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Edifício de escritórios

Investidos 260 milhões de euros em imobiliário comercial no 1º trimestre do ano

7 de maio de 2024

No 1º trimestre, o mercado imobiliário português teve um desempenho idêntico ao do mesmo período de 2023 na generalidade dos sectores, conclui a JLL no seu mais recente estudo trimestral Market Pulse.

Esta tendência observou-se quer no mercado de investimento comercial quer nos segmentos transaccionais de habitação, hotelaria, retalho e logística. A excepção foi o sector de escritórios, onde a actividade cresceu consideravelmente face ao ano anterior. De destacar ainda que, em parte dos sectores analisados, a escassez de oferta disponível para ocupação imediata continua a criar condições para o crescimento de preços e rendas, mesmo num cenário de procura menos expansiva.

“Já se esperava um início de ano com actividade moderada. Este é sempre um período de maior expectativa em relação à evolução da economia, especialmente devido à inflação e às subidas das taxas de juro. A realização das eleições contribuiu para aumentar a incerteza que naturalmente já predomina no arranque do ano, levando a que os agentes económicos se mostrassem mais cautelosos nas suas decisões de investimento. A resposta do mercado a um maior nível de incerteza foi a de “esperar para ver”, quer no mercado comercial quer no residencial", refere Joana Fonseca, Head of Strategic Consultancy & Research da JLL

No 1º trimestre deste ano, foram investidos 260 milhões de euros em imobiliário comercial, pouco diferindo quer do mesmo período do ano passado (-5%) quer da média dos últimos três anos (+6%). No sector hoteleiro, o número de hóspedes e dormidas nos dois primeiros meses do ano apresentam ligeiras melhorias face a 2023 (5% e 3%, respetivamente), bem como os níveis de ocupação, que atingiram 60% em Lisboa e 53% no Porto no 1º trimestre, em ambos os casos mais dois pontos percentuais que no 1º trimestre de 2023. Na habitação, a JLL estima que a procura neste trimestre seja ainda ligeiramente inferior à do trimestre homólogo, contudo, a tendência mais recente é de estabilização nos níveis de transação, destacando-se ainda uma boa dinâmica das vendas em planta para projectos diferenciados e também a manutenção de atividade entre os compradores internacionais. No retalho, as vendas também sinalizam uma variação residual da ordem de 0,5%, destacando-se a estabilidade operacional dos diferentes formatos de imobiliário de retalho.

Escritórios em alta

O segmento de escritórios destaca-se dos restantes pela positiva, registando uma recuperação assinalável face ao ano anterior, com take-up a mais que duplicar quer em Lisboa quer no Porto, com 73.700 m2 e 18.000 m2 tomados, respectivamente. De assinalar ainda o comportamento do imobiliário industrial e logístico, no qual a ocupação apresenta uma quebra homóloga de 20%, embora em resultado da falta de oferta para absorver, já que as rendas continuaram a subir.

“A escassez de imóveis disponíveis e adequados aos requisitos da procura continua a influenciar o comportamento do mercado nos mais diversos segmentos. Por isso, apesar de um natural abrandamento da procura do último ano, não se assiste a ajustamentos em baixa de preços e rendas registando-se mesmo subidas de valor em alguns segmentos. Isso é especialmente visível na habitação, na logística e na hotelaria, enquanto setores como os escritórios e o retalho sustentam as suas rendas prime em níveis bastante robustos”, indica Joana Fonseca.

Na hotelaria, as diárias médias estão em níveis máximos para este período do ano em Lisboa (139 euros) e Porto (99 euros), com impacto nos RevPAR, que atingiram, 83 euros e 52 euros, respectivamente. Na habitação, sem prejuízo de no acumulado do ano passado haver uma quebra de quase 19% nas vendas, os preços a nível nacional mantêm uma trajectória de subida, que mesmo mais lenta, continua a atingir cerca de 8% (dados INE). No 1º trimestre, os preços devem manter esta tendência, quer devido ao desencontro entre procura e oferta quer pela persistência do aumento de custos de construção. Na logística, observou-se uma subida das rendas prime em boa parte das zonas das regiões de Lisboa e Porto, dando continuidade ao comportamento dos últimos trimestres. No retalho, a nota é de estabilização das rendas nos diferentes formatos, com a exceção do comércio de rua do Porto, onde a tendência é de aumento, especialmente na Avenida dos Aliados, que atingiu os 55 euros/m2. As rendas prime dos escritórios mantiveram-se, em geral, estáveis, ficando em 28 euros/m2 em Lisboa (Prime CBD) e em 19 euros/m2 no Porto (CBD Boavista).

“Volvido o 1º trimestre, o mercado voltou a provar a sua resiliência em situações de maior incerteza ou adversidade. E, agora, que já temos novo Governo em funções, com anúncio da retificação de muitas medidas especialmente penalizadoras para o sector; em que se antecipa um desagravamento nas condições de acesso ao crédito e o controlo dos níveis de inflação, a perspetiva é que o ano de 2024 vá progressivamente recuperando a dinâmica da procura nos diversos setores, mantendo o consequente estímulo de valorização”, nota Joana Fonseca.

E acrescenta: Chegados aqui, quer no âmbito do impacto das condições macroeconómicas quer no âmbito do impacto de envolvente política, conseguimos ter perspetivas mais sólidas para a atividade do mercado em termos de procura. Aguardamos agora com muita expetativa a materialização das novas propostas governamentais para a habitação, de forma a conseguirmos finalmente mobilizar o sector para criar oferta de habitação, fazê-lo com escala e diversificação de gamas de valor. Esta é a questão estrutural que continua a condicionar o nosso mercado e que temos de resolver”.