Batch: Startup portuguesa agarrou o 'boom' do 'e-commerce' e transformou-o num negócio de sucesso na logística
Com a pandemia descobriu-se a 'magia' das compras online mas também se percebeu que as entregas não eram fáceis nem céleres, foi assim que nasceu a Batch que efectua uma integração com o e-commerce do retalhista.
A Batch é uma startup 100% portuguesa, nasceu em Janeiro de 2021 e tem como investidores a Power Dot (a maior operadora portuguesa na Europa a nível de carregadores para veículos eléctricos) e um dos maiores family offices presentes em território nacional no que diz respeito a renováveis, imobiliário e lifestyle.
Esta empresa é especializada em assegurar entregas rápidas — 2 horas e same day — em todo o país (inclui ilhas), indo ao encontro das necessidades do consumidor online actual, o qual quer experienciar quase de imediato o que comprou: click to door.
O objectivo da Batch é ser o braço-direito das empresas e "tirar o pó" à logística, tornando-a num serviço digitalizado, rápido, simples, eficiente, ecológico e zero burocrático.Na prática, a Batch, ao libertar as marcas desse peso, permite que as mesmas se concentrem no seu negócio, sendo a única empresa da área em Portugal que em uma plataforma que é integrada de forma rápida (10 minutos) no site de e-commerce de uma marca. Oferece serviço 360º: desde o armazenamento (storage) na dark store de Alvalade (vai ter outra no Porto em 2023, pois o mercado está consolidado) até à entrega (delivery). Funciona como white label da logística, personalizando vários serviços com o logo e com as cores de cada marca, dando ao consumidor a sensação de que tudo foi tratado pela mesma, incluindo a entrega (a marca não morre no fim da compra, mas sobrevive/prolonga-se no tempo e no espaço). Conta com avaliações de quase 5 estrelas por parte dos consumidores (quem recebe as encomendas) e com taxa de retenção de clientes (marcas) de quase 100%.
Pedro Vasconcelos, CEO da Batch em entrevista ao Diário Imobiiário admite que que a pandemia deu o empurrão ao e-commerce e se o e-commerce cresce, claro que a logística aplicada ao mesmo também tem espaço para crescer. Mas para o resposnável, mais do que crescer, o importante é saber estar na linha da frente com as melhores soluções.
Será ousado perguntar se a Batch quer ser a Uber das entregas de todas as lojas e produtos?
A Batch não é, nem quer ser, a Uber das entregas não-alimentares, pois o consumidor não entra directamente em contacto connosco para lhe irmos entregar uma encomenda em duas horas, no próprio dia ou no dia seguinte. Nós efectuamos uma integração com o e-commerce do retalhista e, quando a pessoa compra algo nesse site, a Batch surge então como opção para entregas rápidas. Contudo, o nosso trabalho não se resume a velocidade. As marcas já perceberam que um bom last-mile é fundamental para fidelizar o cliente. Por isso, a Batch passou a disponibilizar muitos outros serviços, nomeadamente aqueles que mais ajudam a aumentar as vendas online: devoluções simples (em apenas três cliques) e trackingem tempo real pelo WhatsApp (com taxas de erro de entregas à primeira tentativa de 0,5%). Na prática, o que estamos a fazer é trazer valor à marca e simultaneamente ao consumidor, na medida em que a nossa operação assenta no binómio: economia de tempo e de problemas.
Como surgiu a ideia?
A ideia surgiu em plena pandemia, mais propriamente no Verão de 2020. Apesar de as lojas físicas estarem encerradas, a verdade é que as pessoas tinham necessidade e desejo de consumir produtos das mais variadas áreas. O e-commerce tornou-se, assim, o único intermediário possível para cumprir vontades. Porém, havia um problema evidente: o consumidor não estava disposto a esperar dias a fio para receber as encomendas. Ele queria — até por causa da situação de confinamento obrigatório — mimetizar a experiência da loja real; ou seja, pretendia ter a ilusão de ter ido à rua comprar um livro e duas horas depois estar a lê-lo. Com este cenário de pano de fundo, enviei e-mails a alguns retalhistas para perceber se teriam interesse em novas opções de entrega. Comecei a receber respostas positivas, pois para algumas marcas esta era a única forma de sobreviverem. Em Janeiro de 2021, iniciámos o projecto com entregas em duas horas, efectuando as recolhas nas lojas (só após três meses é que abrimos uma dark store em Lisboa). Mais tarde, introduzimos as opções de entregas “no próprio dia” e “no dia seguinte” e, posteriormente, os envios para a Europa.
Quais os produtos que mais se vendem online?
Segundo um estudo sobre E-commerce & Last-Mile que a Deloitte divulgou agora em maio, 62% das empresas em Portugal tem presença online — website ou redes sociais —, mas só 16% aproveita estas plataformas como canal para gerar negócio. Portanto, o peso estimado decorrente destas vendas é assim de 23%, sendo os sectores do “vestuário e moda”, “electrónica” e “beleza, higiene pessoal e doméstica” as categorias com maior volume de compras na internet em 2022. E se as compras apresentam estes números, podemos adiantar que as entregas da Batch também estão completamente alinhadas com estes dados.
