Palácio da Independência vai ser reabilitado e receber um núcleo museológico
No coração de Lisboa, encontra-se o Palácio da Independência, um monumento histórico, classificado como MN - Monumento Nacional, situado no Largo de São Domingos junto ao Largo do Rossio em Lisbo, era, antigamente, também chamado, por isso, de Palácio do Rossio, ou de Palácio de São Domingos. Fundado em 1467, este importante património vai ser reabilitado e aberto ao público. De enorme importância histórica, a Câmara Municipal de Lisboa acaba de estabelecer um protocolo com a Sociedade Histórica da Independância de Portugal para a execução de obras no edifício, jardins, chaminés do Palácio e da Muralha Fernandina. Futuramente está também prevista a abertura de um núcleo museológico.
Para a realização desta intervenção foi seleccionada a Architect Your Home (AYH), que traz já a experiência da Recuperação do Palacio de Queluz e o Picadeiro da Escola Portuguesa de Arte Equestre - tudo projectos de restauro e recuperação do património.
Para a arquitecta Mariana Morgado Pedroso, Directora-Geral da AYH, esta é uma recuperação que visa manter o Palácio e os Jardins o máximo possível intactos - pretende-se melhorar a utilização dos espaços sem uma grande intervenção, garantir melhoramentos das infra-estruturas (que estão a precisar urgentemente de reabilitação) e por fim apostar na recuperação dos Jardins e introdução do novo Museu da História da Independência de Portugal, para expor espólio da Sociedade Histórica da Independência de Portugal.
De facto, o Palácio da Independência representa um período histórico importante na História de Portugal. Neste momento encontra-se semi-ocupado e o projecto consiste numa dinamização dos espaços existentes, criando um Museu da História da Independência de Portugal e outros programas de apoio a Fundações que ali se alojaram ao longo dos anos. O jardim a tardoz tem um troço da Muralha Fernandina não conhecido do grande público, sendo este espaço recuperado - ficando visitável grande parte do palácio e os jardins - mostrando assim um troço histórico da cidade desconhecido.
Recuperação do património é um projecto cirúrgico
Mariana Morgado Pedroso explica que um projecto de recuperação do património é um projecto cirúrgico. “Cirúrgico na medida em que o arquitecto que intervém no património tem que analisar o espaço construído, e intervir de forma a complementar o já construído e consolidado, muitas vezes limitando a sua intervenção apenas nos momentos e espaços que requerem intervenção. Na recuperação do património o gesto de quem intervém é muitas vezes invisível, e ainda bem que assim o é”.
Quanto aos desafios para a AYH neste projecto especial, a responsável assegura que este foi sem dúvida um projecto especial, “ já o começámos há cinco anos, por isso há uma relação duradoura com a Sociedade Histórica, tendo sido feito um estudo dos espaços, que obrigou a um trabalho de pesquisa e documentação demorado. A fase de projecto de Execução foi também muito desafiante, no sentido que havendo uma restrição orçamental a considerar, foi necessário entender o que era imprescindível e focar nas intervenções que seriam possíveis de efectuar dentro do orçamento”.
Intervir no património implica um conhecimento profundo do edificado
A directora da AYH assegura que intervir no património implica um conhecimento profundo do edificado, das técnicas construtivas antigas, de respeito pelos edifícios. “A formação é essencial para se ter a base teórica e conhecimento das metodologias, legislação e teoria relativa ao restauro e recuperação do edificado. Creio que um planeamento e levantamento de anomalias extensivo é factor essencial pra que corra melhora obra e controlo de custos, mas ao longo dos anos a experiência dita que tanto o arquitecto como o cliente devem ter consciência e capacidade de entender de que grande parte das questões de projecto se resolvem de facto em obra, à medida que se vai ‘descascando’ o edifício e descobrindo o que está por detrás de um reboco, sendo necessário aprovisionar um fundo para imponderáveis no orçamento de obra. Contudo excepções de edifícios singulares em que por detrás existem clientes conhecedores da área do restauro, por norma os clientes não dispõem de um orçamento para a fase de projecto que contemple este estudo exaustivo que permita identificar a maioria das situações que podem ser previstas em fase de projecto”, salienta.
Mariana admite que a experiência de outras intervenções em património histórico foi determinante. “Tendo uma formação académica especializada nesta área, tínhamos também previamente a este projecto desenvolvido recentemente o projecto de recuperação do Palácio Nacional de Queluz, com o desenho da nova cafeteria e auditório no Pavilhão Robillon e a recuperação de um picadeiro para as novas instalações da Escola Portuguesa de Arte Equestre, dois projetos de intervenção no património que influenciaram a escolha para este projecto”, conclui.