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EastBanc está em Portugal para ficar e continuar a revitalizar Lisboa

9 de outubro de 2020

Quando ainda ninguém dava importância ao potencial do Centro histórico da cidade, surgiu em 2005 Anthony Lanier, conhecido como o americano que chegou a Portugal para comprar os palácios e palacetes no Príncipe Real, requalificá-los e transformar aquele local num bairro de charme. Um visionário que acabou por atravessar uma das maiores crises do país e não desistiu, nem abandonou o ‘barco’. Continuou o seu projecto com algumas adaptações ao mercado.

Apesar de ser conhecido como o americano, na verdade é de origem austríaca nascido no Brasil, contudo, o seu coração bate também com emoção pelo nosso país, sobretudo por Lisboa. A razão é simples, desde jovem que visitava Portugal e acabou por casar com uma portuguesa. O facto de sentir também como seu este país, foi uma das razões de em 2005 decidir investir em imobiliário português e trazer um conceito inovador para a capital.

A zona escolhida foi o Príncipe Real e Lanier apostou na compra de Palácios e Palacetes para dar-lhes nova vida. Actualmente é visível a sua transformação, é um bairro que espalha charme, elegância e um novo lifestyle. Seja através da Embaixada ou do Entre Tanto, não faltam motivos de orgulho para Lanier e a Eastbanc Portugal que investiu no património, projectos, reabilitação e na dinamização da zona.

Tiago Eiró, é neste momento o director geral da EastBanc em Portugal e em entrevista ao Diário Imobiliário revela como foi o desafio de reabilitar o Palácio Faria, um projecto residencial com a assinatura do arquitecto português Eduardo Souto de Moura, em pleno bairro do Príncipe Real e ainda a estratégia da empresa para o futuro. Para este responsável, mesmo com uma pandemia, a EastBanc está para ficar.

Como a EastBanc vê este momento que se está a viver com a pandemia eque consequências poderá ter no sector imobiliário e nos seus produtos?

Entre os desafios globais colocados por esta pandemia destacamos a redução da actividade turística, que terá um impacto forte, embora temporário, principalmente nos sectores da hotelaria, retalho e lazer, incluindo o arrendamento de curta duração; e a alteração de alguns paradigmas como a forma como trabalhamos ou fazemos compras, que têm implicações na utilização do imobiliário.

Sentimos, por exemplo, que alguns dos nossos lojistas, e inquilinos em geral, foram bastante impactados por esta situação. Por isso, desde o primeiro momento, e de forma proactiva, temos estado ao lado dos nossos inquilinos para os ajudar a minimizar o impacto da situação provocada pela pandemia – procurando soluções que permitissem a continuidade da maior parte dos seus negócios. Por outro lado, fizemos um investimento em equipamentos de segurança e higiene, formação e reforço de limpeza aquando da reabertura de todos os espaços dos nossos inquilinos, em especial da galeria conceptual EmbaiXada, em junho, para garantir que estes fossem espaços seguros para quem ali trabalha e para quem os utiliza ou visita.

Mas como em qualquer crise, temos de olhar também para as oportunidades: a alteração dos nossos hábitos com consequências numa maior qualidade de vida e numa melhor saúde; uma correcção mais rápida do desequilíbrio entre oferta e procura na habitação e nos escritórios de qualidade nos centros das cidades; ou uma maior digitalização e até uma “desburocratização” dos processos no sector imobiliário – como é o caso dos licenciamentos de projectos, que esperamos que traga uma redução dos tempos de aprovação tão importante para os promotores do sector.   

Também temos vindo a sentir nos últimos meses que há um certo florescimento no sentimento bairrista – a pandemia obrigou-nos a viver mais o comércio de bairro e de proximidade. Acreditamos que esta tendência se irá manter e até intensificar porque as pessoas procuram alternativas seguras e de proximidade.

Relativamente aos nossos projectos, felizmente, continuaram todos em curso, seja na fase de obra, licenciamento ou em estudo. E continuamos também a estudar novos investimentos.

Como correram as obras do Palácio Faria e as vendas? Qual o próximo projecto da EastBanc a arrancar?

O projecto de recuperação deste palácio foi uma obra única. O valor arquitectónico do edifício era per si já muito elevado e, por isso, a intervenção foi feita respeitando a morfologia e todas as características arquitectónicas do Palácio, o que aportou um investimento significativo para conseguir respeitar ao máximo os elevados critérios de reabilitação. Pelas palavras do Arquitecto Eduardo Souto Moura, o Palácio Faria “representa um elemento afectivo de um colectivo que é a cidade” e é assim que se enquadra.

A fase de projecto desta intervenção decorreu entre 2014 e 2016 e a sua reabilitação entre 2016 e 2019. No entanto, este projecto integra uma história mais vasta que soma mais de 130 anos de um dos mais emblemáticos edifícios da cidade de Lisboa.

O projecto é composto por seis apartamentos (T3 a T5+1), com área bruta de construção entre 220 e 400 m2 e podemos dizer que a fase final de comercialização está a decorrer a muito bom ritmo, dado que já temos a maior parte dos apartamentos vendidos.

