, a Four Seasons, a The Ritz-Carlton e a St. Regis lideram o mercado (as duas últimas integrando o portfólio de marcas da Marriott International).
Em termos de marcas não hoteleiras, a YOO continua a ocupar o primeiro lugar, mas marcas como a Pininfarina (Mahindra), a Elie Saab e a Versace (Capri Holdings) deverão subir na classificação nos próximos anos.
As principais empresas-mãe das marcas hoteleiras
Fonte: Savills Research e Savills Global Residential Development Consultancy
As principais marcas hoteleiras
Fonte: Savills Research e Savills Global Residential Development Consultancy
As principais marcas não hoteleiras
Fonte: Savills Research e Savills Global Residential Development Consultancy
“As associações de marca efetuadas pelos indivíduos podem ser fatores incrivelmente poderosos na escolha da compra de uma residência. As pessoas são altamente leais à marca e, uma vez estabelecida uma ligação, esta tende a perdurar. Os Millennials e a Geração Z, a futura base de compradores, são cada vez mais fiéis à marca em comparação com outras gerações mais velhas”, afirma Kelcie Sellers, Associate, Savills World Research.
Nos próximos anos, as branded residences deverão continuar a crescer a nível mundial, estimando-se um crescimento substancial nas cidades emergentes. Prevê-se que o Cairo, por exemplo, registe o maior crescimento, passando de um projeto operacional para 17 até ao final de 2030. Ho Chi Minh City, Nha Trang, Guanacaste e San Miguel de Allende completam os cinco primeiros lugares, cada uma com um crescimento previsto de mais de 400% até 2030.
Crescimento do pipeline e do PIB – áreas metropolitanas
O crescimento dos mercados emergentes contribui para o crescimento das branded residences
A Savills prevê que a procura de produtos de branded residence continuará robusta nos centros urbanos globais de negócios e de educação, uma vez que oferecem o estilo de vida e a cultura para os potenciais compradores e as suas famílias.
A procura de produto de luxo branded residence por parte de compradores nacionais deverá crescer mais rapidamente em cidades emergentes, como a cidade de Ho Chi Minh, o Cairo, São Paulo e Istambul, onde a qualidade do parque existente não é suscetível de satisfazer as exigências de quem procura instalações e serviços de alta qualidade. Nestes mercados, haverá oportunidades para residências urbanas de gama alta, bem como para produtos de luxo destinados a clientes fiéis à marca e com hábitos de viagem.
É provável que a procura por parte de compradores internacionais cresça em destinos turísticos próximos das principais cidades com elevada concentração de riqueza, impulsionada pelo trabalho flexível e por uma maior prioridade às questões de bem-estar. As localizações soalheiras e de esqui, com um número crescente de marcas e de branded residences, também continuarão a atrair compradores de todo o mundo.
“A diversidade de projetos de branded residence, em termos de localização, tipo, marca e design, continua a ser um forte argumento de venda para este tipo exclusivo de propriedades. Esta diversidade, juntamente com a garantia de qualidade, a exclusividade e a segurança, contribuirá para sustentar este sector e reforçar a sua impressionante trajetória ano após ano”, conclui Picenoni.
Luís Clara, Capital Markets Associate, Savills Portugal, aponta: “Em Portugal, este mercado sempre esteve muito presente na região do Algarve e, por isso, muito associado a produtos de lazer, em contexto balnear e de resort, com uma importante componente de investimento/ retorno. Nos últimos anos, este segmento tem vindo a expandir-se para outras regiões do país, conquistando mercados mais urbanos como Lisboa e Cascais, ou mais rurais, como a região do Douro ou do Alqueva.”
Paula Sequeira, Consultancy and Valuation Director, Savills Portugal, sublinha: “Do mesmo modo, temos vindo a assistir a uma diversificação do perfil de comprador, cada vez menos focado na componente de investimento/retorno, valorizando a utilização enquanto produto lifestyle. Neste sentido, a Savills tem assistido a um crescente interesse neste tipo de produto por parte de diferentes players como investidores, promotores e utilizadores finais, tendo assessorado diversos projetos na sua conceção (definição de posicionamento e “produto”) e posterior implementação, através de brand procurement.”