Com o incremento do comércio online até onde pretendem chegar?
Para a maioria dos retalhistas que operam com e-commerce, a logística é uma área tratada internamente de forma secundária, na medida em que não é o coredo negócio. No entanto, as marcas já perceberam que uma boa experiência de pós-venda incentiva à conversão. Segundo um estudo recente da Capgemini, 74% dos clientes satisfeitos aumenta gastos online e 82% partilha a experiência com amigos e familiares. Portanto, a ambição da Batch é ser o departamento externo de logística das marcas, pondo ao seu serviço o seu know-how diferenciado e tecnologia exclusiva. Ao assegurar com profissionalismo algo que tradicionalmente é tratado de forma amadora, estamos a ajudar a criar uma imagem mais positiva da marca e também a incentivar à compra, os dois objectivos supremos de qualquer retalhista.
Os portugueses que têm alguma resistência à mudança acabaram por alterar os seus hábitos de consumo e a renderem-se ao comércio online? A pandemia ajudou nesse processo?
A pandemia deu o “empurrou” que faltava a uma tendência que já se vinha a vislumbrar, pois o e-commerce garante muitas vantagens: conforto, disponibilidade, conveniência e variedade de produtos. Para termos noção da evolução das vendas, volto a citar dados do estudo da Deloitte: mais de metade dos utilizadores portugueses de internet (53,4%) efectuou compras online em 2022, o que representa um aumento de seis pontos percentuais em relação ao período pré-pandémico, prevendo esta consultora que o número suba para 56,8% em 2025. A nível de receitas, este relatório indica ainda que as mesmas têm vindo a aumentar desde 2017, referindo que o mercado português de e-commerce deverá chegar aos 7130 milhões de euros até ao final de 2023 e atingir os 9300 milhões de euros até 2025. Portanto, os números são claros: comprar online é a realidade irreversível e não uma necessidade da covid-19.
Que inovações a Batch traz a este mercado?
Batch e inovação são sinónimos. Primeiro porque criamos conceitos originais e, segundo, porque desenvolvemos tecnologia única e in-house, o que nos permite construir tudo de acordo com as nossas necessidades e objetivos. Vou dar um exemplo de algo que nos distingue. A Batch disponibiliza o serviço white label de logística. Na prática, nós personalizamos encomendas em escala a nível de: tracking, devoluções, reclamações e embalamentos com o logo, com as cores e com os materiais de cada marca. Isto significa que o consumidor vai ter a ilusão de que foi o retalhista a quem comprou que está a tratar de tudo, sentindo-se por isso especial por todo este acompanhamento prestado. Ao anular a marca Batch do processo de logística, a marca cliente sobrevive no tempo e no espaço, o que é excelente para intensificar a relação com quem compra e para potenciar novas vendas.
A inflação tem trazido consequências ao negócio?
Nenhuma empresa é imune aos factores macroeconómicos, como é o caso da inflação. Portanto, sim, com este contexto de inflação, a Batch foi obrigada a rever em baixa as metas que previstas para 2023. Contudo, felizmente, desde janeiro que todos os meses estamos a crescer acima das expectativas, o que significa que estamos a seguir o caminho certo. O segredo deste sucesso reside sobretudo em três factores-chave. Primeiro, porque vários clientes reinventaram o seu negócio para fazer frente à crise, estando a ter ótimos resultados com as mudanças implementadas. Segundo lugar, porque muitas marcas estão a surgir apenas no online e sem presença de loja física. Em terceiro, porque a Batch também não para de inovar, tentando sempre apresentar serviços novos ou versões mais atualizadas dos já disponíveis. O objectivo é ir sempre ao encontro das necessidades dos retalhistas e dos consumidores, algo que temos conseguido, dado que contamos com uma taxa de retenção de marcas de quase 100% e com avaliações do cliente final a rondarem as 5 estrelas. Por isso, estamos muito contentes com a nossa prestação nestes primeiros seis meses.
Como vê o futuro da logística em Portugal?
Recuperando novamente o estudo da Deloitte, 64% dos portugueses tem intenção de realizar compras online no futuro e 71% escolheria esta opção em vez de uma deslocação à loja. Portanto, se o e-commerce cresce, claro que a logística aplicada ao mesmo também tem espaço para crescer. Mas, mais do que crescer, o importante é, repito, saber estar na linha da frente com as melhores soluções. O consumidor 2.0. está cada vez mais exigente, sobretudo do ponto de vista ético, ecológico e tecnológico. Como tal, esta realidade tem de se ver refletida nos serviços. Por isso, a Batch pretende até ao final deste ano tornar todas as operações mais amigas do ambiente, nomeadamente através de embalamentos com materiais sustentáveis e disponibilizando a opção de entregas eco (viaturas elétricas, bicicleta, trotineta ou a pé), sabendo a pessoa no final quanto CO2 ajudou a economizar. Além disso, também consta dos nossos planos efectuar a curto prazo entregas com drones e explorar as potencialidades da inteligência artificial para, por exemplo, automatizar processos e trabalhar big data. Em suma: tudo o que acrescentar valor ao retalhista e ao consumidor, nós vamos ter seguramente sempre como oferta.