Grandes centros urbanos continuarão a ser líderes na procura dos investidores nacionais e internacionais
Para David Carapinha, CEO & Founder da Home Tailors Real Estate, deveriam ter sido criadas medidas e benefícios para a aquisição de imóveis fora dos grandes centros urbanos, esse factor poderia ter sido uma aposta de sucesso na descentralização do investimento nacional e internacional.
No entanto, no que diz respeito à segunda habitação, em 2022 deverá verificar-se um aumento da procura no interior do país, contribuindo para a descentralização do investimento e tendo como estímulo o preço mais atractivo.
Como o mercado imobiliário enfrentou 2021 e a pandemia que afetou o mundo e o imobiliário português?
O mercado imobiliário português enfrentou 2021 de forma resiliente. Na Home Tailors, a elevada preparação das nossas equipas, o nível de experiência e a maturidade no negócio, levou a um crescimento nos resultados obtidos, passando pela fase pandémica de uma forma impressionante.
A evolução na digitalização da empresa, reforçando a sua presença online, o lançamento do novo site e a adaptação do seu plano de comunicação para os “novos media”, foram fundamentais. Por outro lado, a grande aposta na formação das equipas comerciais, criando uma academia de formação online, manteve os profissionais activos e bem informados a todo o momento.
Do lado do consumidor, o teletrabalho levou as famílias a mudar a forma como vivem as suas casas, valorizando cada vez mais o seu espaço. Surgiram novas necessidades, quer na dimensão das habitações, quer nas suas características (como a procura de área exterior ou uma assoalhada extra para criação de uma zona de trabalho), o que estimulou o mercado na procura para compra de primeira ou segunda habitação.
Quais os pontos positivos e negativos para o sector?
Como ponto positivo, podemos apontar a confiança no sector. Apesar da cautela provocada pela pandemia, sendo a aquisição de imóveis um investimento a médio ou longo prazo, a confiança dos investidores não foi totalmente abalada, quer seja o seu foco a construção para venda ou os novos modelos atractivos de construção para rentabilidade em arrendamento de longo prazo.
Por outro lado, podemos salientar como pontos negativos a escassez de materiais de construção e o aumento do custo dos mesmos, que implicou o aumento do preço das habitações, tendência que se deve manter e até acentuar no novo ano.
O que podia ter sido feito e não foi?
Teria sido importante a rápida simplificação dos processos, facilitando os actos online, como se vem agora a verificar com a aplicação do novo Decreto-Lei, que prevê a realização por videoconferência de documentos particulares de compra e venda, procurações e reconhecimentos de assinaturas, mas que entra apenas em vigor em Abril de 2022.
A criação de medidas e benefícios para a aquisição de imóveis fora dos grandes centros urbanos poderia ter sido uma aposta de sucesso na descentralização do investimento nacional e internacional, criando oportunidades muito interessantes nas diversas regiões.
E para 2022? Perante uma nova vaga com uma nova variante do vírus, quais as principais preocupações e as possíveis consequências para o mercado imobiliário?
Não se esperam, de facto, grandes alterações face a 2021, sendo para isso fundamental a manutenção das condições bastante atractivas no crédito para aquisição de habitação.
Os grandes centros urbanos continuarão a ser líderes no que diz respeito à procura e ao interesse dos investidores nacionais e internacionais. Por outro lado, no que diz respeito à segunda habitação, deverá verificar-se um aumento da procura no interior do país, contribuindo para a descentralização do investimento e tendo como estímulo o preço mais atractivo.