O Palácio Faria foi o último grande projecto da EastBanc, no segmento residencial, mas temos em fase de licenciamento e em fase avançada de desenho vários outros projectos residenciais em Lisboa.

Estamos bastante orgulhosos que, de entre quase 40 projectos em Portugal, o Palácio Faria tenha sido distinguido com o Prémio Nacional de Reabilitação Urbana de 2020, para o sector residencial. De facto, este prémio atesta a qualidade do projecto e é o reconhecimento o excelente trabalho que toda a equipa da EastBanc e dos nossos parceiros aqui desenvolveu.

Há 20 anos a EastBanc tinha como objectivo criar um bairro design e friendly e de vivência dos seus moradores. Um sonho de Anthony Lanier que se tornou realidade, até pela dinâmica dos restaurantes e actividades ali criadas e promovidas, inclusive muitas de iniciativa da empresa. Contudo, os projectos imobiliários, tirando o Palácio Faria, têm ficado parados, não aproveitando o momento de dinâmica do mercado que se tem vivido nos últimos anos. A que se deve essa paragem?

A EastBanc investe há cerca de 20 anos em Portugal e, até ao momento, já adquiriu cerca de 20 edifícios, entre eles o Palacete Ribeiro da Cunha (actual EmbaiXada) ou o Palacete Faria, bem como outros palácios do bairro do Príncipe Real, na sua maioria edifícios históricos e exclusivos, sendo um dos principais promotores urbanos no mercado português na área da revitalização urbana.

De facto, grande parte deste investimento foi realizado até ao ano de 2006. Na altura da crise de 2008, a velocidade de investimento desacelerou e focámo-nos, por isso,  em desenhar e licenciar as reabilitações já previstas, efectuando apenas as obras urgentes e ligeiras de modo a atravessar estes anos de maior incerteza. O foco da EastBanc foi colocado então na utilização possível dos seus imóveis para arrendamento e criação de conceitos únicos, como foi o caso da EmbaiXada, e dessa forma contribuir para a revitalização do bairro e na economia em geral.

Nos últimos anos, foi retomado o projecto de reabilitação dos vários edifícios previstos, sendo exemplo dos projectos já executados ou em curso o Palácio Faria, já referido, ou o Alegria 1, em fase de obra actualmente.    

Queremos continuar a apostar na criação de valor intemporal para os ativos do nosso portefólio – através do desenvolvimento de soluções únicas, criativas e inovadoras para um segmento prime ao nível de hotelaria, residencial, escritórios e retalho.  

Como ficou o projecto na rua da Alegria que trouxe complicações iniciais?

No nosso projecto da Rua da Alegria, junto ao Jardim Botânico, temos previsto o aproveitamento da antiga ruina existente e a construção de 33 apartamentos para arrendamento de longa duração, que vem reforçar esta nossa estratégia de longo-prazo.

A obra deste projecto está em curso. No entanto, está em fase de licenciamento um projecto de alterações que decorreu da necessidade de adaptar o nosso projecto inicial ao plano da Câmara Municipal de Lisboa em fazer passar o acesso pedonal que irá ligar a Avenida da Liberdade ao Príncipe Real pelo nosso edifício, devido à sua localização na parte superior do Parque Mayer.

A Eastbanc tinha também como objectivo entrar no mercado de escritórios com um projecto na Avenida da Liberdade. Como se encontra esse projecto? A aposta em escritórios mantém-se?

O projecto Alegria 1 está em fase avançada de construção, a obra começou em Outubro de 2019 estando prevista a sua conclusão para o 3º trimestre de 2021. Anunciaremos mais detalhes sobre este projecto em breve.

É um edifício que está excepcionalmente bem localizado, na esquina entre a Avenida da Liberdade e a Praça da Alegria, e muito próximo de outros pontos de referência marcantes como os Restauradores ou o Parque Mayer, e sobre o eixo de acesso ao Príncipe Real, através da Rua da Alegria.

Com uma área de construção total de cerca de 2.500 m2, o edifício conta com seis pisos e terá 1.500 m2 de escritórios e uma loja única de 400 m2 no piso térreo e com pé direito duplo. A fracção de escritórios é composta por pisos totalmente livres de pilares e tem a possibilidade de se poderem individualizar cada piso se a procura de mercado assim o justificar, tornando-o muito flexível às variações de mercado e aos novos requisitos dos espaços de trabalho nesta fase de pós-pandemia.

Qual a estratégia e a linha de actuação futura da Eastbanc?

A EastBanc está em Portugal para ficar e continuar a revitalizar Lisboa. A nossa estratégia de longo prazo passa pelo desenvolvimento contínuo dos nossos ativos e por aquisições adicionais no nosso bairro de eleição, o Príncipe Real, bem como pelo investimento em activos de rendimento, preferencialmente edifícios de escritório, e o desenvolvimento de projectos de uso misto e com maior escala em Lisboa.

Temos uma abordagem global para um projecto local inovador – um dos grandes focos da EastBanc é a realização de projectos de revitalização urbana com impacto positivo nas áreas envolventes e a dinamização do comércio de rua em estreita cooperação com a comunidade local.

Em termos práticos, queremos avançar com os projetos que temos em fase de licenciamento no Príncipe Real e estamos a procurar levar este know how de revitalizadores a outros zonas da cidade.