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Mercado Imobiliário: CBRE prevê crescimento de 8% para 2025

22 de janeiro de 2025

De acordo com o mais recente relatório Real Estate Market Outlook da CBRE, o mercado imobiliário português prepara-se para mais um ano de crescimento em 2025. A consultora prevê um crescimento de 8%, face a 2024, alcançando um volume de investimento de 2,5 mil milhões de euros.

Segundo o estudo, na análise do mercado imobiliário nacional destacam-se “o desempenho positivo nos segmentos de hotéis e retalho, a procura crescente por espaços logísticos modernos, o papel chave do talento na atractividade para o segmento dos escritórios e o avanço da sustentabilidade como critério obrigatório para novos projectos de forma transversal a todos os setores”.

Francisco Horta e Costa, Director-Geral da CBRE Portugal, afirma que “Portugal mantém-se como um destino estratégico para o investimento imobiliário com um desempenho sólido. Esperamos um ano alinhado com 2024, com desafios claros, nomeadamente no que à sustentabilidade diz respeito: deixou de ser opcional e tornou-se central para a competitividade dos activos. Em 2025, a capacidade de adaptação será crucial para aproveitar as oportunidades que o mercado continua a oferecer”.



O perfil dos investidores e do investimento

Ao analisar o perfil dos investidores que alavancam o dinamismo registado no sector imobiliário português, a CBRE indica que 40% dos mesmos investiram no nosso país pela primeira vez em 2024. Do valor investido 54% concentra-se em Lisboa e 7% no Porto, sendo o restante distribuído pelas demais regiões.

A origem do capital tem um peso de 25% nacional, 75% internacional e 62% das transacções foram de um único activo (single asset transactions), enquanto 38% foram transacções de portefólios compostos por vários activos imobiliários.


Os escritórios

O segmento de escritórios, aponta a consultora, “ultrapassará a barreira dos 30€/m² em 2025. Em 2024, o segmento de escritórios em Portugal reafirmou-se como estratégico, com absorções (take-ups) de 209.000m2 em Lisboa e de 74.000m2 no Porto, crescendo, face ao ano anterior, 81% e 49% respectivamente”.

O país destaca-se pela procura por parte de multinacionais, devido à mão-de-obra altamente produtiva, qualificada e, sobretudo, competitiva. Prevê-se que, em 2025, este mercado se mantenha em linha com o registado em 2024, projectando-se ainda, de acordo com os dados apresentados, um aumento das rendas com Lisboa a alcançar pela primeira vez os 30€/m²/mês, face aos 28€/m²/mês registados em 2023, e no Porto a estabilizar nos 20€/m²/mês.


O boom do retalho

O sector de retalho - diz o estudo da CBRE - “demonstrou um desempenho sólido no último ano, com destaque para o comércio de rua, centros comerciais e retail parks, cuja performance tem sido acompanhada por um equilíbrio entre o consumo físico e digital. O high street retail (comércio de rua) teve, em 2024, o take-up mais alto desde que há registo, em muito alavancado pelas 211 aberturas registadas, sendo 149 em Lisboa e 62 no Porto, registando um crescimento de 6% face ao ano anterior. Destaca-se ainda a relevância do sector da restauração, que representou 114 das aberturas acima mencionadas”. O desafio apontado para 2025 é a fraca oferta face à elevada procura por espaços, especialmente nas zonas mais premium e turísticas.


Turismo impulsiona  hotelaria

No sector da hotelaria, o aumento do turismo continua a potenciar o interesse dos investidores, com um aumento de 5,3% no volume total de turistas entre Janeiro e Novembro de 2024, em comparação com o período homólogo. Em 2024 este sector captou 22% do volume total investido em imobiliário e é esperado que, em 2025, a percentagem ascenda a 29%. O dinamismo no sector é atribuído a um turismo com alto poder aquisitivo e ao aumento de oferta de maior qualidade, resultando num aumento de 10% das receitas face ao ano anterior.


Logística: forte procura e falta oferta

“O sector logístico consolidou-se como uma das maiores oportunidades para investidores, registando, em 2024, o melhor ano de sempre em absorção de espaços industriais (416.000 m²) desde o estabelecimento do Portuguese Industrial Prime Index” - sublinha o estudo da CBRE. “Esta absorção não foi maior pois, apesar da enorme procura latente, não existem projectos qualitativos no mercado para responder à mesma. As rendas ascenderam aos 5,50€/m2 no Grande Porto e aos 5,25€/m2 na Grande Lisboa, sendo que, em 2025, é esperado que atinjam os 6,00€ e os 5,75€ respectivamente, com uma absorção total próxima à do ano anterior.

Nos próximos anos, prevê-se o lançamento de grandes projectos industriais, o que poderá indiciar a capacidade portuguesa de capitalizar o seu potencial de nearshoring devido à posição estratégica do país, o talento qualificado e com elevado grau de fluência em inglês, nível salarial competitivo e segurança e estabilidade energética.

A CBRE destaca no estudo que “o mercado está a transitar de um conceito de ‘green premium’ para ‘mandatory green’, onde activos que não respondam aos critérios ESG serão cada vez mais excluídos ou sofrerão enormes negociações de rendas (brown discount)”. Este novo paradigma reflecte o papel central das práticas sustentáveis no sucesso dos activos imobiliários. Adicionalmente, “financiamento” é a palavra de ordem, num contexto em que 54% dos investidores acredita que terá acesso a melhores condições de financiamento caso o projecto cumpra critérios de sustentabilidade.

De acordo com Francisco Horta e Costa, “com a logística e os escritórios a afirmarem-se como sectores dinâmicos e estratégicos, 2025 será um ano para consolidar o potencial de Portugal enquanto hub

competitivo no sul da Europa. A combinação de talento qualificado, novas infraestruturas industriais e um compromisso crescente com a sustentabilidade posicionam o país como uma escolha natural para investidores que procuram encontrar oportunidades num mercado em transformação”.