Portugal precisa de investidores estrangeiros mais do que nunca
Claude Kandiyoti, CEO da Krest Real Estate Investments, o maior investidor belga em Portugal reconhece que existem muitas oportunidades no mercado português mas a maior dificuldade é o licenciamento.
Consciente das potencialidades do nosso país, o promotor belga em entrevista ao Diário Imobiliário, admite que a demora nos licenciamentos é muito limitativa ao desenvolvimento de projectos e de investimento. A Krest integrou ainda um grupo de sete promotores belgas - os quais já investiram mais de 780 milhões de euros em Portugal desde 2015, entre os quais 450 apenas para Lisboa -, que enviou uma carta muito objectiva ao presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina reforçando a sua preocupação com o estado da situação.
Que oportunidades o mercado imobiliário português apresenta para o investimento estrangeiro?
Ainda existem muitas oportunidades no mercado português, apesar do grande aumento de preços observado nos últimos anos. A verdadeira oportunidade é começar a procurar outros locais e não apenas Lisboa e Porto.
Quais as maiores dificuldades encontradas neste mercado?
A maior dificuldade para um investidor no mercado português é o licenciamento. Chegámos agora a um ponto em que calculamos que, se tudo correr bem, você obterá uma licença completa entre dois a três anos. Isso é pior do que antes da crise de 2008 e não parece melhorar. Recentemente um grupo de investidores belgas enviou uma carta muito objectiva ao presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina reforçando a nossa preocupação com o estado da situação. Esperamos que as coisas melhorem.
Vai continuar a investir em Portugal?
No conjunto, estes investidores belgas (sete) investiram mais de 780 milhões de euros em Portugal desde 2015, entre os quais 450 apenas para Lisboa. A Krest é hoje o maior investidor belga em Portugal. Na verdade, sentimo-nos mais portugueses do que belgas e vemos Portugal como um país onde temos uma visão real de investir e de desenvolver projectos ousados e inspiradores.
Acredita que a imagem positiva que Portugal tem passado no exterior durante a pandemia vai trazer mais investimento estrangeiro?
Portugal tem claramente uma imagem muito boa na Europa e não está apenas relacionada à questão da pandemia, mas sim a um generalizado ambiente favorável aos negócios e à estabilidade política. É por isso que Portugal é um dos países mais apreciados da Europa. E isso gerou um facto: Portugal precisa de investidores estrangeiros mais do que nunca e o investidor estrangeiro quer estar em Portugal. Essa é a equação que as autoridades portuguesas devem trabalhar. O meu sentimento é que elas estão muito conscientes do facto de que um dos principais fundamentos económicos é a dependência de investimentos estrangeiros.
Que semelhanças e diferenças encontra entre o mercado português e os restantes onde opera?
Todos os mercados têm a sua especificidade, em grande parte impulsionada por aspectos culturais. Deixe-me dar-lhe um exemplo: Na Bélgica, no espaço de uma semana em que abrimos o mercado imobiliário, triplicámos as vendas. A razão para isso, é que os belgas economizam bastante; eles gastam muito menos que os portugueses (a Bélgica é o país com mais poupanças na Europa). Portanto, olhando para a volatilidade da bolsa de valores, os juros negativos no banco, eles foram directos colocar o seu dinheiro no imobiliário. Em Portugal, desde o desconfinamento, estamos 30% abaixo de onde estávamos antes da crise e a procura que recebemos vêm principalmente de pessoas que querem novas casas e não propriamente de investidores.
De referir que a Krest Real Estate Investments, tem investimentos nas áreas de habitação, logística, comércio, hotelaria e escritórios em Portugal e na Bélgica, e apresentou ontem o primeiro hotel da marca Moxy em Portugal e um edifício de escritórios designado por K-Tower, no Parque das Nações, em Lisboa. Está ainda a desenvolver um projecto de uso misto no Porto e dois projectos residenciais no Algarve.