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Compradores frustrados com o aumento rápido dos preços

26 de janeiro de 2018

A poucos dias da Convenção 2018 da Century 21, Ricardo Sousa, CEO da rede em Portugal, revela que em 2018 o número de transações vai continuar a subir mas será também um ano onde se tornará cada vez mais evidente a falta de oferta ajustada ao poder de compra dos portugueses.

São esperados mais de 1800 profissionais imobiliários da Century 21, entre os dias 31 de Janeiro a 3 de Fevereiro de 2018, no Pavilhão Carlos Lopes, em Lisboa. O responsável avança com algumas informações sobre o evento e ainda analisa o mercado imobiliário português.

O que espera para esta convenção 2018? Que novidades são apresentadas?

Este evento é sempre um momento muito marcante para a nossa rede, e este ano é ainda mais especial porque vamos contar com a presença do presidente da CENTURY 21 Internacional, o mais jovem presidente da história da marca. O Nick tem uma sólida experiência na mediação imobiliária e em novas tecnologias, e irá apresentar e debater os desafios do sector imobiliário. Iremos também anunciar novas soluções tecnológicas para os nossos consultores imobiliários. Vamos ainda contar com a presença do TOP 3 dos consultores imobiliários dos vários países da Europa, que serão reconhecidos em Lisboa, o que será uma fantástica oportunidade para promover o nosso País e potenciar oportunidades de negócio. 

Qual balanço do mercado imobiliário de 2017? O que marcou a mediação?

É inquestionável que o mercado imobiliário está a registar um bom momento. O ano de 2017 foi, sobretudo, marcado pela escassez de oferta ajustada ao poder de compra dos portugueses, e pela confirmação do forte dinamismo dos segmentos médio e médio baixo, na procura residencial. A mediação imobiliária fica marcada, como é habitual, pelo crescimento do mercado, pelo aumento do número de mediadoras e redes, bem como pela tentativa de entrada no mercado português de imobiliárias digitais, que acabaram por descontinuar as suas operações.

O que é ainda necessário para dinamizar mais o mercado?

Enquanto profissionais do sector imobiliário, deparamo-nos, diariamente, com inúmeras questões que estão a condicionar o acesso dos portugueses a soluções de habitação, em linha com as suas necessidades e reais capacidades financeiras. E este nível de desfasamento, entre a oferta e a procura de soluções habitacionais, quer para aquisição, quer para arrendamento, é um dos aspectos que mais temos vindo a debater e salientar, nos últimos anos. Tendo em conta os actuais desafios do sector imobiliário, consideramos que a Nova Geração de Políticas de Habitação apresenta um foco acertado e é um bom ponto de partida. Porém, mais que as medidas e políticas previstas, destaco três dos princípios orientadores que, na nossa opinião, são fundamentais: passar de uma política centrada nas casas, para uma política que coloque no seu centro as pessoas; de uma política sectorial para um modelo de governação integrado e participativo; adoptar medidas com base em informação e conhecimento partilhado.

Contudo, acreditamos que a principal responsabilidade é dos operadores privados, que devem saber interpretar as tendências e necessidades do mercado e dos consumidores, para potenciar as oportunidades que o sector oferece, em cada momento. Consideramos que estas políticas podem ser o elemento catalisador de uma nova estratégia de desenvolvimento para o sector imobiliário. Falta agora unir os pontos para que esta Nova Geração de Políticas de Habitação possa criar uma estratégia integrada, que permita fazer das cidades portuguesas a casa dos cidadãos nacionais e de todos os cidadãos do mundo, que já perceberam as mais-valias de viver no nosso país. E este é o momento de agir.

A subida dos preços está a assustar os portugueses e até se fala numa bolha imobiliária? Qual a sua opinião sobre isso?

Existem vários mercados e diferentes realidades neste sector em Portugal, mas não há uma bolha imobiliária. Existem algumas áreas no país onde a concentração da procura internacional e da oferta nos segmentos alto e de luxo, está a transformar o mercado residencial nessas zonas e, naturalmente, a pressionar o valor dos novos imóveis a serem construídos, ou reabilitados, para serem colocados nesses mercados. 

Mas é um facto indiscutível que os preços das casas estão a aumentar acima dos níveis do rendimento disponível das famílias e de forma bastante rápida, em muitos mercados. Os potenciais compradores estão frustrados com a rapidez com que os preços estão aumentar, tendo em conta a oferta existente e compatível com o orçamento dos compradores, versus o que gostariam de adquirir. O efeito negativo de não existir oferta suficiente para escolher e a limitação do poder de compra irá limitar o ritmo do aumento das transações e dos preços.

Perspectivas para 2018?

Tudo indica que 2018 será um bom ano para o sector imobiliário, com o número de transações a continuar a subir, em particular nas periferias, nos segmentos médio e médio baixo, bem como na construção nova. Este será também um ano onde se tornará cada vez mais evidente a falta de oferta ajustada ao poder de compra dos portugueses, o que implicará a migração de mais famílias para as periferias, onde encontram melhores opções de habitação, ajustadas às suas capacidades económicas. A oferta de produto direcionada para estudantes também está, e continuará, muito activa, com as soluções de coliving e de crowdfunding imobiliário a ganharem cada vez maior expressão.