Pandemia veio agravar ainda mais o já lento processo burocrático
Para José Cardoso Botelho, Managing Director da Vanguard Properties, em 2021 devia-se lançar um Simplex para todo o processo do licenciamento. O atraso na concessão de licenças (construção, utilização, etc.) são a maior causa do aumento médio dos preços da habitação.
O responsável admite ainda que é essencial, por ordem no SEF - Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, de onde chegam inúmeras as queixas, sobre atrasos na concessão e renovação dos ARI, para além do serviço prestado, que nos deveria envergonhar a todos.
O que se pode esperar para o mercado imobiliário em 2021?
A Vanguard Properties actua essencialmente nos mercados de luxo e premium, no segmento residencial. A performance do mercado em 2021 deverá variar em função do posicionamento. Nos segmentos mais baixos, incluindo o médio-alto, é expectável que o ano de 2021 ainda seja um ano difícil dado que o impacto das moratórias ainda está por se verificar e que, durante boa parte do 1º semestre, continuarão as restrições, nomeadamente, de movimentação. O conjunto destes factores afectará negativamente os segmentos mais baixos, especialmente nos produtos usados.
Tendo em conta que as vantagens competitivas de Portugal, no essencial, se mantêm e que por um lado, a oferta disponível é pouca e assistir-se-á a uma redução do volume de obra nova e que, por outro, a procura se vai manter por parte de clientes nacionais e internacionais, temos tudo para crer que no segmento da Vanguard Properties e das vendas em planta, o ano de 2021 será excelente. Por exemplo, o Algarve, a região mais afectada pelas restrições de viajar irá, certamente, conhecer um considerável crescimento já a partir de Abril.
Quais os desafios que se vão colocar ao sector para este ano?
Para a Vanguard, os maiores desafios são de vária ordem: licenciamento, crédito, serviços e vendas directas.
No que diz respeito ao licenciamento, em geral, a pandemia veio agravar ainda mais o já lento processo burocrático pelo que urge recuperar este tempo perdido. Três anos para lograr um deferimento de um loteamento em Lisboa, que visa o mercado médio-alto, não é razoável nem aceitável.
No que se refere ao crédito, quer ao consumidor quer ao promotor, é previsível que os bancos se mostrem mais cautelosos, pese o facto de existir muita liquidez.
O ano de 2021 vai ser o ano em que a Vanguard vai lançar um conjunto de serviços de apoio ao cliente. O trabalho que temos vindo a desenvolver nesta área e que vamos intensificar no próximo ano é um dos factores que, claramente, nos diferencia e por isso vamos concentrar-nos nele com grande empenho.
O fortalecimento da nossa equipa de vendas interna é outro dos objectivos para este ano. Será feito um enorme investimento no sentido de aumentar a proporção de vendas directas com vista a enfrentarmos o enorme repto que representa a comercialização dos projectos Muda Reserve, Aldeia da Muda, Alto do Rio e Alto do Farol (Foz do Tejo) e ainda, Torre e Dunas (Terras da Comporta).
Por fim, é também um desafio, convencer clientes não europeus de que o Governo português não irá eliminar o programa ARI de Lisboa e Porto. Muito foi conseguido graças a este programa e, num momento em que, como nunca, estamos a atrair clientes de excepcional perfil sócio-económico é fundamentável preservar esta importante ferramenta de atracção de investimento.
Que medidas devem ser tomadas em 2021?
Claramente, lançar um Simplex para todo o processo do licenciamento. O atraso na concessão de licenças (construção, utilização, etc.) são a maior causa do aumento médio dos preços da habitação.
Aplicar, por exemplo, na disponibilização de documentos camarários aprovados, a plataforma existente na Certidão Predial on-line, evitando meses de espera, de documentos impressos, carimbados, essenciais para constituir uma simples Propriedade Horizontal. Uniformizar os processos, em todas as autarquias, seria um passo importantíssimo para o desenvolvimento do sector.
É essencial, por ordem no SEF. São inúmeras as queixas, sobre atrasos na concessão e renovação dos ARI, para além do serviço prestado, que nos deveria envergonhar a todos.
Aumentar o valor do investimento de Portugal no estrangeiro, através de campanhas inteligentes e direccionadas aos mercados com maior potencial, visando atrair mais investimento, turismo e residentes qualificados, que tanta falta nos fazem.
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