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Passive House poupa 75% e 90% em energia

11 de fevereiro de 2015

A 2ª Conferência Passivhaus Portugal 2014 vai decorrer no dia 29 de Novembro de 2014 no Centro de Congressos de Aveiro com a organização conjunta da Associação Passivhaus Portugal e da Homegrid.

A Passive House é um conceito construtivo que define um padrão que é, eficiente sob o ponto de vista energético, confortável, economicamente acessível e ecológico. Não se trata de um estilo ou linguagem arquitectónica. Trata-se de uma norma que assenta no desempenho dos edifícios e que obriga ao cumprimento de requisitos muito objectivos.

A Passive House é o mais elevado padrão de eficiência energética a nível mundial: as poupanças energéticas atingem os 75% em comparação com os edifícios convencionais e de acordo com a regulamentação actual.

João Marcelino e João Gavião são os responsáveis pela HomegridAssociação Passivhaus Portugal e por trazerem o conceito para o nosso país. Em entrevista ao Diário Imobiliário revelam os objectivos da 2ª conferência e como tem sido a evolução do conceito

Como tem sido a evolução da Passivhaus Portugal no nosso país?

João Marcelino - A evolução tem sido muito positiva. Este caminho iniciou-se em Maio de 2011 com a adaptação do conceito Passivhaus a duas moradias cuja construção estava a iniciar-se. Foi um processo muito duro de aprendizagem mas os resultados superaram as expectativas. Este processo foi o primeiro passo da estratégia para a implementação do conceito em Portugal, que foi definida pela Homegrid e pelo Passivhaus Institut e que passava pelo seguinte: a construção do primeiro edifício certificado; a monitorização do seu desempenho e a criação da Associação Passivhaus Portugal.

Todos estes passos foram cumpridos e agora estamos numa fase de disseminação do conceito, através da actividade da Associação Passivhaus Portugal e que assenta sobretudo na criação de uma rede nacional Passivhaus. Pretende-se com esta rede englobar os projectistas e consultores Passivhaus, os construtores, técnicos de obra e instaladores, as empresas fabricantes e representantes de produtos e soluções Passivhaus, de modo a oferecer produtos de excelente qualidade, como são os edifícios Passivhaus, com o máximo de incorporação nacional na sua implementação.

Estamos também a estabelecer protocolos com municípios tendo em vista o seu reconhecimento como Municípios Passivhaus. Esta é uma abordagem que está em linha com a estratégia do Passivhaus Institut e com as melhores práticas ao nível do poder local e regional no que respeita à eficiência energética e sustentabilidade do parque edificado. Por exemplo, até mesmo a grande metrópole Nova Iorque irá ter na norma Passivhaus uma ferramenta fundamental para a redução de 80% das emissões de CO2 até 2050, de acordo com o plano apresentado pelo mayor Bill de Blasio há poucas semanas.

Quantos projectos já realizaram?

João Marcelino - Existem neste momento dois edifícios Passivhaus certificados em utilização, construídos em Ílhavo. Há um novo edifício Passivhaus em construção, que será certificado, e será a primeira experiência Passivhaus no sector do turismo em Portugal. Trata-se de um alojamento local na Costa Nova, no concelho de Ílhavo.

Em fase de desenvolvimento há cerca de uma dezena de projectos em curso e muitos mais na fase de arranque e estudo. Dos projectos em curso destacamos a primeira implementação da norma Passivhaus na reabilitação em Portugal e que será o nosso escritório, cujo processo de reabilitação passo a passo irá ter início no princípio de 2015. Será um processo espaçado no tempo, em que se pretende implementar as melhorias de acordo com a disponibilidade de capital e de acordo com o plano estabelecido. É um projecto piloto que será acompanhado e certificado pelo Passivhaus Institut.

Quem tem procurado as soluções da Passivhaus?

João Marcelino - Tem havido uma procura crescente por parte de particulares que procuram a implementação da norma em projectos de raiz, em reabilitações e também em projectos e obras em curso, sendo que nestes casos torna-se mais difícil a tarefa de alcançar os padrões de desempenho Passivhaus numa óptima relação custo-benefício.

O conceito Passivhaus começa a ser visto como uma mais-valia por parte de todos os agentes ligados a construção e gestão de edifícios e começa a ser reconhecido como uma solução eficiente e fiável num sector que continua a definhar e sem saídas visíveis.

Como tem decorrido a formação?

João Gavião - Tem sido uma jornada muito exigente mas muito gratificante também. Já percorremos o país de norte a sul em parcerias com Universidades, Institutos, Municípios e com a Ordem dos Arquitectos.

Já foram realizadas 11 edições do seminário de Introdução à Norma Passive House, com a duração de 3 horas, em que alcançámos mais de 550 pessoas.

No que diz respeito aos cursos oficiais do Passivhaus Institut, vamos terminar o ano de 2014 com cerca de 80 profissionais com formação Certified Passive House Tradesperson e com cerca de 20 projectistas com formação Certified Passive House Designer.

Vamos anunciar na 2ª Conferência Passivhaus Portugal 2014 o plano de formação para 2015 com o objectivo de continuarmos a aumentar a capacidade de massa crítica.

Qual a diferença entre a primeira e esta 2ª conferência?

João Gavião - A 2ª Conferência Passivhaus Portugal 2014 é o maior evento relativo à Passivhaus em Portugal e é a oportunidade para se conhecer a realidade da Passivhaus em Portugal e ficar a par dos avanços recentes da Passivhaus no mundo.

Nesta segunda conferência iremos manter o foco nos exemplos nacionais e internacionais e nas soluções e produtos adequados à Passivhaus. Para tal aumentámos e melhorámos a exposição paralela à conferência, que terá 15 empresas representadas, e aumentámos também o bloco internacional, destacando a presença da Susanne Theumer do Passivhaus Institut.

Nesta segunda conferência será dado um destaque particular ao papel dos municípios através de um bloco exclusivamente dedicado aos municípios Passivhaus, onde será feito o anúncio do primeiro Município Passivhaus.

Quais as verdadeiras inovações desta solução e o que a diferencia?

João Gavião - A Passivhaus é um conceito construtivo que define um padrão que é eficiente sob o ponto de vista energético, confortável, economicamente acessível e ecológico. Não se trata de uma marca ou sistema de construção, mas antes um conceito aberto que é adaptável a qualquer clima e com resultados que o provam.

A principal mais-valia da Passivhaus é, sem dúvida, a de que permite obter um produto final de inquestionável qualidade, ou seja, edifícios com elevados e constantes níveis de conforto e qualidade do ar interior e com baixíssimos consumos energéticos. As reduções do consumo de energia para o aquecimento e arrefecimento podem atingir os 75%, em relação a edifícios construídos de acordo com a regulamentação em vigor e os 90% em relação aos edifícios existentes. Como o acréscimo do custo de construção pode ser inexistente, em comparação com a construção convencional, e com as poupanças na utilização ao longo do ciclo de vida do edifício, pode facilmente concluir-se que uma Passivhaus é a melhor opção sob o ponto de vista económico.

Por fim, a aplicação do conceito Passivhaus faz ainda mais sentido na reabilitação. A reabilitação só poderá ter capacidade de mudança e transformação da realidade se for bem pensada, se houver uma estratégia e se os objectivos forem ambiciosos.