Turismo Residencial é o petróleo de Portugal
No próximo dia 26 de Novembro, realiza-se na Pousada de Cascais, a 1ª Conferência Nacional sobre Turismo Residencial, organizada pela APR-Associação Portuguesa de Resorts.
Trata-se do primeiro encontro de um dos sectores com maior potencial de crescimento e de captação de investimento estrangeiro em Portugal. Durante o evento será apresentado um estudo inédito da competitividade de Portugal face a outros países em termos fiscais para residentes não habituais e os resultados do programa Living in Portugal nas suas diferentes vertentes.
Em entrevista ao Diário Imobiliário, Pedro Fontainhas, Director Executivo|Managing Director da APR-Associação Portuguesa de Resorts, faz um balanço de como se encontra o sector do turismo residencial em Portugal.
De que forma o turismo residencial se tem ressentido com a crise no imobiliário?
O sector do turismo residencial não é imune à crise nem à crise no imobiliário. No entanto, no que especificamente diz respeito ao Turismo Residencial, constatamos um evidente reanimar do mercado. A conjuntura económica tem vindo a tornar-se mais favorável, tanto na perspectiva dos mercados internacionais como no desempenho dos indicadores internos. E o conjunto das iniciativas governamentais e sectoriais de promoção de Portugal, a que se junta o nosso contributo directo de divulgação e demonstração sistemática nos mercados emissores das vantagens competitivas do nosso país, tem contribuído directamente para essa reanimação. Portugal tem características únicas geográficas, sociais, infra-estruturais e turísticas para atrair investimento estrangeiro numa segunda residência ou em nova residência principal, e acreditamos que a tendência continuará positiva.
Quais as estratégias adoptadas para superar as dificuldades?
A missão da APR-Associação Portuguesa de Resorts é contribuir activamente para o desenvolvimento e internacionalização dos seus associados e do sector do Turismo Residencial em Portugal. A nossa principal prioridade, desde a segunda metade do ano passado, tem sido o projecto Living in Portugal. Este projecto consiste num vasto número de acções comerciais e eventos especializados complementados por acções de comunicação na imprensa e televisão dos países alvo. As acções são co-financiadas pelo QREN através do Programa Operacional Factores de Competitividade e pela própria APR.
Sendo o Turismo Residencial um dos produtos do Plano Estratégico Nacional do Turismo (PENT), também construímos com o Turismo de Portugal uma colaboração que se tem revelado muito proveitosa dos pontos de vista logístico e de coordenação das acções de ambas as instituições. Juntos elaborámos o Plano Integrado de Promoção e Comercialização do Turismo Residencial, que é o calendário central de referência para todas as acções. Este plano tem sido executado de acordo com o previsto sob todos os aspectos, excepto no êxito que tem vindo a ter nos países por onde temos passado, que tem superado em muito o previsto. Os países de foco incluem Reino Unido, França, Alemanha, Suécia e Rússia, num total de três dezenas de iniciativas internacionais de elevado perfil como: eventos comerciais, acções de relações públicas, campanhas de comunicação internacionais, presença em feiras seleccionadas em diversas capitais, visitas de prescritores, de imprensa e TV a Portugal, workshops sobre a competitividade de Portugal como destino de turismo residencial, etc.
Portugal está já muito melhor posicionado enquanto destino internacional de segunda residência e estamos animados com os resultados até à data.
Quem é que procura mais imobiliário de luxo português?
Em 2013 Portugal foi o país mais procurado pelos irlandeses para aquisição de uma propriedade no estrangeiro, e estava no top 5 das opções de britânicos, americanos, alemães, russos, suecos e franceses. Em 2014 pode ter acontecido um recrudescimento de investidores franceses em imobiliário turístico de qualidade, assim como de chineses e de outras nacionalidades. Uma das nossas prioridades é criar um índice anual de evolução de indicadores chave do sector do Turismo Residencial que assente numa caracterização objectiva do seu estado actual. Ainda não é inteiramente fácil obter dados de gestão sobre a evolução do mercado do imobiliário turístico de qualidade.
O programa dos vistos gold vieram impulsionar o turismo residencial?
A Autorização de Residência para Atividade de Investimento (ARI), conhecida por Vistos Gold, e o regime fiscal dos Residentes Não-Habituais (RNH), são iniciativas legislativas governamentais que aplaudimos e que são eficazes na captação de investimento estrangeiro em Portugal. O facto de que apenas uma parte relativamente pequena deste novo investimento incida em Turismo Residencial é perfeitamente normal, dada toda a oferta imobiliária urbana, rústica, turística e não turística do nosso país. Raciocínio semelhante aplica-se ao regime fiscal dos RNH: ainda bem que existe, contribui indiscutivelmente para a competitividade do nosso país, mas a sua abrangência e efeitos ultrapassam largamente o âmbito específico do Turismo residencial. Portanto, o retorno dos compradores estrangeiros ao mercado do Turismo Residencial é parcialmente favorecido pelos mecanismos referidos.
O que esperam para o futuro?
As perspectivas de crescimento da procura são óptimas. E a procura acrescida não vai servir principalmente para escoar stock estagnado. O nosso mercado representa apenas 4% do mercado ibérico. Dos nossos cerca de 70.000 fogos de turismo residencial, apenas 5 ou 6 mil estão disponíveis para primeira venda. Portanto, a nova procura gera directamente novo desenvolvimento. Na próxima década, os projectos turísticos já identificados como de interesse nacional e que já têm um grau de aprovação ou licenciamento que demonstre a sua irreversibilidade, poderão gerar mais de 61 mil novas unidades, num total que ascende a mais de 20 mil milhões de euros de investimento directo em Turismo Residencial. A estes valores somam-se ainda as receitas de exploração das unidades que não são ocupadas continuamente pelos seus proprietários e a criação de milhares de empregos na respectiva construção, manutenção e outros serviços. Compreende-se, por tudo isto, porque apelidam o Turismo Residencial – que desde 2007 faz parte do Plano Estratégico Nacional para o Turismo – o petróleo de Portugal.