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Renaturalização de ribeira em Loulé, primeiro passo para novo Parque Verde

 

Renaturalização de ribeira em Loulé, primeiro passo para novo Parque Verde

 

Renaturalização de ribeira em Loulé, primeiro passo para novo Parque Verde

 

Renaturalização de ribeira em Loulé, primeiro passo para novo Parque Verde

 

Renaturalização de ribeira em Loulé, primeiro passo para novo Parque Verde

 

Renaturalização de ribeira em Loulé, primeiro passo para novo Parque Verde

25 de janeiro de 2021

A ribeira do Cadoiço, em Loulé, no Algarve, foi alvo de um processo de renaturalização considerado um primeiro passo para a criação de um parque urbano e agrícola, e um futuro corredor verde entre Loulé e Quarteira.

Cadoiço Vivo, que agora foi concluído, é o projecto liderado pela associação Almargem, apoiado pela Câmara Municipal de Loulé (distrito de Faro) e financiado pelo Fundo Ambiental com o intuito de retirar espécies invasoras, plantar vegetação autóctone, instalar abrigos para aves, insectos e morcegos, assim como estabilizar as margens da ribeira através da chamada engenharia natural.

“Introduzimos várias espécies que sabemos que são adequadas, não só para a renaturalização da ribeira, para que tenhamos aqui natureza nativa de Portugal, mas também para estabilizar as margens da ribeira”, revela o coordenador do projecto.

 

Um hotel para insectos...

É junto num terreno adjacente à ribeira, recentemente adquirido pelo município, que André Pinheiro assume que foi necessária uma atenção especial aos trabalhos, já que o curso de água “está muito perto de vivendas” e houve a necessidade de impedir que as margens “começassem a fraquejar” pelas espécies que foram removidas.

Para isso, foram usadas técnicas de engenharia natural procurando combinar a utilização de plantas e árvores com outros materiais construtivos, de modo a consolidar zonas instáveis e encostas, e prevenir a erosão.

As intervenções são visíveis ao longo de 800 metros do percurso da ribeira, desde a cascata junto a uma bomba de gasolina na saída sul da cidade – onde o curso de água sai de um percurso subterrâneo - até à zona da Parrela.

O espaço adjacente à ponte dos Álamos é dos mais notórios, com um reforço das margens com pedras e troncos de árvores cortadas na intervenção, plantação de espécies vegetais e até a instalação de um hotel de insectos, estrutura que desperta a curiosidade de quem por lá passa.

 

Mobilizar as crianças e as escolas

A colocação deste tipo de abrigos, assim como de caixas-ninho para aves e morcegos em “zonas estratégicas”, serve para “dar um pouco mais de força às espécies de fauna que é suposto existirem na ribeira”, mas a instalação tem também uma vertente de educação ambiental, aponta o biólogo.

“Para que as crianças percebam a importância de proteger a diversidade animal, visitando as zonas que foram reabilitadas e acompanhando a sua evolução nos próximos meses, que esperamos que seja bastante rápida”, comenta.

André Pinheiro destaca que a ribeira, apesar de “muito pouco conhecida, mesmo por louletanos”, é vital para fauna e flora, já que “tem sempre água” em momentos em que outras ribeiras podem secar completamente, sendo o local para onde muitas espécies “vão acabar por convergir e conseguir prosperar”.

 

Um passo para a criação do Parque Urbano e Agrícola de Loulé

A ribeira atravessa uma zona historicamente agrícola que durante muitos anos serviu de fonte de abastecimento da cidade de Loulé e a sua renaturalização é vista pelo município como o primeiro passo para a reconciliação das duas áreas, com a criação do Parque Urbano e Agrícola de Loulé.

“A ribeira do Cadoiço é o esqueleto deste parque. É a ribeira que vai desaguar nas zonas húmidas que pretendemos classificar como áreas protegidas”, afirma a vereadora do Urbanismo.

Heloísa Madeira refere-se à classificação das zonas húmidas do Almargem-Trafal como paisagem protegida local, situadas a quase 10 quilómetros mais a sul, em Quarteira, e que a autarquia pretende ligar ao Parque Urbano e Agrícola com a “criação de um corredor verde com 54 hectares”.

O projecto “está ainda em fase embrionária” mas a vereadora assume que irá criar condições para que os “residentes e visitantes consigam de uma forma sustentável - a pé ou de bicicleta - ir de uma cidade à outra, usufruindo de tudo o que este território pode oferecer”.

Para já, a autarquia está concentrada na criação do parque e na classificação das zonas húmidas para depois, em sede de revisão do Plano Director Municipal (PDM), criar o corredor verde.

A governante destaca, contudo, que estes projectos de recuperação só são possíveis com a “colaboração das associações ambientais, com uma grande participação dos cidadãos”.

Heloísa Madeira afirma ser “essencial envolver a comunidade escolar” nestes projectos, trazendo os alunos e a escola, “mostrando-lhes o território que muitas vezes lhes é desconhecido”.

No processo de renaturalização foram removidas 40 toneladas de espécies de plantas invasoras e plantados 100 árvores e arbustos nativos. Foram colocados 13 abrigos para morcegos, 30 caixas-ninho para aves e ainda quatro hotéis para insectos.

 

Um parque há anos adiado

O projecto do Parque Urbano e Agrícola foi aprovado em 2015, mas só em Setembro do ano passado foi dado o primeiro passo para a criação do Parque Urbano e Agrícola de Loulé, na encosta sul da cidade, com a adjudicação da obra referente à construção dos caminhos públicos.

O projecto assenta na criação de um espaço verde na cidade de Loulé, de forma a requalificar e consolidar a paisagem urbana, e que se destina ao recreio, lazer, cultura e desporto, assim como à dinamização da actividade agrícola numa perspetiva de economia produtiva.

A intervenção situa-se, não só na rua 8 de Maio, como também na rua do Cadoiço, na rua das Cabanas, no Talvegue d’El Rei e nas ligações transversais, e tem como base estrutural elementos pré-existentes tais como percursos, engenhos hidráulicos e linhas de água, que, revitalizados, permitirão reactivar a paisagem agrícola e constituir “O Parque”.

A obra adjudicada, dividida em 3 lotes, tem um custo total estimado em 1.529.797,44 € (acrescido de IVA) e um prazo de execução de 8 meses.

Lusa/DI