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É impossível não entender as vantagens de termos bons programas de atração de investimento estrangeiro

22 de fevereiro de 2021

A sociedade de advogados Antas da Cunha Ecija & Associados anuncia que, apesar de, em 2020, comparativamente a 2019, o número de transacções de M&A (fusões e aquisições) em Portugal ter sofrido um ligeiro decréscimo, a Sociedade posicionou-se na liderança em dois dos sectores mais activos da nossa economia: imobiliário e distribuição & retalho (dados TTR - Transactional Track Record).

Fernando Antas da Cunha, Advogado e Managing Partner da Antas da Cunha Ecija & Associados, em entrevista ao Diário Imobiliário, assegura que existem cada vez mais promotores de maior dimensão interessados no mercado imobiliário português e que a aposta passa por projectos de maior dimensão destinados a todo o tipo de classes sociais localizados de norte a sul do país.

Quanto às alterações ao programa do Vistos Gold considera que não sejam tão agressivas como inicialmente se previa, no entanto, é impossível não entender as vantagens de termos bons programas de atração de investimento estrangeiro.

Apesar do número de transações de M&A em Portugal ter sofrido um ligeiro decréscimo em 2020, quais foram os grandes negócios realizados e qual o volume de investimento que movimentou?

Estivemos envolvidos em várias transacções que importaram valores compreendidos entre os 700.000 a 2.500.000 de euros. No entanto, no final do ano, estivemos envolvidos numa transacção de algumas dezenas de milhões de euros.

De que forma Portugal pode continuar atractivo para investimento estrangeiro?

Embora as alterações aprovadas no que respeita aos Golden Visa não seja tão agressiva como inicialmente se previa, a verdade é que são este tipo de iniciativas que nos preocupam.

Sem dogmas e sem qualquer populismo associado, é impossível não entender as vantagens de termos bons programas de atração de investimento estrangeiro. Não há dúvida de que o programa baseado nos Golden Visa tem sido um enorme sucesso ao longo dos últimos cinco anos. O investimento feito na economia portuguesa foi absolutamente crítico para a recuperação da nossa economia. Não podemos ver apenas o investimento directo no imobiliário. É toda a economia circundante. Naturalmente que para que conseguíssemos reabilitar e construir os milhares de m2, foram criados milhares de postos de trabalhos, existiram milhares de empresas que recuperaram de uma situação de pré-insolvência para a solvabilidade. Em termos de segurança, com excepção de situações absolutamente casuísticas, não tivemos qualquer tipo de situação preocupante.

Entendo por isso, que os programas baseados numa troca de vantagens para os investidores e para Portugal, deverá manter-se. Programas como o Residente Não Habitual, Golden Visa, são muitíssimo importantes.

Que investidores continuam interessados em imobiliário português? e que activos procuram?

O que temos assistido é que cada vez mais existem promotores de maior dimensão interessados no mercado imobiliário. É evidente que Lisboa, centro histórico, está saturada e não existe muito mais prédios para reabilitar. Temos assistido, por isso, a projectos de maior dimensão destinados a todo o tipo de classes sociais e localizados de norte a sul do país.

Isto demonstra que existe uma visão de investimento a longo prazo que não pode ser destruída com alterações legislativas que frustram as expectativas dos investidores que acreditam e acreditaram em Portugal.

Como o mercado imobiliário irá se comportar este ano? Já existem negócios de M&A em pipeline?

O ano arrancou com algumas transacções já concluídas e mantemo-nos optimistas com as oportunidades que se encontram em carteira. Para já, não estamos a sentir nenhuma retracção neste mercado.

Que desafios e dificuldades encontra para este ano?

Penso que as mesmas que no ano passado. Tem sido muito difícil evitar o sentimento de imprevisibilidade que vivemos. O período de incerteza provocado pelas permanentes medidas que têm vindo a ser impostas, por consequência do combate à Covid-19, tornam muito difícil estabelecer uma estratégia construída nos modelos clássicos.

Apesar de termos de nos basear em números e premissas concretas, não escondo que existe uma grande parte de intuição à mistura. A cada momento, tentamos adivinhar para onde vai o mercado, o que vai acontecer às empresas, etc...

De que forma o adiamento para 1 de Janeiro de 2022 da entrada em vigor das alterações ao programa dos Vistos Gold pode beneficiar o mercado este ano?

Como referi anteriormente, apesar de não ser tão mau como se pensava, acaba por dar um sinal de que está tudo para acabar. Por um lado, temos por certo que tal será aproveitado do ponto de vista de divulgação para que os investidores não percam esta “última” oportunidade por outro, faz com que estes mesmos investidores comecem já a estudar e procurar alternativas.

Em que segmento irão surgir as maiores oportunidades de negócio?

Os nossos clientes continuam muito focados no mercado residencial.