CONSTRUÍMOS
NOTÍCIA
Entrevistas

 

 

 

 

 

Reabilitação urbana é uma prioridade absoluta para Lisboa e o país

4 de julho de 2016

Pedro Vicente, Director-Geral da empresa de capitais chineses Level Constellation Portugal, revela em exclusivo ao Diário Imobiliário as razões que levaram o Banco de Portugal a emitir um comunicado sobre alegado “branqueamento de capitais” e fala-nos do Off Liberdade, a próxima promoção da empresa na cidade de Lisboa.

 

Entrou no mercado português em 2014 e actualmente a empresa de capitais chineses Level Constellation é já um importante “player” no mercado imobiliário nacional. O foco é a cidade de Lisboa e reabilitar para o segmento residencial de luxo. Depois do Park Avenue, surgiu o Ouro Grand na Baixa Pombalina. Mas a Level Constellation não pretende ficar por aqui e prepara-se para lançar em Setembro outro grande projecto, o Off Liberdade na Rua do Salitre.

O seu objectivo era continuar a investir, não fosse o comunicado do Banco de Portugal e noticiado pelo Expresso, sobre suspeitas da Level Constellation praticar lavagem de dinheiro e branqueamento de capitais. Uma notícia que apanhou de surpresa a empresa e prejudicou os negócios que estavam a decorrer na altura.

Em entrevista exclusiva ao Diário Imobiliário, Pedro Vicente, director-geral da Level Constellation em Portugal, esclarece toda a situação. Revela que decidiram desistir da compra de um activo na posse da ESTAMO no valor de 15 milhões de euros e suspender todos os investimentos até ser esclarecida a situação. Pedro Vicente revela ainda que o problema está relacionado com uma empresa que a Level Constellation adquiriu em 2014 que trazia problemas desconhecidos à empresa chinesa e só descobertos agora. Neste momento, o desejo é que a situação seja rapidamente esclarecida e apurada a veracidade dos factos.

 

De que forma a notícia avançada pelo Expresso, no dia 04/06 afectou a empresa e os seus projectos?

 

A notícia apanhou-nos de surpresa e causou uma preocupação natural a alguns clientes e parceiros.

Felizmente, não teve qualquer impacto na nossa actividade comercial. Teve, sim, impacto nas nossas perspectivas imediatas de investimento, já que a notícia surpreendeu-nos num momento estratégico, em que havia sido adjudicada à Level Constellation a compra de um activo de grande importância no centro da cidade – a aquisição do imóvel Castilho 203 -, promovido pela ESTAMO, por 15 milhões de euros. Após a publicação dessa notícia decidimos imediatamente cancelar a aquisição do imóvel. Os nossos acionistas decidiram não avançar enquanto a situação não fosse devidamente esclarecida.

Temos, como tal, os nossos investimentos suspensos até ser totalmente esclarecida esta situação, o que nos desaponta.

 

Qual a razão da emissão do Banco de Portugal do comunicado sobre a Level Constellation?

 

A procura pela explicação do sucedido conduziu-nos à sua causa, que está relacionada com uma empresa que a Level Constellation adquiriu em 2014.

Após a notícia do Expresso, conseguimos perceber a origem de toda a situação: em 2014, quando chegaram a Portugal, os acionistas da Level Constellation adquiriram uma sociedade de compra e venda de imóveis com isenção de IMT e, soubemos agora, que os seus anteriores proprietários são arguidos num processo crime que corre em Coimbra desde 2013, um ano antes de termos comprado a empresa, num caso que envolve, entre outras situações, branqueamento de capitais. Esta situação, que desconhecíamos por completo, acabou por contaminar o bom nome e a reputação da Level Constellation.

O nosso maior interesse é que a situação seja rapidamente esclarecida e apurada a veracidade dos factos. Para isso, estamos a colaborar com as autoridades nesse sentido, já que queremos clarificar a inexistência de qualquer relação entre a nossa empresa e os anteriores proprietários.

 

Que balanço faz do projecto Ouro Grand? Quantos apartamentos já foram vendidos?

 

O Ouro Grand é um bom exemplo do compromisso de recuperação e reabilitação de edifícios históricos, com apartamentos de prestígio, numa zona emblemática e muito especial.

Tínhamos grandes expectativas para este projecto e, de facto, desde o seu lançamento, em Janeiro de 2016, que os resultados têm vindo a ser muito positivos. Temos, a esta data, 31 dos 55 apartamentos vendidos, sendo que 11 se encontram reservados. Não poderíamos esperar melhor. Podemos afirmar, com convicção, que o Ouro Grand é um sucesso.  

