
Arquitecto Rafael Sousa Santos vence Prémio Fernando Távora
O arquitecto Rafael Sousa Santos venceu a 21.ª edição do Prémio Fernando Távora, com a proposta “Arquitectura da Pequena Pesca”, um projecto que defende que a arquitectura das comunidades piscatórias de pequena escala tem sido secundarizada, foi hoje anunciado.
Em comunicado, a Secção Regional do Norte da Ordem dos Arquitectos, promotora do prémio em parceria com a Câmara de Matosinhos, a Casa da Arquitectura e a Fundação Marques da Silva, refere que o júri deliberou, por maioria, atribuir o prémio à proposta de Rafael Sousa Santos, arquitecto e investigador doutorado pela Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, integrado no Centro de Estudos de Arquitectura e Urbanismo.
O prémio anual consiste numa bolsa de viagem de seis mil euros e foi atribuído por um júri composto pelo arqueólogo e historiador Joel Cleto e pelos arquitectos Andrea Soutinho, Miguel Judas e Michele Cannatà, assim como por João Moura Martins, em representação da família de Fernando Távora.
Segundo o júri, Rafael Sousa Santos propõe "um viagem e investigação [para] documentar e valorizar a dimensão arquitectónica e espacial das comunidades piscatórias de pequena escala ao longo da costa portuguesa".
"Um sector em declínio e muitas vezes desvalorizado face à pesca industrial, a pequena pesca é vital para o emprego, para a ecologia marinha — devido aos seus métodos mais selectivos — e para a coesão social em Portugal".
“A proposta defende que a arquitectura destas comunidades tem sido secundarizada, mas é fundamental para entender a sua relação com o mar e para a sua salvaguarda”, refere o comunicado, acrescentando que “o projecto prevê a realização de um levantamento nacional da ‘arquitectura da pequena pesca’, actualmente inexistente em Portugal”.
Tendo por base o “mapeamento inicial de 80 portos marítimos, dos seus assentamentos costeiros e das respetivas áreas de atuação marítima, é sugerida a selecção de cinco casos de estudo, um por região costeira (Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve), para uma caracterização espacial aprofundada.”
O arquiteto vai receber uma bolsa de viagem no valor de seis mil euros para concretizar a proposta.
Entre 2021 e 2022, Rafael Sousa Santos foi investigador visitante no Politecnico di Milano, onde colaborou em duas unidades curriculares de projecto do mestrado em Arquitectura.
Em 2022, foi investigador visitante no Massachusetts Institute of Technology, como bolseiro Fulbright.
O arquitecto tem participado como revisor e orador convidado em diversas instituições, como a Università degli Studi di Palermo, a Università degli Studi Gabriele d’Annunzio di Pescara, o Politecnico di Milano, a École Nationale d’Architecture de Marrakech, a Chinese University of Hong Kong e o Massachusetts Institute of Technology.
O prémio
O Prémio Fernando Távora, lançado em 2005, surge como uma homenagem ao arquitecto que lhe dá o nome, figura-chave na chamada Escola do Porto, tendo influenciado sucessivas gerações de arquitectos.