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Choque das taxas de juro deverá atingir famílias e empresas no primeiro semestre de 2023

7 de dezembro de 2022

A subida generalizada dos preços levou os bancos centrais a atuarem. Na Zona Euro, o Banco Central Europeu (BCE) tem vindo a subir as taxas de juro de referência. Este aumento da taxa diretora tem elevado os custos de financiamento e gerado restrições nos balanços, o que se tem traduzido em critérios mais rigorosos para a concessão de crédito a famílias e empresas no terceiro trimestre deste ano. Os especialistas da Allianz Trade, accionista da COSEC – Companha de Seguro de Créditos –, no estudo Europe: How big will the interest rate shock be in 2023? admitem que os critérios para a atribuição de crédito no bloco da moeda única sejam ainda mais rigorosos neste quarto trimestre, o que terá efeitos sobre as famílias e empresas nos próximos meses.

Para as famílias, incluindo as portuguesas, o choque das taxas de juro deverá estar a aproximar-se, podendo mesmo materializar-se no próximo ano. Os especialistas da líder mundial de seguro de créditos estimam que o pico da taxa de juro de referência na Zona Euro seja alcançado no primeiro trimestre de 2023. Nesse sentido, estimam que o período médio de passagem da taxa de juro de referência para as taxas bancárias, no caso de Portugal, deva ocorrer no segundo trimestre de 2023, à semelhança das projecções para Espanha e Itália. No caso da economia alemã e francesa, as previsões apontam que esta transmissão só deverá acontecer no terceiro trimestre do próximo ano.

O aumento das taxas de juro deverá levar as famílias a perder poder de compra. No entanto, os economistas da accionista da COSEC admitem que as poupanças obtidas durante a pandemia podem ajudar a compensar parte dos efeitos que a escalada dos juros vão ter no orçamento das famílias da área do euro.

"Num contexto de subida das taxas de juro e de agravamento das perspetivas económicas, a dinâmica favorável de crédito na Zona Euro não deverá durar muito mais tempo. Como mostram os dados do BCE, depois de um ano de estabilização dos padrões de empréstimo, os bancos tornaram-se significativamente mais avessos ao risco. É possível que os padrões de crédito se tornem mais restritivos à medida que os bancos diminuem a sua tolerância ao risco", afirma Ana Boata, Head of Economic Research da Allianz Trade.

Empresas com quebras nas margens

A Allianz Trade estima uma subida das taxas de juro para as empresas também no primeiro semestre do próximo ano. As previsões da accionista da COSEC sugerem que a dívida das empresas não financeiras deverá escalar para novos recordes em termos absolutos e um aperto global das condições financeiras. Estes dois efeitos deverão intensificar as despesas com juros e aumentar os custos das empresas.

A continuação da subida das taxas de juro de referência vai aumentar os juros que as empresas pagam para se financiar, levando a uma diminuição das margens de lucro das empresas. Entre as principais economias do euro, a Itália, Espanha e França são os países em maior risco de enfrentarem este cenário.