Um dos factores diferenciadores e que, sem dúvida, contribuiu bastante para o sucesso do projecto é o facto de introduzir no mercado 55 fracções puramente residenciais, para além de duas lojas já em comercialização, num esforço para devolver à Baixa um perfil que a caracterizou historicamente.

 

Quem tem sido os principais interessados e investidores?

 

O perfil do cliente Ouro Grand é muito diversificado e de diferentes nacionalidades, o que reflecte o interesse e potencial do projecto e ilustra o excelente momento do mercado imobiliário nacional.

Temos investidores cujo interesse é o de promover o arrendamento de curta e longa duração, mas também futuros residentes, que elegeram a Baixa para viver em Lisboa, o que nos satisfaz particularmente. Os futuros proprietários chegam-nos, maioritariamente, do Azerbaijão, Brasil, China, Emirados Árabes Unidos, Estónia, França e, claro está, de Portugal, o que revela o tímido regresso dos portugueses ao mercado.

 

Como tem evoluído o mercado imobiliário português desde que chegaram a Portugal com o Park Avenue?

 

Constatamos que a procura por parte de clientes nacionais está a aumentar nos segmentos médio alto e alto, o que nos apraz registar. Este facto é também representativo da confiança nos nossos produtos imobiliários.

O mercado imobiliário português, na nossa opinião, tem vindo a afirmar-se como um dos mais dinâmicos e abertos da Europa. No nosso caso, por exemplo, começámos por fazer muitas transacções com clientes da China e, neste momento, temos clientes de, aproximadamente, dez nacionalidades diferentes.

Este é um dado novo e que nos parece ter um duplo e relevante significado: em primeiro lugar, revela a capacidade de trabalho e agressividade da mediação imobiliária nacional, que deixou de se cingir aos mercados tradicionais e está a procurar novos destinos internacionais para se afirmar; em segundo lugar, esta diversificação assegura que o mercado nacional não se encontre, hoje, excessivamente exposto e dependente de nenhuma proveniência em particular.

 

Já poderá adiantar qual será o próximo projecto previsto pela Level Constellation?

 

Gostaria de lhe revelar, em primeira mão, um segredo até aqui bem guardado: Off Liberdade, será o nosso próximo projecto, na Rua do Salitre. Um pequeno-grande projeto, que vai surpreender o mercado.

O Off Liberdade será apresentado publicamente no final de Setembro/início de Outubro.

 

A reabilitação continuará a ser o foco da empresa?

 

O nosso foco é dar resposta às necessidades do mercado e continuar a surpreender e a superar as expectativas dos nossos clientes. Paralelamente, em todos os mercados em que actuamos, assumimos sempre uma postura de cidadania corporativa responsável, procurando criar valor para a sociedade, sendo parte da solução dos problemas e, paralelamente, contribuindo para a dinamização da economia.

No caso de Portugal e de Lisboa em concreto, a reabilitação urbana é uma prioridade absoluta e para a qual estamos muito sensibilizados e comprometidos. Se juntarmos a isto o facto de apostarmos em empresas portuguesas para serem nossos parceiros em todos os projectos de reabilitação em que estamos envolvidos, temos a cereja no topo do bolo.

Como o presidente da empresa, Yong Wen, referiu no seu discurso de apresentação do Ouro Grand, em Janeiro passado, “temos orgulho de integrar o grupo de investidores portugueses e internacionais que se está a dedicar à reabilitação na cidade de Lisboa. Sentimo-nos honrados por renovar edifícios de escritórios abandonados, devolvendo-lhes vida e trazendo familias para o centro da cidade. É um prazer ser parte deste processo de rejuvenescimento de Lisboa. Não somos apenas testemunhas, mas também participantes neste processo”.

 

Continua a existir interesse em investir em Portugal, nomeadamente em Lisboa? 

 

O mercado imobiliário nacional, como referimos anteriormente, é um dos mais dinâmicos e apetecíveis da Europa e Lisboa, sem dúvida, é o seu ex-libris. É das cidades mais bonitas e cosmopolitas da Europa e o boom turístico que tem vindo a registar é reflexo disso mesmo.

Assim, mantemos e reforçamos a nossa intenção de continuar a investir nesta cidade e neste país e contribuir, no que se encontra ao nosso alcance, para tornar Portugal e a sua capital um destino cada vez mais atractivo para portugueses e estrangeiros.

A Level Constellation tem dois relevantes projectos em Lisboa: Park Avenue e Ouro Grand. Queremos que se afirme, num futuro próximo, como um dos melhores promotores imobiliários a operar no centro de Lisboa.