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Uma casa que se eleva na paisagem

13 de fevereiro de 2015

A paisagem algarvia ficou mais rica, bela e esplendorosa depois desta moradia na Luz, no concelho de Lagos. A serra, o mar e a cidade são visíveis da casa mas ela mantém a sua privacidade e tira partido de toda a envolvente. A beleza e a excelência da arquitectura portuguesa estão aqui representadas.

A modernidade e o arrojo das linhas arquitectónicas conquista de imediato e a leveza com que se eleva no terreno arrebatam. Para surpreender existe ainda a piscina que começa no interior da casa e se abre para o exterior à conquista do horizonte.

O arquitecto algarvio Mário Martins surpreende-nos sempre em todo os projectos e este é mais um desses exemplos de criatividade portuguesa. A Villa Escarpa resultou na sua opinião, numa solução arquitectónica mais interessante, do qual apresenta um claro benefício ambiental e arquitectónico com a demolição total da construção existente e a sua substituição por uma nova habitação, implantada sobre a área de construção existente, mas dotada de uma maior leveza visual e uma melhor articulação com a envolvente.

A Villa Escarpa surgiu, desta forma, com uma linguagem arquitectónica actual, dotado de condições de conforto, e elevados requisitos técnicos com recurso a energias renováveis, procurando uma considerável sustentabilidade energética do edifício.

O arquitecto refere que o projecto que se apresenta é desenvolvido a partir de um conjunto de solicitações e condicionantes impostas principalmente pelo local, pelo requerente e pela regulamentação em vigor.

Das solicitações e condicionantes salientou:

  • A criação de um elemento arquitectónico com recurso a uma linguagem contemporânea;

  • Respeito e articulação com a envolvente próxima, refutando no entanto o mimetismo e o pastiche;

  • Estimulação da actividade criativa, mas com recurso a materiais ou técnicas construtivas correntes;

  • Resolver os aspectos particulares do suporte físico, do clima e das vistas;

  • A criação de um objecto arquitectónico leve, fluido, de elevada transparência e elegância, onde a horizontalidade da leitura do edifício seja uma continuidade das linhas horizontais que marcam o seu enquadramento paisagístico.

A habitação é dominada pelo espelho de água

O terreno apresenta uma área de 8 600 m2, com forma regular, com desnível acentuado no sentido Norte, mas cujas vistas se abrem ainda a Poente, ao Sol e ao mar.

A habitação apresenta um só piso, acima da cota de soleira onde se desenvolve toda a composição funcional das áreas habitacionais.

A entrada é efectuada através de um pátio exterior parcialmente coberto, e transparente, numa zona que estrategicamente acede aos principais compartimentos da habitação.

A habitação é dominada pelo espelho de água que medeia a ampla sala comum da cozinha. Esta é a área social e mais aberta da habitação.

Quatro quartos, com instalações sanitárias de apoio, com acesso através de galeria envidraçada para um pátio íntimo, complementam funcionalmente a composição da área habitacional.

Um generoso coberto exterior abraça a habitação e estende-se deliberadamente a Poente sobre a sala e piscina, criando-se um espaço exterior de estar, com maior protecção dos ventos de Norte.

Luz mutante confere ao edifício diferentes recortes visuais

Mário Martins revela que o edifício apresenta um conjunto de formas simples, uma linguagem contemporânea, sóbria e depurada. "Caracteriza-se genericamente por um volume branco, solto, balançado, livre e recortado. Trata-se de um volume branco esventrado, de elevada transparência e complementado por apontamentos de planos de cor escura. E é a forte presença do sol a Poente, com as suas sombras fortemente vincadas se assumem como a cor do edifício. E é esta luz que é mutante, que confere ao edifício diferentes recortes visuais e diferentes formas de viver à sombra dessa luz. E é esta luz que dá cor e confere o sentido ao branco que reveste um edifício que se quer plane sobre a envolvente natural", conclui o arquitecto.

Ficha Técnica:

Projecto: Villa Escarpa

Localização: Luz - Lagos

Projecto: Construção 2007-2011

Arquitectura: Mário Martins

Colaboradores: Sónia Fialho; Rita Rocha; Rui Duarte; Sara Glória; Sónia Santos; Miguel Santos; Filipa Santos; Fernanda Pereira; António Caçapo; Rui Saavedra

Engenharias: Nuno Grave - engenharia, Lda

Fotografia: Fernando Guerra [FG+SG]