Residências universitárias no Porto continuam a atrair investidores internacionais
Apresentado no início de 2018, pela Câmara Municipal do Porto, como o projecto emblemático da rede Porto Innovation District – iniciativa que reunia universidades, escolas de negócios e centros de pesquisa com o objectivo de promover a inovação e o empreendedorismo na cidade – o megaprojecto imobiliário da Round Hill Capital/MEFIC, para a antiga fábrica de curtumes da Rua do Amial, tinha tudo para dar certo.
O designado Tawny Project incluía a “construção de 1.200 acomodações para estudantes, 200 apartamentos residenciais, um hotel, zonas comerciais, espaços para escritórios, um mercado, um supermercado (o único que avançou), estacionamentos e jardins e previa a conclusão em 2020, exatamente 100 anos após a construção da fábrica de curtumes”, destacava na altura o comunicado da autarquia.
Os primeiros edifícios - destinados às residências universitárias - foram iniciados, mas a construção parou e a construtora Mota-Engil abandonou a obra, alegadamente por dificuldades de financiamento do grupo de investidores.
Dois anos depois, o projeto bandeira do Porto Innovation District continua parado e sem perspectiva de avançar tão breve, de acordo com as últimas informações confirmadas pelo Imobiliário.
De fora ficou também a oferta das mais de mil camas destinadas a suprir a lacuna das cinco a seis mil camas para estudantes internacionais, estimada em 2019.
Novos “players” entram no jogo
Diz o povo e com razão que “o mal de uns pode ser o bem de outros”, e, neste caso, a máxima pode aplicar-se ao que está a acontecer neste mercado.
Num segmento competitivo, visível sobretudo no Polo Universitário da Asprela, nesta altura os principais players tem já em funcionamento várias unidades residenciais, como é o caso da Milestone e da Temprano (as primeiras a abrir em 2019), seguindo-se, em 2020 e 2021, a U-Hub/Xior e a Valeo/Liv-Student, apenas para citar alguns dos principais, com um oferta superior às 2500 unidades residenciais.
Embora a sustentabilidade económica destes projectos esteja adiada, no minino, dois a três anos – tendo em conta os efeitos da pandemia de Covid-19 que reduziu as taxas de ocupação para 30 a 40% - e sendo já conhecido no mercado o facto de alguns dos promotores nacionais estarem a procurar vender os seus negócios no segmento das residências -, nos últimos meses foram também vários os novos operadores internacionais que anunciaram o avanço de projetos que o mercado considerava já se terem afastado da corrida. São os casos dos britânicos da Amro Partners, da Tabat Capital e, mais recentemente, dos holandeses da Promiris.
Autor: ElisabeteSoares/VI