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Grupo francês Digit RE: uma aposta no mercado português

31 de outubro de 2017

O francês Xavier Lalande, director de Desenvolvimento de Negócios e expansão internacional do Digit RE Group, esteve em Lisboa por ocasião do Salão Imobiliário de Portugal (SIL).

Lalande é um dos empresários mundiais do sector imobiliário com mais conhecimento e visão sobre a importância da net na evolução dos negócios da indústria.

O Diário Imobiliário conversou com ele, tendo-nos revelado que que, para além da expansão da rede Optimhome em Portugal, o seu grupo vai introduzir o drimki – um motor de avaliação que permite avaliar o seu imóvel e permitelhe comparar os preços por m2 que se praticam nas diferentes regiões do país.

 

Em Portugal, o seu grupo montou a rede de mediação Optimhome, onde os consultores dão uma enorme importância ao contacto via web. Que balanço faz do desenvolvimento da Optimhome em Portugal? E que diferenças deteta da experiência que a rede conhece noutros países onde opera – França, Alemanha…

Temos tido um desenvolvimento contínuo em Portugal desde o nosso estabelecimento. Conseguimos construir uma rede forte de mais de 70 conselheiros em todo o país. Podemos certamente ser ainda mais fortes, e é por isso que confiamos na inovação para nos diferenciar da concorrência. O nosso potencial em Portugal é imenso porque o mercado é bastante semelhante ao que conhecemos na França. Na Alemanha, o pequeno volume de imóveis à venda obriga-nos a identificar com antecipação os potenciais, ou seja, os vendedores de amanhã. Na Alemanha, estamos a reforçar os nossos investimentos na internet para adquirir dados de clientes na internet (especialmente através de mecanismos de avaliação). Sublinho que não nos apresentamos como uma rede de internet, ou seja, 100% digital. A nossa rede é composta por agentes muito físicos e perto dos seus clientes. Nós somos "phygital", isto é: somos físicos e digitais.

 

O seu Grupo o Digit RE Group - opera já com cinco marcas distintas no sector imobiliário, em diferentes ramos de actividade, mas onde a Web, transversalmente, tem uma relevância enorme em todos eles.

Antevê ainda o surgimento de muitos novos negócios interessantes na web ou está quase tudo praticamente “inventado”…?

Ao não ter agências físicas no nosso modelo de negócios, estamos necessariamente muito orientados para a web e para todas as formas de inovação (tecnológicas, societárias ou de gestão). A Web facilita a conexão do provedor de serviços com os seus clientes ou clientes potenciais.

O imobiliário beneficia dessas inovações, em particular, para acelerar a venda ou a compra de uma propriedade, e é isso que nossos clientes esperam de nós! Não podemos dizer que tudo já foi inventado, trabalhamos, quer internamente, quer com start-ups parceiras, em dois novos serviços que a tecnologia pode permitir. Não vamos revelar o segredo, mas posso já dizer-vos que a Optimhome irá dispor de um motor de avaliação de propriedades muito inovador para os nossos clientes portugueses. Será lançado sob uma primeira versão em 2017 e numa versão mais madura em 2018.

A web reserva ainda grande poder de revolução no sector imobiliário, como o pagamento via blockchains (1). Mas a nossa filosofia é também manter consultores imobiliários ‘bem físicos’ para manter o humano e ter em conta a natureza muito emocional da venda ou da compra de uma propriedade, os computadores não sabem (ainda) fazer isso.

 

O negócio imobiliário, tal como o sector Segurador, vive muito da Confiança. Como resolver esta contradição entre o negócio impessoal via web e a Confiança…?

A confiança e, também, a transparência são muito importantes. Nós criámos, graças à Internet, a classificação "ao vivo" dos nossos consultores pelos nossos clientes. Foi, pois, a internet que nos permitiu proporcionar aos nossos clientes toda a transparência sobre o que os nossos clientes pensam dos nossos serviços. A confiança e a web não são contraditórias.

 

Que novos projectos tem o Digit RE Group para lançar a nível da Europa e em Portugal, concretamente? 

Há muitos, desde logo alcançar um sucesso ainda mais forte em Portugal. A nossa equipa aqui, liderada por Nuno Condinho, está aqui para isso. Em Portugal, lançámos novos pacotes de serviços para manter a nossa posição competitiva. Recentemente, criámos uma nova equipa no Algarve.

Vamos também reforçar os nossos negócios junto de compradores internacionais, e enquanto grupo francês isso parece-nos óbvio. Em Novembro, como disse, vamos lançar uma primeira versão do nosso motor de avaliação DRIMKI (empresa do grupo Artemis - holding de François Pinault -, como a Optimhome).

Na Europa, estamos a estudar uma parceria estratégica com um ‘player’ local e temos por ambição ampliar a nossa presença para outros países. Mas ainda temos muito trabalho a fazer na Alemanha e em Portugal.

 

Como se poderão vir a processar, daqui a 5 ou 10 anos, a relação entre Vendedor, Comprador, Mediador e Financiador no mercado imobiliário? 

Boa pergunta! O enorme acesso a dados irá permitir-nos claramente saber muito mais sobre os nossos clientes do futuro, para que possamos encurtar a duração média da venda de um imóvel. No entanto, acreditamos que as futuras gerações continuarão a não prescindir de um intermediário físico para uma série de serviços que permanecerá essencial (conselho, negociação, selecção de mediadores ou visitas).

É certo que a Internet tornará ainda mais fácil a conexão de um vendedor que quer exibir a sua propriedade junto dos seus compradores-alvo (os portais imobiliários terão de se reinventar), também é por isso que as redes imobiliárias terão de inovar e destacar-se, oferecendo serviços vantajosos e diferenciadores.

Devemos dar mais flexibilidade e, portanto, maior escolha aos nossos clientes. É por isso que, dentro do grupo, inovamos para oferecer serviços complementares às transacções imobiliárias (financiamento, transporte de mudanças, facilidade de vida no bairro) e reforçamos a formação dos nossos mediadores. Devemos ser ainda mais pro(fissionais)!

(1) No âmbito da moeda virtual Bitcoin, um blockchain é a estrutura de dados que representa uma entrada de contabilidade financeira ou um registo de uma transacção, digitalmente assinada com o objetivo de garantir sua autenticidade e alta integridade.